terça-feira, 11 de agosto de 2020

As histórias que contam a respeito de Pedro Casaldáliga através de textos. Post memorial.

O bispo Pedro do Araguaia, se despede de nós no pior momento para os indios e para os pobres no Brasil contemporâneo.

Por outro lado, o bispo Pedro do Araguaia se despede de nós em tempos de um pontificado que tem   Francisco de Roma como um derrubador de muros e construtor de pontes e viadutos.  Derrubando,  dentro das possibilidades,  as  cercas pelo qual Pedro Casaldáliga tanto lutou. Tanto cercas materiais como cercas imaginárias, e isso,   mesmo nesse momento de despedida.

Sem podermos deixar de lembrar,  o acontecimento histórico que é a recente carta escrita por um grupo significativo de  bispos brasileiros contra o genocidio em curso. Ainda com Pedro vivo, mesmo que bastante debilitado. A sua  assinatura  aparece no documento com o número  114 Dom Pedro Casaldáliga, bispo prelado emérito de São Félix do Araguaia, MT.

Pedro do Araguaia não é apenas motivo de alegria para católicos. Assim como foi/é o  pastor  Martin Luther King para os irmãos batistas. O bispo Pedro Casaldáliga,  como o o pastor Martin Luther King são queridos e reverenciados por pessoas de diversas religiões e por pessoas sem religião. 

O nosso Pedro que veio da Catalunha é de todos, se já era antes, agora então. Pedro é de todos àqueles que possuindo crença ou não, trabalham incessantemente para refazer a terra como um jardim de mil deliciais. 

Inclusive  por causa das palavras e dos gestos de Jesus, que não era do  mundo que predomina cheio de  egoismo,  exploração, ganância,  violência, mas do mundo da justiça, da igualdade, da partilha, da festa.. O céu que começa em nós e naquilo que pensamos, fazemos e que  segue.... Para quem tem fé... 

Mas que começa aqui na terra com a participação dos que tem muito amor, mesmo que não tenham fé. E como diz São Paulo, aqui utilizando o termo caridade como equivalente ao termo amor. 

“Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade” (1 Cor 13). 

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada….A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante, nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará… Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.” (1 Cor 13,1-13).


Decerto pelo momento em que se despede de nós, Pedro Casaldáliga será ainda mais lembrado, por meio da memória do seu  legado. 
A Romaria dos Mártires da Caminhada terá uma presença de mais pessoas doravante.
Isso,  porque tudo que Pedro construiu foi realizado em comunhão e mutirão, comunhão no tempo da transcendência, passado e futuro, e no tempo presente em forma de mutirão. 
Portanto, em Pedro nos encontramos como em uma grande mesa de almoco, cujo centro é Deus pai e  Deus mãe. 
E o bispo Pedro, tá lá como chefe de cozinha, organizando a preparação dos alimentos.
E para estar bem neste papel, tem que conhecer muito bem os gostos do Pai/Mãe e dos convidados...
Salve Pedro!!! Gratidão!!
Zezito de Oliveira 
Esse post será alimentado semanalmente com novos depoimentos/testemunhos. 
 Queridxs amigxs, reflexões de despedida impermanente de Dom Pedro Casaldáliga, bispo servidor dxs oprimidxs:
A parte final se refere, claramente, à Economia de Francisco e Clara. É a Economia do Amor Incondicional!!!
Aqui estão as palavras Divinas do livro “Conversando com Deus”: "A morte não é um fim, mas apenas o começo. Não é horror mas alegria. Não é fechamento mas abertura. O momento mais feliz de sua vida será o momento em que sua vida terrena termina, porque sua vida não acaba, mas continua de maneiras que são tão magníficas, tão cheias de paz, sabedoria e alegria que são difíceis de descrever e impossíveis de você entender [até que você as viva]."
"A mudança que os humanos precisam realizar, em um pensamento, é:" Você deve parar de ver Deus como separado de você, e vocês como separadxs unxs dxs outrxs. A única situação é a Verdade Suprema: nada existe no universo que seja separado de qualquer outra coisa , Tudo está intrinsecamente conectado, irrevogavelmente interdependente, interativo, entrelaçado na estrutura de toda a vida... Todas as leis devem estar enraizadas nela [a Lei do Amor] ... O amor dá tudo e não exige nada. Esta é a esperança do futuro de sua raça, a única esperança para o seu planeta. "
"Se todos na sua raça dessem tudo, o que você teria que exigir? A única razão pela qual você precisa de alguma coisa é que outra pessoa está acumulando. Pare de acumular!"
Ela foi vivida com plena intensidade pelo nosso exemplar PEDRO CASALDÁLIGA, BISPO SERVIDOR DXS OPRIMIDXS!!!
Marco PS Arruda
 O BÁCULO DE PEDRO
(Chico Machado)
O corpo de Pedro segue sendo transladado de Batatais/SP, rumo a Ribeirão Cascalheira. Atravessa neste momento o estado de Goiás. Chegará por volta das 14:00 horas, onde será velado esta noite no Santuário dos Mártires da Caminhada. Na terça feira (11), chegará a São Félix do Araguaia, onde faremos as cerimônias de despedia e o enterro na quarta feira (12). Será enterrado no mesmo cemitério, onde estão enterrados vários do povo Iny (Karajá). Este sempre foi um desejo de Pedro. Ser enterrado no meio dos indígenas e peões. Segundo ele, para passar a sua eternidade olhando para o Rio Araguaia. 
Pedro chegou aqui por estas bandas no ano de 1968. Três anos depois, era sagrado bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia. Mesmo a contra gosto seu. Precisou que os Agentes de Pastoral o convencessem de que, como bispo, tinha muito mais força para ser a voz dos empobrecidos desta região de Mato Grosso. Um bispo diferente de todos os outros. Esta diferença Já começou, quando escolhe os símbolos que marcariam definitivamente o seu pastoreio. Como báculo, escolheu um remo do povo Iny. O anel de tucum como o seu anel de bispo. E por fim a mitra, um chapéu de palha, típico dos peões e nordestinos. 
A simplicidade e a humildade sempre foram sinais característicos deste homem de Deus. A sua vida falava por si. A sua pobreza evangélica não era definida de forma teórica ou no faz de conta de quem diz fazer opção pelos pobres. Ele vivia intensamente a radicalidade da pobreza, no seu jeito Pedro de ser, nos gestos concretos cotidianos e nas suas muitas escritas. Um Francisco de Assis do Araguaia. Não se deixava trair nas suas convicções. Uma fidelidade vivida a cada dia, que impressionava a todos os que se achegavam a ele.
Assim que se sagrou bispo, escreveu a sua primeira carta pastoral: “Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”. Uma carta que significou um divisor de águas em sua vida. Nesta carta ele já deu mostra a que veio. Num dos seus parágrafos ele dizia: “Se ‘a primeira missão do bispo é a de ser profeta’ e ‘o profeta é a voz daqueles que não têm voz’ (card. Marty), eu não poderia, honestamente, ficar de boca calada ao receber a plenitude do serviço sacerdotal.” Esta carta ganhou o mundo e tocou fundo nas pretensões dos militares que comandavam o Brasil com mão de ferro.
Ali começou a perseguição dos militares à Pedro. Quiseram a todo custo expulsá-lo do Brasil, mas graças a atuação de seu amigo, Dom Paulo Evaristo Arns, que intercedeu junto ao Papa Paulo VI, não tiveram peito de mandá-lo de volta à Espanha. Neste sentido, o papa foi incisivo: “Se mexerem com Pedro, estarão mexendo com o próprio papa.” Não o expulsaram, mas também não lhe deram sossego quanto a perseguição. Talvez por este motivo a sua aversão ao militarismo e as ditaduras.
Pedro soube como ninguém desenhar o seu modelo de Igreja. A Prelazia era a imagem e semelhança de Pedro. Todos os que para cá se dirigiam para trabalhar nesta igreja, sabiam, de antemão, que era uma igreja diferente. Uma igreja pobre com e para os pobres. Pedro não abria mão deste jeito da igreja ser. Tudo era muito bem planejado pelo seu bispo que não dizia como as pessoas deveriam ser, enquanto agentes de pastoral. Ele simplesmente ia à frente fazendo e mostrando, através de seu exemplo. Uma das coisas que mais me chamou a atenção quando aqui cheguei, foi a forma como eram organizadas as equipes de pastoral. Todas elas eram mistas, os seja, numa mesma casa, moravam homens e mulheres, que dividiam entre si os afazeres, sejam da casa, ou da pastoral em si. Aprendi muito com as irmãs Marines e Irena. Ele na permitia que as congregações chegassem e estabelecessem as suas comunidades religiosas fechadas entre si, como pequenos feudos.
Foi com estas mulheres guerreiras, que passei pelo teste de fogo. Em 1992, a Terra Indígena Xavante de Marãiwatsédé iniciou o seu processo de invasão, comandada por grandes fazendeiros e incentivando os pequenos a fazerem o mesmo. A Prelazia logo se manifestou contraria, denunciando veementemente, mais esta agressão ao povo Xavante. A nossa equipe de pastoral estava no olho do furacão. Fomos todos ameaçados, tanto que numa de nossas noites, achávamos que era a nossa ultima noite, de tanto que rondavam a nossa casa. Naquela noite rezamos de mãos dadas e chorando, pois sabíamos que poderia ser a nossa ultima noite. Tanto que naquela noite, a igreja que ficava ao lado da nossa casa, amanheceu pixada, com palavra duras e agressivas a nós, a Pedro e a Prelazia em si.
Amanheceu e nos dirigimos a São Félix, para beber um pouco das forças de Pedro. Assim que ouviu o nosso relato emocionado, disse-nos palavras de conforto e concluiu com muita serenidade: “A causa vale a pena se doar a vida por ela.” Assim que voltamos para a nossa casa, trouxemos conosco o bispo Pedro, que passou uma temporada conosco, como presença de profeta que caminha com os seus. Como não se apaixonar por esta igreja e por este homem que caminhava a frente, sendo igreja com todos aqueles marcados para morrer. Pedro, uma lição de vida sem ter nada a temer.



Monsenhor Casaldáliga – Pedro Liberdade

Dom Pedro, pastor, poeta, profeta,
Pedro irmão, amigo, defensor
De gente humilde, esquecida,
Como abandonado era o sertão onde ele foi morar
Viver, evangelizar.
E então ser bispo, articulador, semente de resistência.
São Félix do Araguaia nunca mais foi a mesma
Depois que ele chegou!
A carta de uma Igreja na Amazônia em conflito com o latifúndio
E a marginalização (1971)
Inaugurou um grito, instituiu o que mais tarde
Passaria a se chamar “uma igreja com rosto amazônico”.
Mas foi como uma senha,
Causou furor nos inimigos da gente pequena,
Espantou os governantes, fruto de um golpe militar e
Civil, apoiado pela elite de sempre.
O golpe outro, aquele que durou 21 anos,
Que hoje se repete no novo golpe deste século 21
E já nasce torto, obscuro, violento,
Dominado pelo conluio de forças
Midiáticas, parlamentares, judiciais,
Que agem amparadas na lei higienicamente burlada,
Forçada, quebrada ao sabor dos interesses.
Mas não menos covarde como outrora.
Pedro entre nós resiste, chora, ora, preservando
A mesma verve, embora o corpo sofra e grite.
A lucidez o mantém vivo, alerta, solidário sempre
Com a Amazônia, os povos da floresta,
O papa Francisco, o último Sínodo,
Aquele da ecologia integral
Que uniu num só espírito
A luta da terra e a luta dos pobres.
Pedro sonhou com este conclave maior fazia muito
E o viveu na solidão do sertão do Mato Grosso
Cercado pelo carinho do seu povo e da comunidade.
Teria estado lá com seus irmãos e irmãs
Não fosse a debilidade vivida no limite,
Na fé e na ousadia teimosa de quem aprendeu
– a duras penas – a dizer: Não!
À injustiça, à desigualdade, à violência, ao crime hediondo,
Diante da desfaçatez, ele foi sempre enfático: Não!
E pagou um alto preço pela ousadia.
Em seu lugar, pregou a união dos diferentes,
A comunhão dos pequenos, a partilha do pouco,
A vivência da fé na coragem de ser,
A alegria da festa comunitária, a criançada
A correr feliz na beira do grande rio
Que ele conheceu como poucos em suas muitas
Travessias, atento às margens, aos pássaros,
Às tartarugas e aos peixes voadores.
Nunca se furtou à conversa com os canoeiros,
Os peões de fazenda, as moças das vilas,
Os jovens das escolas,
As avós famintas, os lavradores sem terra
Que produziam feijão, macaxeira, banana,
As frutas do quintal.
Essa gente amiga que sempre o abrigou
Nas casas de palha, de barro batido,
Onde havia rede e um café passado na hora.
Por isso mesmo, casa fraterna e mesa repartida.
Pedro teve por báculo o remo tapirapé,
Como anel, o tucum dos povos indígenas,
Por mitra, o chapéu de palha
E por calçado a sandália de borracha.
Escândalo episcopal, profecia encarnada no corpo,
Na mente e no espírito inquieto da
Insurreição do evangelho.
Viveu a colegialidade do ministério com
O clero, as religiosas e o povo das comunidades
Sempre à escuta da sabedoria popular.
Hoje vive sua própria páscoa, travessia,
Na entrega do corpo, da vida, da inteligência,
Da fé, dos sonhos que sonhou
de olhos abertos e espírito apaixonado.
Uma entrega que se mostra símbolo de utopia
E do compromisso maior
Na senda aberta pelo Senhor dos Passos,
O Cristo Jesus de Nazaré e de todos os povos.
Em comunhão com Pedro, seguiremos seu caminho
Na unidade do Espírito da Liberdade.
O Deus de toda paz o cubra de bênção, de amor
De misericórdia e de compaixão.
A alegria do evangelho vencerá,
Ah, vencerá mesmo, Pedro,
Ainda que a maldade pareça infinita.
Vem, Senhor Jesus!
No fim, permanecem a fé, a esperança e o amor.
Mas o maior é e sempre será o Amor!
Pelotas, novembro de 2019.
Roberto E. Zwetsch
Pastor luterano
O bispo dos pés descalços
Roberto E. Zwetsch

No esquife simples, sem qualquer pompa, jazia o corpo mirrado do grande pastor, bispo, poeta Pedro Casaldáliga. Ali aguardava o momento de ser levado até sua amada São Félix do Araguaia, no norte do MT, terra que o recebeu em 1968 e à qual dedicou mais de 50 anos de vida, luta, defesa dos mais pobres, peões, mulheres, povos indígenas como os Tapirapé, os Xavante e tantos outros. Jamais teve medo de colocar sua vida em risco. Por isto foi perseguido, caluniado, ameaçado de morte inúmeras vezes, retido em sua casa pela repressão militar, sem nunca aderir. Firme como uma rocha, fé inabalável no Cristo da Cruz, ele se entregou à caminhada do evangelho e suas consequências vivendo coerentemente o que pregava e por aquilo que julgava justo e libertador. E lembrava sempre em suas orações da comadre Maria, dos santos, das poetisas e poetas de ontem e de hoje.

Tive o privilégio de me encontrar com Pedro várias vezes. Desde a primeira vez que o vi num retiro de jovens no interior da Paraíba, eu com 21 anos e estudante de teologia, jamais pude me desligar de seus escritos, de sua caminhada, de seu ministério lá no sertão. Pedro, como fazia com tantos outros jovens, escrevia cartas que hoje são relíquias de inspiração para quem vai continuar a luta por suas causas na Causa, como ele costumava dizer. Quando nasceram nossa filha, nossos filhos, Pedro ao receber a notícia não demorava em enviar mensagem e sua palavra cheia de amor pelas crianças.

Fico a imaginar agora a nova caminhada de Pedro, livre das nossas limitações, mas firme na luta pelos pequenos que jamais haverá de abandonar. Ele irá repousar às margens do seu amado Araguaia, lá perto de São Félix, mas seu espírito caminhará de pés descalços rumo à Terra da Liberdade, ao encontro do Pai. Um poema que Leonardo Boff resgatou no texto que segue nos afiançará que Pedro nos leva junto no coração e continuará a interceder por nós e todo o povo pobre e vulnerável deste país desde sua nova morada.

Leonardo escreveu assim no seu blog (10/08/2020):

Vivia num “palácio” de madeira de terceira qualidade, totalmente desnudado. Era tão identificado com os indígenas e os peões assassinados, que quis ser enterrado no “Cemitério do Sertão” onde eles, anônimos, jazem:

“Para descansar/ quero só esta cruz de pau/ como chuva e sol;/ estes sete palmos e a Ressurreição”.

E assim imaginou o Grande Encontro com o Amado que serviu nos condenados da terra:

“Ao final do caminho me dirá/
E tu, viveste? Amaste?
E eu, sem dizer nada,
Abrirei o coração cheio de nomes”

O clamor de sua profecia, a total entrega de Pastor aos mais oprimidos, a poesia que nutre nossa beleza e sua mística de olhos abertos e das mãos operosas, permanecerão como um legado perene às comunidades cristãs, ao nosso país  índio e caboclo que ele tanto amou e à humanidade inteira.

Escrevi a um amigo que perdemos um profeta, mas que seguirá conosco de uma forma inusitada, inspiradora. Ele me respondeu:

“Não estamos de luto devido a uma perda. Nosso luto é de gratidão que não tem fim. Sabemos que ele vive. E a gratidão é de uma dimensão enorme, porque tudo o que Dom Pedro viveu e fez permanece. E mais: Continua!   Pois muitas pessoas continuam fazendo o que ele começou.  Soli Deo Gloria !”

Pelotas, 11/08/2020.

Nenhum comentário: