sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

O carnaval e nossos políticos eternamente mascarados




Por Narcizo Machado
E ele vem chegando, o Carnaval. Ah Carnaval, como o povo te espera! Uma sequência de dias de festa, alegria, descanso e confraternização, é a festa da ejaculação do amor. Naturalmente inspira a liberdade, para quem, gosta é a lavagem que a alma precisa para o ano ter continuidade. No Brasil, tradicionalmente nos acostumamos a dizer e de fato isso acontece: o ano só começa após o Carnaval.
Abre alas que ele vai passar, trazendo com ele um algo a mais. “Carnaval é a alegria popular. Uma das raras alegrias que ainda sobra para minha gente querida”, disse Dom Helder Câmara, quando era arcebispo de Recife no período do regime militar.  Quando o tambor bate, o povo logo grita: daqui não saio daqui ninguém me tira. É também a época da diversidade, onde se respeita o direito de quem de dia quer ser Maria e de noite ser João.
Mas me parece que o Carnaval, além disso tudo, é também momento de protestos. Protestos contra uma dura realidade vivida. Há letras de músicas, como esta de Carlinhos Brown, que trazem até reflexão sobre a política internacional e a vivência da violência nas ruas. “50 talibans no bando, e Zé na Romaria, o mundo vai se transformando, perfume de Maria, e com trabalho e contrabando nas ruas da Bahia, a gente é solução se amando, tá quente a guerra fria. Jesus desde menino, é palestino”. Esse verso traz muita discussão política e uma disputa histórica de poder.
A máscara é um adereço tradicional usado para homenagens, para protestos, para expressar sentimentos e a criatividade de nosso povo. Passado o Carnaval, a sociedade volta a focar no cotidiano da vida e abandona esse adereço da folia. Parte da classe política, não, fica eternamente usando máscaras. Na frente do povo uma coisa, por trás outra, em eleição um discurso, na gestão outra prática.
E está chegando o período em que estes mascarados ganharão as ruas para ir de casa em casa, dialogar com quem, de camarote, homologará quatro anos para mais atuações em defesa de objetivos pessoais. É tão cultural o uso da “falsidade”, que o próprio eleitor reclama quando ela não acontece. O povo gosta do cara que bate nas costas, que abraça, que dá beijos e sorri largamente, como também gosta dos que se fazem de durões para expressar seriedade. O período eleitoral se tornou uma disputa entre personagens.
No carnaval, o fim da folia é na quarta-feira de Cinzas. Na política, para parte dos nossos representantes, a quarta de Cinzas parece nunca chegar.
Foto: Divulgação de fábrica de máscaras no Rio de Janeiro (O Globo)


Hoje coluna hoje segue sem notas, o clima de carnaval chegou. No domingo de Carnaval, 23, não teremos publicação, voltando no primeiro domingo de março. Bom Carnaval, com responsabilidade e alegrias!!!

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