A
tragédia que aconteceu em uma escola num bairro de Suzano (essa de
video de youtube falando "Escola Suzano" já é sintoma da banalização)
merece o título de tragédia por sua profundidade, que vai além da
superficialidade dos debates políticos que estão canibalizando o
acontecimento.
Vejo vários comentários que tentam emprestar a legitimidade de áreas como a sociologia e a psicologia, mas no fim mais se afastam do que se aproximam do problema.
A esquerda tem esse vício do discurso com pretensão científica, o que ao invés de desvelar as interações que formam o fenômeno as encobre com alguma simplificação.
Vejo vários comentários que tentam emprestar a legitimidade de áreas como a sociologia e a psicologia, mas no fim mais se afastam do que se aproximam do problema.
A esquerda tem esse vício do discurso com pretensão científica, o que ao invés de desvelar as interações que formam o fenômeno as encobre com alguma simplificação.
É como o clichê de falar que tudo é "construção social", colocando
alguma determinação unilateral por cima da da interações que formam o
sujeito (nem consideram "sujeito"). No fim é forma insidiosa de
reabilitar a falácia naturalista, "construção social" vira uma espécie
de chave metafísica que explica tudo ("clavis aurea").
Na sua especificidade, esse problema é um problema que diz respeito a área de estudos em comunicação.
Isso é um fenômeno comunicacional internacional, que tem suas origens em fóruns nos Estados Unidos.
Existem fóruns, grupos, ambientes comunicacionais em que esses jovens interagem, produzem e reproduzem signos com SOLIDEZ E CONSTÂNCIA, criando símbolos e cultura própria. Especificamente, eles criam uma pseudo ciência e uma narrativa que explica a situação de sofrimento dos membros, oferece identidades e noções éticas (extremamente distorcidas, mas prescritivas).
É claro que existe um problema social, psicológico. Esses lugares virtuais não flutuam no nada e são formados por pessoas reais. A "civilização capitalista" dissolve laços de socialização, dissolve comunidades e cria indivíduos cada vez mais atomizados, ao mesmo tempo que os violenta e cria poucos parâmetros de referência além do consumismo - todos os valores fora do consumo (que é uma categoria extra-econômica, é antropológica) estão em crise.
A sociedade não oferece valores tão sólidos. O individualismo é mais forte do que a socialização. De certa forma, não se oferece oportunidade para as pessoas fazerem algo pela sociedade, pelo coletivo. Não existem grandes referências, grandes acontecimentos.
(jovens em situações de vulnerabilidade e pobreza mas que estão em comunidades são menos suscetíveis a esse tipo de coisa, mesmo que ali exista uma outras criminogenia - mesmo a máfia é uma forma de acolhimento)
Tratar como um simples problema de "transmissão de ideologias", "ah o bolsonarismo, a extrema direita" é perder de vista uma realidade muito contemporânea. Estão presos no século XX, é uma resposta funcionalista, igual a conversa de culpar viodegame, como se as pessoas funcionassem assim como receptores passivos e determinados.
Não tem medida administrativa, panaceia humanista ou aumento de gasto que vá fazer mágica.
Não se resolve com materialismo de farmácia.
(nisso eu incluo clichê noventista sobre "bullying")
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Na sua especificidade, esse problema é um problema que diz respeito a área de estudos em comunicação.
Isso é um fenômeno comunicacional internacional, que tem suas origens em fóruns nos Estados Unidos.
Existem fóruns, grupos, ambientes comunicacionais em que esses jovens interagem, produzem e reproduzem signos com SOLIDEZ E CONSTÂNCIA, criando símbolos e cultura própria. Especificamente, eles criam uma pseudo ciência e uma narrativa que explica a situação de sofrimento dos membros, oferece identidades e noções éticas (extremamente distorcidas, mas prescritivas).
É claro que existe um problema social, psicológico. Esses lugares virtuais não flutuam no nada e são formados por pessoas reais. A "civilização capitalista" dissolve laços de socialização, dissolve comunidades e cria indivíduos cada vez mais atomizados, ao mesmo tempo que os violenta e cria poucos parâmetros de referência além do consumismo - todos os valores fora do consumo (que é uma categoria extra-econômica, é antropológica) estão em crise.
A sociedade não oferece valores tão sólidos. O individualismo é mais forte do que a socialização. De certa forma, não se oferece oportunidade para as pessoas fazerem algo pela sociedade, pelo coletivo. Não existem grandes referências, grandes acontecimentos.
(jovens em situações de vulnerabilidade e pobreza mas que estão em comunidades são menos suscetíveis a esse tipo de coisa, mesmo que ali exista uma outras criminogenia - mesmo a máfia é uma forma de acolhimento)
Tratar como um simples problema de "transmissão de ideologias", "ah o bolsonarismo, a extrema direita" é perder de vista uma realidade muito contemporânea. Estão presos no século XX, é uma resposta funcionalista, igual a conversa de culpar viodegame, como se as pessoas funcionassem assim como receptores passivos e determinados.
Não tem medida administrativa, panaceia humanista ou aumento de gasto que vá fazer mágica.
Não se resolve com materialismo de farmácia.
(nisso eu incluo clichê noventista sobre "bullying")
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A PROPÓSITO DO QUE ACONTECEU NA ESCOLA EM SUZANO NO DIA DE ONTEM
(13/03/2019). O QUE ALGUMAS PRÁTICAS DEMONSTRAM SOBRE O QUE PODE
CONCORRER PARA TRANSFORMAR DE FORMA SADIA E SAUDÁVEL O AMBIENTE E O
CLIMA ESCOLAR. FAZENDO REPERCUTIR ATÉ NO CLIMA E AMBIENTE DAS FAMILIAS
E DAS COMUNIDADES.
Gestão democrática de " verdade", imprescindível para avançar nessa proposta de comunidade terapêutica. E aqui, antes que digam que professor não é psicólogo, não me refiro aqui ao termo terapêutico "stricto sensu". Me refiro a combinação da gestão democrática “de verdade”, da interdisciplinaridade, do esporte, dos saraus, cineclubes, das oficinas culturais, das aulas-passeio, das caminhadas em grupo, dos retiros/acampamentos , dos grupos de debates, não apenas de temas pedagógicos e políticos, mas também de questões ligados ao campo das emoções, dos sentimentos, das identidades, das fragilidades, dos temas tabus e etc.. e etc. Junto e misturado. Bem na linha do que meninos e meninas apontaram no movimento de ocupação de escolas e que Frei Betto propõe no texto ao final desse post.
PROSSEGUINDO A DISCUSSÃO GERADA PELOS DOIS PEQUENOS TEXTOS REPUBLICADOS NO DIA DE ONTEM NO FACEBOOK. (leia no final desse post)
Abaixo: Uma experiência bem sucedida na rede pública do Estado de São Paulo , mas destruída pelos militares.
“ No decorrer da caminhada matinal do dia 15/01/2019, a lembrança de um país cheio de gente pirada, de gente maluca, inclusive ocupando a presidência e alguns ministérios.
Daí me ocorre a idéia de comunidades terapêuticas de base, como podemos definir o que foi a AMABA/Projeto Reculturarte.
Nas entrevistas com os que participaram dessa iniciativa sociocultural nos anos de 1990 no bairro américa, periferia de Aracaju, salta aos olhos o quanto as ações culturais, esportivas e de reforço escolar, colaboraram com a auto estima, o sentido de pertencimento e coesão, o centramento, a construção de sentido e projeto de vida, a consciência cidadã, a alegria, o bem viver.
Portanto, precisamos ir além da discussão sobre o investimento em comunidades terapêuticas para tratar de dependentes químicos, assim como da discussão sobre a redução da maioridade penal, o que fará entupir os presídios e empurrar mais jovens para os braços do crime organizado. O mais necessário é evitarmos a necessidade disso, de gente pirada, de gente maluca, elegendo gente igual. E para tal, precisamos de mais comunidades terapêuticas de base. O que pode também prevenir a quantidade de adolescente paajovens enredados no crime e na violência.”
Professor Zezito de Oliveira
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"Dois jovens entram numa escola, saem atirando e se matam.
Precisamos cuidar da saúde mental dos nossos jovens, precisamos dar mais atenção as emoções.
"-Mas se tivessem penas mais duras? "
Eles se mataram! Não faria diferença!
" Mas isso é culpa dos jogos q assistem"
Se eles se inspiraram num jogo, quer dizer q não sabem diferenciar realidade de fantasia. Falta saúde mental.
Vamos cuidar do emocional uns dos outros. Que as escolas não sejam depósitos de gente e sim onde se cresce como ser humano. Cada jovem morto e cada funcionário foi uma vida que se foi, foram sonhos e famílias enterradas...
Mais amor por favor... Tá bom2019. "
Professora Carol Loureiro
Gestão democrática de " verdade", imprescindível para avançar nessa proposta de comunidade terapêutica. E aqui, antes que digam que professor não é psicólogo, não me refiro aqui ao termo terapêutico "stricto sensu". Me refiro a combinação da gestão democrática “de verdade”, da interdisciplinaridade, do esporte, dos saraus, cineclubes, das oficinas culturais, das aulas-passeio, das caminhadas em grupo, dos retiros/acampamentos , dos grupos de debates, não apenas de temas pedagógicos e políticos, mas também de questões ligados ao campo das emoções, dos sentimentos, das identidades, das fragilidades, dos temas tabus e etc.. e etc. Junto e misturado. Bem na linha do que meninos e meninas apontaram no movimento de ocupação de escolas e que Frei Betto propõe no texto ao final desse post.
PROSSEGUINDO A DISCUSSÃO GERADA PELOS DOIS PEQUENOS TEXTOS REPUBLICADOS NO DIA DE ONTEM NO FACEBOOK. (leia no final desse post)
Abaixo: Uma experiência bem sucedida na rede pública do Estado de São Paulo , mas destruída pelos militares.
Com projeto de formação crítica, Ginásios Vocacionais foram extintos pela ditadura
Aqui: O que tem sido feito de melhor hoje, na perspectiva defendida nos termos de comunidades terapêuticas de base.Sementes da Educação
Série documental sobre iniciativas transformadoras na educação pública do Brasil.“ No decorrer da caminhada matinal do dia 15/01/2019, a lembrança de um país cheio de gente pirada, de gente maluca, inclusive ocupando a presidência e alguns ministérios.
Daí me ocorre a idéia de comunidades terapêuticas de base, como podemos definir o que foi a AMABA/Projeto Reculturarte.
Nas entrevistas com os que participaram dessa iniciativa sociocultural nos anos de 1990 no bairro américa, periferia de Aracaju, salta aos olhos o quanto as ações culturais, esportivas e de reforço escolar, colaboraram com a auto estima, o sentido de pertencimento e coesão, o centramento, a construção de sentido e projeto de vida, a consciência cidadã, a alegria, o bem viver.
Portanto, precisamos ir além da discussão sobre o investimento em comunidades terapêuticas para tratar de dependentes químicos, assim como da discussão sobre a redução da maioridade penal, o que fará entupir os presídios e empurrar mais jovens para os braços do crime organizado. O mais necessário é evitarmos a necessidade disso, de gente pirada, de gente maluca, elegendo gente igual. E para tal, precisamos de mais comunidades terapêuticas de base. O que pode também prevenir a quantidade de adolescente paajovens enredados no crime e na violência.”
Professor Zezito de Oliveira
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"Dois jovens entram numa escola, saem atirando e se matam.
Precisamos cuidar da saúde mental dos nossos jovens, precisamos dar mais atenção as emoções.
"-Mas se tivessem penas mais duras? "
Eles se mataram! Não faria diferença!
" Mas isso é culpa dos jogos q assistem"
Se eles se inspiraram num jogo, quer dizer q não sabem diferenciar realidade de fantasia. Falta saúde mental.
Vamos cuidar do emocional uns dos outros. Que as escolas não sejam depósitos de gente e sim onde se cresce como ser humano. Cada jovem morto e cada funcionário foi uma vida que se foi, foram sonhos e famílias enterradas...
Mais amor por favor... Tá bom2019. "
Professora Carol Loureiro
A escola dos meus sonhos Frei Betto
leia também:Dogolochan: até quando ‘mascus’ vão destilar ódio, ameaças e marcar hora para matar?
Massacre de Suzano foi celebrado em fórum acessado na deep web, mas não foi a primeira vez que um crime foi anunciado no grupo.
O atirador de Suzano. Reportagem da Folha entrevistou familiares de Guilherme Taucci Monteiro, um dos atiradores do massacre ocorrido em escola na cidade de Suzano, no interior de São Paulo, e traz detalhes sobre a vida do jovem: bullying, obsessão por jogos e abandono dos pais. Fonte dessa nota. Agência Pública
O atirador de Suzano. Reportagem da Folha entrevistou familiares de Guilherme Taucci Monteiro, um dos atiradores do massacre ocorrido em escola na cidade de Suzano, no interior de São Paulo, e traz detalhes sobre a vida do jovem: bullying, obsessão por jogos e abandono dos pais. Fonte dessa nota. Agência Pública
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