domingo, 16 de fevereiro de 2020

Comentários a respeito da reportagem "O Ensino Integral que a propaganda esconde."


quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Como a reportagem em tela gerou alguns comentários interessantes, vou respondê-lo em  bloco, inclusive retomando explicações que já foi dada como resposta a cada um deles. 

1 – A nossa  preocupação com educação integral vem de longa data, primeiramente com  muito mais  ações diretas  e algumas poucas leituras. Agora, buscando mais leitura e menos ações diretas. Dessa maneira, faço a práxis tão necessária para conseguir Insistir, como bem disse a professora do curso de teatro da UFBA, em apresentação realizada ontem, 15/06, na sede do Grupo Teatral Boca de Cena, localizada no bairro Jardim Centenário, próximo ao bairro Bugio. Ao mesmo tempo  faço a práxis necessária para Re-existir, conforme vivenciei no Fórum Social Mundial realizada nos campus da UFBA em Salvador e na sede da reitoria. 

2 – Essa preocupação  com Educação Integral, está expressa no próprio texto de apresentação da Ação Cultural, organização cultural da qual fui um dos fundadores no ano de 2004, e principalmente em dois artigos acadêmicos que passamos a produzir desde 2018. Os quais se encontram disponíveis no blog, com previsão da disponibilização de um terceiro em março próximo. 

Os dois artigos. Aqui e Aqui.

AÇÃO CULTURAL "Somos uma organização/coletivo sergipano de agentes culturais, fomentando a educação integral e a economia colaborativa através de atividades que produzem geração de riqueza simbólica, afetiva e material = felicidade"

3- A minha principal motivação para entrevistar os jovens secundaristas, se deu em razão da disposição de lutas que muitos estão demonstrando desde as jornadas de junho de 2013, passando pelo movimento de ocupações de escola e pela intensa participação em coletivos de cultura, comunicação, identitários e de empreendedorismo social.  Muitas vezes tudo isso junto e misturado.

E toda essa participação impulsiona a presença dos jovens ativistas ou militantes em movimentos de outras categorias, em especial de quem está mais próximo da maioria deles, os professores. 

Quando começamos a entrevista,  as perguntas que fizemos foram voltadas para buscar as razões que incentivaram a presença dos jovens estudantes na vigília e na ocupação dos professores. 

E aqui, não precisamos repetir o que eles disseram, basta conferir a primeira parte da entrevista, todavia, no decorrer da conversa foram aparecendo problemas com o ensino integral, modalidade existente nas escolas onde eles estudam e que não foram surpresas para mim, já que conheço uma escola com muita aproximação da realidade da escola onde eles estudam, não por acaso, no interior, longe dos holofotes da mídia, distantes da sede da secretaria e com possibilidade de controle mais efetivo das mentes e dos corações dos estudantes.

Em dois comentários encontramos “estranhamento” ligados a ausência do almoço. Sobre isso, fica claro no depoimento que foi o principal problema superado. Mas  prossegue as dificuldades  quanto a questões estruturantes, tanto em termos de instalações/espaços físicos, como no campo pedagógico/metodológico, aqui principalmente na questão ligada a “socioemocional”.

E mesmo com relação a questão da alimentação, temos informação de uma aluna que pediu para sair de outra escola de ensino integral ,em razão de não aguentar mais comer broa de milho e beber suco no almoço. Talvez no colégio em que isso aconteceu, oxalá o  problema  também esteja superado. Até porque, mesmo no lanche ninguém merece, mas isso aconteceu e acontece em muitas escolas. Broa de milho e suco de caixa, durante vários meses.

Outros dois comentários lamentaram o autoritarismo e despreparo da direção.  Aqui cabe uma observação, conforme o depoimento dos estudantes na reportagem em tela, e ouvido com colegas professores que ministram aula na modalidade ensino integral, isso é um componente principal ou inerente do tipo de proposta pedagógica/metodológica que foi “comprada” no pacote de financiamento oferecido pelo governo Temer.

Embora, gestores autoritários e manipuladores podem piorar a situação.

Agora, sem dúvida o pior, é como modelos verticais e  autoritários de imposição pode colaborar como uma espécie de antessala para escolas militares ou militarizadas, o qual sabemos no limite o que significam em termos de introdução e consolidação do fascismo. Do fascismo nosso de cada dia, o que estrutura aos poucos,  uma espécie de estado teocrático, extremamente autoritário e neoliberal. 

E há saídas para isso? Não só há, como já houve.

Os links disponibilizados na postagem foram realizados para mostrar essa perspectiva. Ensino de qualidade integral, considerando os aspectos realmente democráticos em matéria de gestão, qualidade em termos de infra-estrutura, pedagogias participativas e  dinâmicas,  e com diálogo com o mundo, vasto mundo. 

Particularmente, dentre os vários,  recomendamos atenção ao que se refere aos Ginásios Vocacionais  e “Não é preciso ser impositivo: quando se confia nas escolas, elas respondem”.

E diga-se de passagem, mas uma informação significativa. Uma das professoras que comentou a reportagem da nossa lavra, é uma professora da UFS que estudou em um colégio do sistema vocacional. 

Quanto a opinião sobre exageros e sensacionalismo, o que podemos afirmar é a veracidade dos depoimentos, feito em forma de roda de conversa. Com um toque de liberdade criativa em um outro caso, da parte deste "repórter" e "editor" que escreve,  como na conclusão em termos da “mosca na sopa”, aqui trazendo citação  implícita de uma canção  do grande Raul Seixas.  

Mas nada que contrarie o espirito e o sentido das falas, muito pelo contrário.

E continuem participando com perguntas, questionamento, complementações...

Sobre o conceito de práxis.....



fonte:   Aqui.


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