terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Eu e você sempre. - O melhor samba de Jorge Aragão com nova roupagem.

Abílio Neto



Tenho um CD de Jorge Aragão, o segundo dele gravado ao vivo, lançado pela Indie Records, em 2000, que traz EU E VOCÊ SEMPRE, de Jorge Aragão e Flávio Cardoso. Para mim, um dos melhores sambas do século XX porque, como se sabe, 2000 é o último ano daquele século passado. 

Então veio 2017, quando no pequeno Teatro Arraial, em Recife, aconteceu um musical de João Falcão. Sim, aquele mesmo que trabalha para a Globo, que é cria daqui, da vila da Usina Tiúma, em São Lourenço da Mata. O nome do musical foi DORINHA, MEU AMOR, com um repertório que falava de amor. Por que Dorinha? Por causa também da cantora ISADORA MELO, que aos 27 anos era apresentada ao público recifense como mais uma grande artista desta terra fértil. 

Designer profissional, Isadora tinha surgido no musical O BAILE DO MENINO DEUS, de Ronaldo Brito, que é apresentado no Recife antigo todo fim de ano. Isso em 2013. Lá ela conheceu o bandolinista, arranjador e maestro RAFAEL MARQUES com quem ainda é casada. Digo isso em função da moda “casa e separa”, mas acho que eles AINDA dão liga. 

Quando Jorge Aragão lançou essa música, Isadora tinha 10 anos, eis que nascida em 1990. Eu não vi o musical Dorinha, mas há uma lembrança dele no YouTube, de 2018, quando Isadora e o marido Rafael passaram pela Rádio Universitária e o pessoal de lá pediu para que os dois lembrassem de alguma canção daquele musical que o tempo deixou para trás. 

O samba, despido da sua vestimenta natural e usando uma nova roupagem, saiu do estágio de pedrada certeira para tiro fatal. Pelo menos é assim que sinto essa nova interpretação. Gente, a voz de Isadora é de uma doçura sem par. Comprove! 



Pernambucano, 70 anos, é memorialista e pesquisador musical, além de  pequeno colecionador de discos. Seu arquivo contém algumas obras que se tornaram preciosas na música brasileira diante do mau gosto popular nessas duas primeiras décadas do século XXI. São frevos, sambas, maracatus, forrós, xotes, polcas, toadas, marchinhas, merengues e choros. Tem mais de 400 artigos escritos sobre música que foram publicados em sites da internet, ‘terreno’ que se notabiliza pela impermanência. Seus artigos provam que a História também se conta através da música.


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Música e sociedade, música e política, música e afeto, amizade, alegria e prazer. Uma delícia quando lemos o texto de uma pessoa que sabe fazer essa combinação. É o que faz Abilio Neto, o qual conhecemos nos anos do Overmundo, entre 2006 e 2011, primeiro portal nacional de internet dedicado a difusão  da  cultura independente, das periferias, dos sertões,   dos que mesmo produzindo com qualidade e compromisso, não conseguiam espaços para fazer divulgação nos cadernos culturais dos grandes jornais.
Ler o texto do Abilio Neto é como conversar ao cair da tarde em um alpendre de varanda das casas coloniais, cercados pela brisa suave que sopra das árvores, grandes e pequenas que cercam o redor da casa. Ou então,  é como conversar em uma barraca de praia, sentindo o vento que vem do mar soprando em nossas caras, bebendo uma boa caipirinha, intercalando com água de coco.

Abilio Neto é colaborador eventual do blog da Ação Cultural. Começou no mês de dezembro de 2019. 

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Zezito de Oliveira

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