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O psicólogo clínico Dr. William Castilho Pereira demonstra, em sua obra A ideologia da vergonha e o clero do Brasil (Vozes, 2025, 296 p.), como os seminários e casas de formação podem incorrer no risco de transformar o processo formativo clerical em verdadeiras “cavernas platônicas”.
Inicialmente, o autor analisa as origens econômicas e socioculturais dos seminaristas, evidenciando os condicionamentos que moldam suas trajetórias pessoais. Em seguida, contrapõe a cultura familiar de origem às exigências da cultura contemporânea, revelando o profundo choque entre esses dois mundos e os efeitos dolorosos que daí decorrem na formação dos futuros religiosos.
É nesse ponto que o autor identifica a gênese da ideologia da vergonha, desvelando-a em toda a sua nudez e brutalidade. Ao tentarem escapar da vergonha associada às próprias origens, muitos formandos acabam seduzidos pelo que o autor denomina “consumo do sagrado”, a busca por reconhecimento através da admiração a padres influenciadores digitais, do apego a vestimentas e adereços clericais, ou de outros símbolos externos de prestígio e poder.
Assim, a formação clerical corre o risco de se converter na caverna de Platão em sua versão narcísica, onde as aparências substituem o autêntico encontro com o real e o sagrado.
A Exortação Apostólica Dilexi Te (“Eu te amei”), do Papa Leão XIV, ressoa como sopro de esperança e significativa reafirmação do Evangelho vivido a partir dos pobres. No Brasil, onde a desigualdade social tem rosto, cor e território — o rosto das mulheres negras periféricas, o corpo exaurido dos trabalhadores informais, os povos indígenas ameaçados, os jovens de favelas mortos pela violência —, o conteúdo do documento não chega como novidade, e sim confirmação e estímulo da caminhada histórica da Teologia da Libertação e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
Nesta “Exortação Apostólica”, Leão XIV desmascara todo o discurso que considera a existência dos pobres uma fatalidade e enfatiza a meritocracia como via de saída da pobreza. Escreve o papa: “Os pobres não existem por acaso ou por um cego e amargo destino. Muito menos a pobreza é uma escolha para a maioria deles. No entanto, ainda há quem ouse afirmá-lo e, assim, demonstra cegueira e crueldade. Entre os pobres há também, obviamente, aqueles que não querem trabalhar, talvez porque os seus antepassados, que trabalharam toda a vida, morreram pobres. Mas há muitos homens e mulheres que trabalham de manhã à noite, recolhendo papelão, por exemplo, ou realizando outras atividades semelhantes, embora saibam que este esforço servirá apenas para sobreviver e nunca para melhorar verdadeiramente suas vidas. Não podemos dizer que a maioria dos pobres está nessa situação porque não obteve “méritos”, de acordo com a falsa visão da meritocracia, segundo a qual parece que só tem mérito aqueles que tiveram sucesso na vida.” (14).
A partir do clamor dos pobres, Dilexi Te reafirma que a fé cristã não pode ser separada do amor concreto, da justiça social e da transformação das estruturas que geram miséria e exclusão. Essa mensagem encontra eco profundo na realidade brasileira, onde as contradições do capitalismo periférico, o racismo estrutural, o patriarcado e a devastação ambiental ferem diariamente parcela significativa de nosso povo e nossa Casa Comum.
Logo nos primeiros parágrafos, o documento recorda: “Deus é amor misericordioso, que se preocupa com a condição humana e, portanto, com a pobreza.” (16). Essa opção divina tem expressão concreta na conjuntura brasileira. Aqui a pobreza não é abstrata, manifesta-se na fome que ainda castiga milhões de pessoas, na informalidade que consome as forças de quem trabalha sem direitos, no abandono da juventude nas periferias, no desmatamento que expulsa povos originários e ribeirinhos.
Quando a Exortação afirma que “Deus guarda em Seu coração aqueles que são particularmente discriminados e oprimidos”, fala ao coração de uma Igreja que já ouviu esse mesmo apelo em Medellín (1968) e Puebla (1979), onde os bispos latino-americanos afirmaram a opção preferencial pelos pobres como exigência da fé.
Neste documento, o papa Leão XIV denuncia a “ditadura de uma economia que mata”. Essa frase, tão direta, dialoga com a experiência brasileira de um sistema que concentra renda, privatiza bens comuns e precariza vidas. O país mais católico do mundo é também um dos mais desiguais: 1% da população concentra quase 30% da riqueza nacional, enquanto multidões sobrevivem sem acesso à moradia, ao saneamento e à segurança alimentar.
Leão XIV lembra que Santo Agostinho, que teve como seu mestre espiritual Santo Ambrósio, insistia na exigência ética de partilhar os bens: «Não é de tua propriedade aquilo que dás ao pobre; é dele. Porque tu te apropriaste do que foi dado para uso comum». (43)
No Brasil, sabemos que a pobreza tem causas históricas: a escravidão, o racismo estrutural, a desigualdade de gênero, o latifúndio e a lógica de exploração que moldou nossa formação econômica. A Exortação desmente as ideologias que justificam a miséria como falha pessoal ou “preguiça”: “A pobreza não é uma escolha para a maioria deles.”
Essa é a linguagem da Teologia da Libertação: reconhecer o pecado não apenas em indivíduos, mas nas estruturas sociais de opressão. Quando o papa fala de “estruturas de injustiça que criam pobreza e desigualdade extrema”, ele legitima décadas de reflexão teológica latino-americana que sempre viu a libertação como transformação das causas e não apenas alívio das consequências.
Para nós, no Brasil, isso significa denunciar o agronegócio predatório que destrói o Cerrado e a Amazônia, expulsando povos tradicionais; o racismo institucional que criminaliza a pobreza e transforma as periferias em zonas de extermínio; a política econômica excludente que sacrifica os mais vulneráveis para amealhar sempre mais lucros; a mercantilização da fé, que transforma o Evangelho em produto de consumo e promete prosperidade individual enquanto ignora a injustiça coletiva.
“Não se trata de levar Deus aos pobres, mas de encontrá-Lo ali.” (79) Essa afirmação de Dilexi Te poderia ter sido escrita por Dom Hélder Camara, Pedro Casaldáliga ou irmã Dorothy Stang. Expressa o coração da espiritualidade libertadora, para qual o povo não é objeto de pastoral, mas sujeito histórico da libertação.
O documento valoriza os movimentos populares — camponeses, urbanos, ecológicos, indígenas, de mulheres — como expressões concretas da busca por justiça. No Brasil, isso significa reconhecer no MST, no MTST, nas centrais sindicais, nas pastorais sociais, nas CEBs, nas juventudes populares e nas organizações negras e feministas o rosto do Evangelho vivo.
Escreve Leão XIV: “Estes líderes populares sabem que a solidariedade consiste também em “lutar contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de trabalho, de terra e de casa, a negação dos direitos sociais e laborais. É fazer face aos efeitos destruidores do império do dinheiro [...]. A solidariedade, entendida no seu sentido mais profundo, é uma forma de fazer história e é isto que os movimentos populares fazem”. (72)
De fato, os movimentos populares convidam a superar “aquela ideia das políticas sociais concebidas como uma política para os pobres, mas nunca com os pobres, nunca dos pobres e muito menos inserida num projeto que reúna os povos”. Se os políticos e os profissionais não os ouvirem, “a democracia atrofia-se, torna-se um nominalismo, uma formalidade, perde representatividade, vai se desencantando porque deixa de fora o povo na sua luta diária pela dignidade, na construção do seu destino”. (81)
“Eu Te Amei” afirma: “A Igreja deve colocar-se ao lado dos pobres e empenhar-se ativamente pela sua promoção integral.” Essa “promoção integral” inclui não só pão e casa, mas o direito à cultura, à fé, à palavra, à participação política.
É nesse sentido que o documento encontra eco nas experiências das CEBs, nas Romarias da Terra e das Águas, na Pastoral da Juventude, nas Pastorais da Terra, Carcerária e dos Migrantes — espaços onde a Bíblia é lida à luz da vida e onde o povo descobre que “Deus está do lado dos pobres”.
No Brasil, muitas vezes tenta-se defender que a fé nada tem a ver com a política (exceto quando de direita...). Dilexi Te rompe com essa falsa dicotomia ao assinalar que “Não se pode separar a fé do amor pelos pobres.” A fé autêntica não se mede por doutrinas, mas pela prática da justiça.
O papa vai mais além ao afirmar que “o cristão não pode considerar os pobres apenas como um problema social: eles são uma “questão familiar”. Pertencem “aos nossos”. A relação com eles não pode ser reduzida a uma atividade ou setor da Igreja. Como ensina a Conferência de Aparecida,“solicita-se dedicarmos tempo aos pobres, prestar a eles amável atenção, escutá-los com interesse, acompanhá-los nos momentos difíceis, escolhê-los para compartilhar horas, semanas ou anos de nossa vida, e procurando, a partir deles, a transformação de sua situação. Não podemos esquecer que o próprio Jesus propôs isso com seu modo de agir e com suas palavras.” (104)
A Teologia da Libertação sempre enfatizou que o Reino de Deus é uma utopia que se concretiza na história e desemboca no outra lado da vida, e que a salvação começa aqui e agora, e a evangelização exige transformação social. O documento papal confirma que o amor cristão deve se traduzir em compromisso social, em ações que enfrentem as estruturas da exclusão.
No Brasil, isso implica uma pastoral que vá além do assistencialismo e denuncie as causas da fome, participe da construção de políticas públicas, defenda a democracia e os direitos humanos. A fé não é fuga da realidade, mas luz e força para transformá-la.
Algumas expressões da Exortação soam como eco direto das dores e esperanças do povo brasileiro: “A opção preferencial pelos pobres gera uma renovação extraordinária na Igreja e na sociedade quando somos capazes de ouvir o seu clamor.” (7) “A opção preferencial pelos pobres, ou seja, o amor que a Igreja tem por eles, como ensinava São João Paulo II, é decisivo e pertence à sua constante tradição, impele-a a dirigir-se ao mundo no qual, apesar do progresso técnico-econômico, a pobreza ameaça assumir formas gigantescas”. A realidade é que para os cristãos os pobres não são uma categoria sociológica, mas a própria carne de Cristo.” (110)
Esses trechos, quando proclamados em nossas comunidades, podem reacender o ardor missionário e pastoral que marcou a caminhada da Igreja no Brasil — aquela que Dom Paulo Evaristo Arns chamava de “Igreja dos pobres e com os pobres”.
A Dilexi Te não é apenas um texto de reflexão, mas um chamado à ação pastoral. No Brasil, essa ação pode se traduzir em passos concretos, como a formação bíblico-popular: retomar a leitura orante da Bíblia à luz da realidade, fortalecendo Círculos Bíblicos, comunidades de base e pastorais sociais que atuam junto aos pobres e marginalizados. E também estimular a economia solidária e ecológica, e promover iniciativas que articulem fé, trabalho digno e cuidado da Criação. Multiplicar a educação popular para a formação da cidadania, de modo a despertar no povo a consciência de seus direitos. Defender os povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, reconhecendo neles a voz profética que clama pela Terra e pela vida. E intensificar a presença da Igreja nas periferias, onde as paróquias devem ser centros de solidariedade, de partilha e de escuta.
Dilexi Te convida a uma Igreja “em saída”, que abandone o conforto das sacristias e caminhe com o povo. No Brasil, onde a pobreza é estrutural e a fé é popular, o documento pontifício chega como reforço e confirmação da Teologia da Libertação, que nos lembra que o amor de Deus é revolucionário, rompe as cadeias da indiferença e denuncia as causas da injustiça.
Ser cristão, à luz dessa Exortação, é estar do lado dos pobres, não por ideologia, mas por fidelidade a Jesus, o Pobre de Nazaré. É deixar-se evangelizar pelos simples, lutar por justiça, defender a vida, cuidar da Casa Comum e anunciar que outro mundo é possível e necessário.
Dilexi Te legitima essa “subversão do amor” ao nos recordar que o amor cristão é libertador, porque não aceita a miséria, não se conforma com a exclusão e não se cala diante da opressão.
Tomara que nossas comunidades, inspiradas por este documento papal, sigam construindo um Brasil mais justo e solidário, onde cada pessoa possa ouvir, não como promessa distante, mas como realidade vivida, as palavras do próprio Deus: “Eu Te amei — Dilexi Te — e continuo Te amando no rosto dos pobres” (Apocalipse 3,9).
Frei Bettoé escritor, autor da tetralogia sobre os evangelhos – Jesus Militante (Marcos); Jesus Rebelde (Mateus); Jesus Revolucionário (Lucas); e Jesus Amoroso (João) -, editado pela Vozes, entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org
No Nosso Altar (As Mesmas Mãos) - Zé Vicente, cantada na Novena da Padroeira do Brasil na Basílica de Aparecida 2025
O encontro reuniu representantes de diversos pontos do estado, além do escritório do MinC em Sergipe, promovendo um espaço de escuta, integração e fortalecimento da rede Cultura Viva
A Secretaria Especial da Cultura (Secult), com apoio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), realizou neste sábado, 11, no auditório do Centro de Criatividade, Reunião Geral dos Pontos de Cultura de Sergipe. O encontro reuniu representantes de diversos pontos do estado, além do escritório do Ministério da Cultura ( MinC) em Sergipe, promovendo um espaço de escuta, integração e fortalecimento da rede Cultura Viva.
Durante a reunião, os participantes puderam trocar experiências, esclarecer dúvidas sobre a execução dos planos de trabalho e alinhar os próximos passos para a realização do Fórum Estadual dos Pontos de Cultura, previsto para o próximo mês. A atividade também possibilitou que novos integrantes da rede se apresentassem, estreitando laços e reforçando o caráter colaborativo do programa.
Para o secretário-executivo da Secult, Irineu Fontes, o encontro representa mais um avanço no diálogo com a sociedade civil.
“A rede Cultura Viva tem um papel fundamental na construção das políticas culturais em Sergipe. Esses encontros fortalecem o trabalho coletivo, dão voz aos fazedores e criadores de cultura e ajudam a consolidar o Fórum como um espaço de decisão e participação popular”, destaca.
Isabela Bispo, do Ponto de Cultura Pescando Memórias, em Socorro, comemora a retomada dos debates. “Essa oportunidade faz com que a gente conheça mais a atuação da Secult, da Funcap, conhecer mais outros Pontos de Cultura e a gente avançar nas políticas culturais voltadas à cultura de base, que são os Pontos de Cultura”, afirma.
A Reunião Geral reforçou o compromisso do Governo de Sergipe com a valorização e continuidade das políticas culturais participativas, fortalecendo o protagonismo dos Pontos de Cultura como instrumentos de cidadania, identidade e transformação social em todo o estado.
Texto de Zezito de Oliveira , da comissão provisória estadual da Rede Sergipe de Pontos de Cultura. apresentado pelo autor no encontro acima
A Rede Sergipe de Pontos de Cultura foi formada a partir de 2012/2013, tendo como base os Pontos de Cultura selecionados em edital lançado no ano de 2011 pelo MINC em parceria com a SECULT-SE.
Nesse ano não havia a Lei Cultura Viva, criada em 2014 e a plataforma Cultura Viva criada em 2015, descontinuada em 2016, em razão do golpe midiático, judicial e parlamentar que retirou o mandato da presidente Dilma.
O grupo de Pontos de Cultura que tentaram criar a Rede Estadual faziam parte da segunda geração de Pontos de Cultura apoiados pelo Ministério da Cultura em associação com governos estaduais, diferente dos Pontos da primeira geração, selecionados no primeiro edital lançado diretamente em 2005 pelo Ministério da Cultura. Os Pontos de Cultura aprovados nesse primeiro edital não passaram de dez, nenhum destes participaram da rede criada aqui em Sergipe a partir do edital de 2011.
A partir do ano de 2023, com a posse do presidente Lula e lançamento de um edital emergencial do MINC para Pontos de Cultura tem inicio o terceiro ciclo ou terceira geração, seguida do lançamento de editas via PNAB.
Essa forma de organização da linha do tempo de organização da Rede Sergipe de Cultura é arbitrária, ou seja, é uma escolha da nossa parte, pode existir outras maneiras de fazer isso, as razões para a escolha que fiz requer tempo para explicação, deixemos para outro momento..
E agora? Neste ano da graça de 2025, a rede Sergipe de cultura começa a ser retomada, um pouco atrasada, inclusive por conta da descontinuidade sofrida com o golpe contra Dilma. Outros lugares conseguiram superar o golpe mais cedo, e retomaram as redes ou comissões estaduais logo em 2023.
Mas chegamos até aqui, as razões que colaboraram para isso foram as seguintes: E aqui vamos para o encerramento de nossa apresentação.
1-A convocação nacional para a TEIA 2026
2-No caso do engajamento da Ação Cultural nesse processo de retomada , a participação em maio deste ano, do primeiro encontro nacional da rede SACIX.
"A soberania digital, a regulação das plataformas digitais e o financiamento público do jornalismo foram os principais temas abordados no I Encontro Nacional da Rede Sacix, que reuniu, entre quarta (21) e sexta-feira (23), ativistas e organizações da cultura digital e mídias livres. Realizado no Centro Maria Antônia da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, o evento foi organizado pelo Pontão de Cultura Digital e Mídias Livres, em parceria com o Coletivo Digital e o Outras Palavras, no âmbito do projeto realizado com o apoio do Ministério da Cultura (MinC)."
3-O orçamento da Politica Nacional de Cultura Aldir Blanc disponibilizados para a Politica Nacional Cultura Viva. No primeiro caso com alto volume de recursos e no segundo com percentual mínimo obrigatório, diferente dos dois primeiros ciclos ou primeiras gerações, em que os recursos foram mais limitados.
4-A legislação pró cultura, em especial a Lei Cultura Viva de 2014, fruto das lutas e conquistas desde o inicio da implantação do Programa Cultura Viva e lançamento dos editais dos Pontos e Pontões de cultura a partir de 2005. Não podemos esquecer da famigerada lei 8.666/96, o terror de muitos agentes culturais que foram selecionados em editais regidos por esta. Daí decorre a LAB 1, a LPG, a LAB 2, a Lei do Fomento, as normativas e portarias do MINC, entre outros
5-A utilização dos meios e recursos da tecnologia digital e da internet, o que está mais avançado nos tempos atuais, e que sendo bem utilizado acelera os processo de governança, incluindo questões como prestação de contas, transparência, controle e participação social, além do papel imprescindível da formação.
6-Por último, esse aspecto da formação foi sempre necessário e agora mais ainda , por causa da maior quantidade de recursos e do maior número de grupos, coletivos e organizações que acessam a PNCV via PNAB
7-Dai a importância da formação qualificada e continuada para os agentes culturais de base comunitária, como é um dos objetivos das TEIAS..
Sexta-Feira, 03 de Outubro de 2025 às 09:45:00
Governo reúne Pontos de Cultura para discutir fortalecimento da Política Cultura Viva em Sergipe
A Secretaria Especial da Cultura (Secult) realizou reunião entre a equipe diretiva da pasta e representantes dos Pontos de Cultura de Sergipe, com o objetivo de debater estratégias de fortalecimento da rede no Estado. As discussões giraram em torno das diretrizes da Política Nacional de Cultura Viva, regulamentada pelo Edital Cultura Viva no âmbito da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura.
A reunião foi marcada pela reafirmação da importância dos Pontos de Cultura como política pública estruturante para a cultura brasileira, pela defesa da acessibilidade e pelo reconhecimento da retomada institucional da Secult, como um passo fundamental para a consolidação das ações culturais de base comunitária no Estado.
Para o secretário executivo Irineu Fontes, a política de Pontos de Cultura permanece como referência internacional. “Os Pontos de Cultura são hoje reconhecidos como uma das propostas mais inovadoras de política cultural, não apenas no Brasil, mas no mundo”, afirma.
O secretário executivo destaca ainda o papel da cultura na transformação social. “Estamos alinhados ao Governo Federal e ao Ministério da Cultura para garantir que a política chegue na ponta, ampliando o acesso aos direitos culturais”.
Representantes dos Pontos
Entre os representantes dos Pontos de Cultura, José de Oliveira Santos, conhecido como Zezito, do Ponto de Cultura Ação Cultural, enfatizou o papel histórico das iniciativas comunitárias. “Nos tempos passados, atuamos fortemente com juventude, escola, audiovisual e dança em áreas muito abandonadas pelo poder público”, recordou. Ele ressalta a força da retomada: “Agora sentimos uma expansão muito grande, com a Secult reestruturada e alinhada ao Governo Federal. Não é apenas cultura pela cultura, mas cultura com saúde, diversidade, meio ambiente e educação”.
Já Isabela Bispo, representante do Ponto de Cultura Pescando Memórias, sublinhou a dimensão identitária e social do trabalho nas comunidades: “Nosso ponto preserva a identidade cultural, com ações de audiovisual, danças tradicionais e cidadania. Os Pontos de Cultura fazem a cultura de base e movimentam a economia social. A resistência é o que mantém a cultura viva”.
Antônio Carlos da Silva, do Pontão de Cultura Cine da Salô por Arte, e Osmário Campos, do Pontão Luz de Sol, reforçaram a importância do fórum como espaço de visibilidade e de luta por acessibilidade: “É importante para a gente mostrar o nosso trabalho, desenvolvido em Nossa Senhora da Glória, especialmente com pessoas com transtorno mental”, comenta Antônio Carlos.
Durante o encontro, também foi ressaltada a necessidade de assegurar acessibilidade nas ações apoiadas pelos Pontos de Cultura, seguindo as diretrizes da Portaria MinC nº 206/2025, que prevê, entre outras medidas, intérpretes de Libras, audiodescrição e transporte adaptado. “ Precisamos discutir a acessibilidade em todos os ambientes, porque também temos direito de ir e vir”, explica Osmário.
Fórum Estadual dos Pontos de Cultura como desdobramento dos debates foram anunciados alguns encontros que serão realizados no próximos meses, como a mesa técnica no próximo dia 11 de outubro. Além disso, em novembro ocorre o Fórum Estadual dos Pontos de Cultura, que integra a preparação para o 5º Fórum Nacional dos Pontos de Cultura e para a 6ª Teia Nacional, no Espírito Santo. O Fórum estadual será espaço de articulação, formação e deliberação, fortalecendo a rede sergipana na construção da política pública de base comunitária.
Como foi a reunião da comissão estadual provisória da Rede Sergipe de Pontos de Cultura com a equipe técnica da SECULT-SE em 02 de Outubro de 2025?
Transcrição resumida com auxilio de IA da reunião com a comissão estadual provisória da Rede de Pontos de Cultura de Sergipe e equipe da SECULT sobre a gestão de políticas e recursos culturais no estado, com foco nas dificuldades, nas mudanças organizacionais e nas futuras iniciativas.
A reunião foi realizada na sede da SECULT-SE, localizada à Av. Murilo Dantas, 881 - Farolândia.
Avaliação da Reunião com a Secretaria de Cultura do Estado (Secult)
Relatório gerado com suporte de IA
A 7ª reunião de retomada da Rede Sergipe de Pontos de Cultura realizada em 9 de outubro, detalhou preparativos e a logística do Fórum dos Pontos de Cultura de São Cristóvão a ser realizado em 11 de Outubro, no período da tarde, no auditório da ADUFS, e tratou da avaliação da primeira reunião ampliada da comissão estadual provisória da Rede Sergipe de Pontos de Cultura com o secretário adjunto da SECULT, Neu Fontes, e equipe técnica, em 02 de Outubro.
•Aspectos Positivos:
oTratamento da Acessibilidade: A solução quanto a falha técnica no prédio da Funcap com relação a acessibilidade, foi contornada com rapidez e sem stress. (dificuldade de acesso de cadeirante ao local original da reunião) foi detectada. .
oLição Aprendida: A situação serviu como lição para o governo do estado considerar a presença de especialistas em acessibilidade em reformas e construções, e para o "pontão de acessibilidade" com outros órgãos do governo e da sociedade civil especializados inspecionar equipamentos culturais públicos.
•Aspectos Negativos:
oDiscussão Sobre Delegados: A intervenção de um representante da Comissão estadual dos Pontos de Cultura, questionando a quantidade de delegados (30 por estado), definidos no regimento elaborado pela Comissão Nacional dos Pontos de Cultura foi considerada "desnecessária" e um "deslize".
Argumento: Esse critério beneficia estados menores e a pauta não deveria ter sido levantada pelo grupo de Sergipe que se beneficia da regra.
Consequência: Criou divergência interna, gerou desgaste com o gestor público presente e revelou falta de "cultura democrática" ao falar em nome pessoal dento de um contexto coletivo.
oViagem dos Delegados para a TEIA Nacional:
Preocupação com viagens de ônibus para delegados mais velhos e/ou com problemas de saúde.
O secretário mencionou o alto custo de passagens aéreas para Vitória e o translado para a cidade de Aracuz.
Um precedente citado foi a "Conferência das Mulheres" conseguiu que todos os delegados viajassem de avião, mostrando a importância da coesão do grupo e pressão política.
Cansativo e desrespeitoso: Dois participantes da reunião expressam que não é mais aceitável viajar de ônibus e acampar, como no passado; espera-se o mínimo de dignidade para os trabalhadores da cultura.
oEfetividade da Reunião com a Secult:
Embora boa para reflexão crítica sobre a gestão da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc), a reunião não forneceu respostas claras sobre a programação detalhada da TEIA e o orçamento da mesma.
Preocupação de que a programação da TEIA será apresentada como "fato consumado" na reunião de 11 de outubro, sem tempo para debate.
Percepção de que a gestão estadual, apesar de alguma abertura, está imersa no modus operandi das relações de poder da cultura politica tradicional, marcada por um viés "vertical" e "autoritário", e o grupo precisa manter a unidade e continuar pontuando suas demandas de forma sempre qualificada.
•Saldo Final Positivo (Reunião com Secult):
oConseguiu-se manter a programação do "Fórum" e da "Teia" conjunta (em novembro), como proposto pelo MINC e pela Comissão Nacional. dos Pontos de Cultura. Isso evitou a separação Fórum dos Pontos de Cultura em outubro, e Teia em novembro, proposto pela Secult, o que não estaria em conformidade com o regimento nacional que exige a presença de um representante da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura e da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC) no dia dos fóruns estaduais.
As escolas de tempo integral cumprem, também, uma função secundária, mas decisiva. A de esvaziamento das ruas. Funcionam como dispositivos de captura dos corpos juvenis, sob o argumento civilizatório de que o perigo está lá fora.
Rick Afonso-Rocha no Le Monde Diplomatique (edição em português)
10 de outubro de 2025
Crédito: igorovsyannykov/Pixabay
Em Pernambuco, o modelo de escola em tempo integral tem sido amplamente promovido como solução para os problemas da educação pública. Não raro, somos interpelados pelo discurso oficial que coloca a experiência pernambucana como exemplo nacional. Nesse discurso, tratar-se-ia de uma estratégia de inclusão, elevação do rendimento escolar e formação cidadã. No entanto, o que se observa cotidianamente dentro dessas escolas revela uma realidade radicalmente distinta. Jornadas exaustivas, salas superlotadas, ausência de espaços de socialização, supressão da arte e da prática esportiva e um currículo rigidamente conteudista.
Esse cenário, longe de constituir um espaço de emancipação, de formação crítica, se configura como um dispositivo de captura das subjetividades juvenis, moldado para conter, vigiar e adoecer. Constitui, em verdade, uma máquina de produção de subjetividades quebradas.
Essas escolas operam como verdadeiras “protoprisões”, onde a lógica do tempo integral foi apropriada por uma racionalidade neoliberal e securitária. Talvez minha experiência entre realidades, tendo sido professor em uma escola prisional e, agora, em uma escola integral, me permita enxergar as regularidades que fazem dessas instituições espaços marcados por continuidades radicais. A contenção dos corpos, a vigilância constante, a padronização das condutas e a administração do tempo não são exceções, mas elementos estruturantes em ambas. Muda-se o discurso, muda-se a arquitetura (nem tão diferentes, na verdade), mas a lógica do controle permanece.
Não se trata de oferecer mais tempo para viver a escola de forma plena, mas de restringir os corpos ao espaço escolar como forma de gestão do risco social, sobretudo quando se trata de juventudes negras, pobres e periféricas. A promessa de cuidado se converte em disciplinamento; a pedagogia se transforma em vigilância. Nas entrelinhas, o fracasso escolar não é combatido, ele é administrado, perseguido e cristalizado como destino.
As escolas de tempo integral cumprem, também, uma função secundária, mas decisiva. A de esvaziamento das ruas. Funcionam como dispositivos de captura dos corpos juvenis, sob o argumento civilizatório de que o perigo está lá fora. No entanto, o que se opera é a domesticação subjetiva do espaço urbano. Ensina-se que a rua não deve ser vivida, que a cidade não é lugar de estar, de conviver, de experimentar o acaso. A cidade torna-se um território interditado, reservado ao capital, ao consumo e à produtividade. A presença desautorizada de corpos não consumidores ou não produtivos nas ruas é tratada como ameaça à ordem ou, mais precisamente, como risco de aglutinação potencialmente insubordinada.
Retirar os jovens das ruas é ensaiá-los para o enclausuramento, acostumá-los à contenção, fazê-los desejar o privado como única forma legítima de existência. É instaurar o medo como mediação entre o sujeito e o espaço. Medo da cidade, medo do outro, medo do comum. E assim, sob a justificativa do cuidado, fortalece-se a arquitetura do isolamento. Vivemos a era da “cidade de muros”, como nos alertou Teresa Caldeira.[1] Não apenas muros de concreto, mas barreiras afetivas, simbólicas e sociais que impedem a ocupação plena do urbano. O que se protege, afinal, é a lógica da mercadoria. “Na cidade de muros não há tolerância para com o outro ou pelo diferente. O espaço público expressa a nova intolerância. As convenções modernistas de projeto usadas pelos enclaves ajudam a assegurar que diferentes mundos sociais se encontrem o mínimo possível no espaço da cidade, ou seja, que pertençam a espaços diferentes.” (Caldeira, 2000, p. 313).
O espaço público é esquartejado, vigiado, higienizado, porque o encontro, sobretudo o encontro improdutivo, é sempre uma ameaça. A rua, quando não rende lucro, precisa ser esvaziada. E o que chamamos de segurança, nesse contexto, é apenas o outro nome do controle. A liberdade, por sua vez, é reconfigurada como risco, como desordem, como desvio.
O funcionamento dessas escolas também revela uma recusa mais profunda. A de que o urbano seja reconhecido como matéria viva, concreta e simbólica, no processo formativo dos sujeitos. Como problematiza Raquel de Padua Pereira,[2] em estudo sobre o teatro periférico paulistano, as práticas culturais criadas nas margens da cidade operam a partir da realidade material e subjetiva do espaço urbano, não apenas como cenário, mas como matéria-prima da criação. Ao participar da interdição do acesso pleno à cidade e ao reforçar a lógica de limitação do tempo urbano vivido em sua complexidade, a escola de tempo integral nega, portanto, essa potência do território. Rompe-se, assim, a possibilidade de que o cotidiano, os deslocamentos, os afetos, os becos e as paisagens sejam incorporados ao processo educativo como saber e experiência. O que se instala é uma pedagogia contra o urbano, uma pedagogia que fecha o tempo e o espaço. Uma antipedagogia do território.
Paradoxalmente, ou talvez nem tanto, o neoliberalismo que se vende como ideologia da liberdade ilimitada foi a racionalidade que mais investiu na multiplicação dos aprisionamentos. Contudo, aprisionamentos sofisticados, travestidos de escolha, vendidos como desejo. O medo converte a ausência de liberdade em mercadoria. Somos treinados para consumir proteção, contratar blindagem, sonhar com muros. Desejar o cárcere e pagar por ele.
A escola integral, nesse projeto, não é meramente um espaço de ensino. É uma engrenagem de controle da circulação urbana, um simulacro de acolhimento que prepara os sujeitos para uma vida conformada ao enclausuramento. Enclausuramento que passa ser não apenas projeto, mas também destino e desejo. A promessa de formação integral torna-se, na prática, um treinamento para a vida em jaulas afetivas, espaciais e subjetivas. E tudo isso nos é oferecido como cuidado, como progresso, como política pública. Um gesto cínico, mas profundamente eficaz de pedagogia do medo.
Ao contrário das promessas de salas amplas, bibliotecas vivas, áreas verdes e ambientes que estimulem a criação e a convivência, o que se encontra nas escolas de tempo integral são, geralmente, espaços marcados pelo sufocamento. Turmas lotadas, salas abafadas sem qualquer climatização, paredes que repetem conteúdos em excesso e pouquíssimo espaço para o corpo, para a pausa, para a invenção. O tempo é todo ocupado, mas raramente vivido.
As bibliotecas, quando não são inexistentes, são frequentemente transformadas em depósitos de livros didáticos antigos, prateleiras empoeiradas que exibem acervos burocráticos, desinteressantes, divorciados da realidade e das urgências de quem ali estuda. Nos raros casos em que há bons títulos, falta quem cuide, quem provoque, quem mobilize. Falta gente, profissional qualificado e com tempo, para transformar aquele espaço em algo mais que uma sala de guarda. Porque biblioteca não é só coleção de livros. É lugar de travessia, de imaginação, de encontro com outras vozes. Mas o que se oferece, na maior parte das vezes, é silêncio estéril, paredes opacas e o mesmo projeto de domesticação que atravessa toda a escola.
Os projetos de leitura, arte, música ou esporte, quando existem, são frutos da insistência quase heroica de alguns professores e gestores que, à revelia da estrutura escolar, os sustentam em seus horários de descanso ou em brechas da rotina oficial. Isso porque o tempo institucional foi capturado por uma lógica produtivista, onde tudo gira em torno de aulas, provas, simulados e metas. O espaço para o sensível, para a criação, para o encontro, para aquilo que poderia, de fato, formar, é residual, tratado como supérfluo ou distração.
É nesse cenário que projetos alternativos, como clubes de leitura, oficinas de RPG, música ou escrita criativa, surgem quase sempre como práticas insurgentes, mantidas pela insistência de poucos. Esses projetos, muitas vezes desenvolvidos nos intervalos ou fora do horário oficial, revelam o desejo de romper com a lógica da escassez e da repetição. Não há espaço institucional para a imaginação política na escola.
Os professores de Pernambuco, submetidos a um dos piores salários do Nordeste, são empurrados para esse cenário por pura necessidade. A gratificação oferecida pelo modelo integral é pífia e sequer se incorpora à aposentadoria. Mas, ainda assim, diante da desvalorização salarial, é desejada. Trata-se de um trabalho a mais por um reconhecimento a menos. E, para completar a farsa, há ainda as metas, perversas e desumanizantes, que reduzem a educação a um negócio, a uma planilha de resultados, a uma mercadoria em disputa. Como prêmio de consolação, inventaram o BDE, o bônus de desempenho educacional. Uma espécie de medalha de papel para as escolas que, domesticadas pela lógica gerencial, conseguem bater os índices impostos pelas Gerências Regionais de Educação. O que se valoriza não é o processo, é o número. O que importa não é o estudante, é o gráfico.
Essa estrutura esgota emocionalmente estudantes e professores. O tempo integral deixa de ser tempo vivido para se tornar tempo encerrado, tempo fechado, em que os sujeitos não criam, mas obedecem. A depressão, a ansiedade, o desinteresse e o tédio são respostas cada vez mais comuns e, muitas vezes, medicalizadas ou culpabilizadas como falhas individuais. Aqui, torna-se útil recorrer à leitura de Mark Fisher,[3] para quem o sofrimento psíquico não é apenas um problema de ordem médica, mas o reflexo direto de um sistema que produz sofrimento como modo de gestão. A escola, nesse modelo, torna-se operadora do realismo capitalista, em que faz aparentar não haver saída, apenas adaptação.
Esse contraste se agrava quando se olha para a experiência histórica dos CIEPs idealizados por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Ali, a proposta de educação integral passava por outra lógica. Ainda capitalista, mas outra lógica. A de formação plena, com arte, esporte, lazer, alimentação e cidadania como eixos fundamentais. O modelo pernambucano, ao contrário, elimina aspectos formativos que não possam ser quantificados em provas ou índices. O tempo é capturado e convertido em unidade de rendimento, enquanto o corpo e a subjetividade dos estudantes são tratados como obstáculos a serem vencidos, domesticados ou eliminados por abandono e evasão.
A escola de tempo integral, em Pernambuco, tem se revelado, na prática, uma escola de tempo exaustivo. A ampliação da jornada não significa expansão do sentido da escola, mas apenas o prolongamento da lógica conteudista, da pressão, da cobrança incessante. São nove aulas seguidas, todos os dias, em salas superlotadas, abafadas, enclausuradas; sem janelas para o sensível, sem respiro para o simbólico. Práticas artísticas, culturais ou esportivas são quase inexistentes. O que se institui, então, é uma rotina desumanizante que esvazia o desejo, atrofia a imaginação e transforma o tempo escolar em castigo.
O entusiasmo com que certos burocratas da educação pernambucana defendem seu modelo de escola integral revela muito mais sobre o projeto de gestão que abraçaram do que sobre as reais condições vividas dentro das escolas. Apresentam uma narrativa eufórica sobre a implantação das EREMs (Escolas de Referência em Ensino Médio),[4] pautada por indicadores de desempenho e avaliações externas, sem qualquer problematização crítica dos efeitos subjetivos, pedagógicos ou sociopolíticos do projeto de aprofundamento da razão neoliberalista. Essa visão gerencialista da educação, que transforma o estudante em métrica e o professor em executor de metas, ignora as denúncias cotidianas de esgotamento, medicalização, adoecimento e vigilância.
Ao promover uma pedagogia empresarial travestida de inclusão, esse projeto não apenas neutraliza a escola como espaço de formação crítica, mas a reconfigura como aparelho técnico de gestão da pobreza. A celebração dessa política como “referência nacional” escamoteia o preço pago por quem habita esses espaços. O preço da ansiedade, da exaustão e da perda do sentido. Celebrar essa política como “revolução” é, no mínimo, um gesto de cinismo tecnocrático.
Não é raro ouvir estudantes comparando a escola a uma prisão. Às vezes, desejam que chova torrencialmente, que relampeie, que desabe o mundo lá fora, só para que as aulas sejam suspensas. E muitos de nós, professores, também exaustos, igualmente enclausurados nesse sistema, partilhamos o mesmo desejo de fuga. Às vezes, secretamente, torcemos pela catástrofe: o alagamento, a falta de luz, a enchente, o caos. Um desejo triste que revela uma tristeza ainda maior. O colapso íntimo da esperança pedagógica.
Porque esse cansaço não é apenas físico. É o esgotamento de uma ideia de educação que já não nos move, que já não nos comove. Uma escola que deveria ser espaço de vida, de invenção e de mundo, passa a ser o laboratório de uma pedagogia do desespero. E quando sonhamos com a chuva para que tudo pare, é porque por dentro já estamos alagados.
Essa intensificação da rotina escolar sob o manto do tempo integral converge com o que Foucault identificou como as tecnologias disciplinares do poder. O corpo é retido, vigiado e moldado por meio de uma organização do espaço e do tempo que visa à docilização e ao rendimento. Não há tempo para respirar, para experimentar o ócio criativo ou para estabelecer vínculos afetivos com os saberes. A gestão do tempo e do espaço torna-se um dispositivo de controle. O fracasso não é lido como sinal de um modelo falho, mas como prova de que o aluno não se esforçou o suficiente.
Essa lógica também estrutura as relações entre os sujeitos escolares. Professores e estudantes compartilham o esgotamento como forma de vida. O ambiente escolar torna-se saturado de cobranças e ausente de trocas. A ansiedade dos alunos é lida como indisciplina, a exaustão dos professores é tomada como incompetência. O sofrimento é individualizado. A dimensão estrutural da crise é apagada. Assim como na lógica neoliberal mais ampla, a escola de tempo integral transforma a falha em culpa e a resistência em patologia.
O tempo integral, moldado por essa lógica de produtividade e vigilância, se aproxima da administração da pobreza. Ao invés de criar condições para o florescimento da vida, ele se volta para a contenção dos sujeitos. A escola vira uma forma de habitar o fracasso. O que se oferece aos estudantes não é um futuro ampliado, mas uma antecipação da precariedade. Em vez de romper com as lógicas punitivistas que atravessam as periferias, a escola passa a reproduzi-las em sua arquitetura, em seu currículo e em seus silêncios.
Essa aproximação entre escola e prisão não é apenas uma metáfora. Ela se concretiza nos modos de circulação dos corpos, na rigidez dos horários, na escassez de espaços de autonomia e na vigilância permanente. Os estudantes são mantidos em sala durante horas, com pouca ou nenhuma mobilidade. As pausas são mínimas e muitas vezes controladas por orientadores que operam como agentes disciplinares. Bibliotecas, quadras e áreas externas, quando existem, são inacessíveis ou monitoradas a ponto de desestimularem qualquer permanência. Há ali um desejo de contenção, não de circulação.
Na prisão, a escola é apresentada como oportunidade de ressocialização. Na escola de tempo integral, o discurso é de formação para a cidadania. Em ambos os casos, a lógica de fundo é a mesma. Não se trata de ampliar o mundo do sujeito, mas de regular sua conduta. A cidadania, quando aparece, vem esvaziada de conteúdo político, reduzida a um ideal de comportamento e autocontrole. Não há incentivo à crítica, à invenção, à criação de mundos possíveis. O que se promove é o encaixe forçado do sujeito em uma realidade que o violenta.
O discurso de sucesso que cerca essas escolas esconde os mecanismos que silenciam os efeitos colaterais do modelo. Os índices de aprovação são usados como vitrine, enquanto os casos de adoecimento emocional, desinteresse profundo, apatia e abandono simbólico são varridos para debaixo do tapete. Não se fala sobre os corpos que desistem em silêncio, sobre os que adoecem em voz baixa, sobre os que resistem apenas pelo vínculo com um ou outro professor. O fracasso não é visível nas estatísticas, mas está inscrito nas paredes, nos olhares cansados, nos corredores esvaziados de afeto.
A transformação da escola em espaço de sofrimento não é um erro de gestão, mas um sintoma de um projeto político mais amplo. O neoliberalismo não se contenta em dominar os corpos economicamente. Ele precisa administrar também os afetos, os desejos, os ritmos e os sonhos. A ansiedade escolar, longe de ser um efeito colateral, torna-se uma tecnologia de governo. Quanto mais ansioso o estudante, mais dependente de aprovação externa. Quanto mais esvaziado de si, mais maleável para o mercado. A pedagogia da ansiedade serve à lógica da produtividade infinita, mesmo quando já não há mais desejo de produzir.
É nesse cenário que a escola de tempo integral se consolida como um dispositivo de antecipação do mundo do trabalho precário. A jornada estendida, a repetição mecânica, a ausência de tempo livre e a fragmentação da experiência criam sujeitos conformados com a exaustão. Aprendem desde cedo que estar cansado é normal, que viver sob pressão é inevitável, que sentir prazer no aprender é privilégio. A escola naturaliza a vida como esforço sem recompensa. Ensina a suportar o insuportável.
O que se perde nesse processo não é apenas a alegria de aprender, mas também a potência de imaginar. Sem imaginação, não há política. Sem criação, não há ruptura. A escola que apaga a arte, o riso, o jogo e a convivência está formando corpos disponíveis para a obediência, não para a transformação.
Em Pernambuco, o tempo integral foi apropriado como ferramenta de contenção dos filhos da classe trabalhadora, sobretudo os jovens negros e periféricos. A promessa de um projeto emancipador foi sequestrada por uma racionalidade técnica que transforma o tempo em rendimento e o estudante em dado.
Por isso, é preciso recuperar o sentido radical da palavra educação. Educar não é domesticar, nem vigiar, nem punir com nove aulas diárias. Educar, do ponto de vista dos interesses da classe trabalhadora, é criar condições para que o sujeito se reconheça no mundo e se transforme com ele. Essa dimensão só é possível quando o tempo é vivido com intensidade, quando o corpo encontra respiro, quando a palavra circula sem medo e quando a escola deixa de ser um espaço de confinamento para se tornar um território de invenção coletiva.
Recusar esse modelo não é recusar a ideia do tempo integral como possibilidade de outra escola. É recusar a perversão que hoje se apresenta como cuidado, mas que opera como castigo; que se anuncia como formação, mas vigia; que promete oportunidade, mas adoece. O que está em jogo é a defesa de um tempo do saber que possa ser vivido e não apenas suportado. Um tempo de criação, de desejo, de mundo e de corpo.
Os CIEPs de Brizola e Darcy Ribeiro, embora longe de qualquer horizonte revolucionário, apontavam para uma escola que reconhecia o direito ao tempo, ao alimento, à arte, à dignidade. Não eram apenas projetos pedagógicos, eram tentativas de afirmar uma outra racionalidade de Estado. Sim, ainda dentro da lógica dos aparelhos ideológicos, ainda ferramentas do Capital, mas, ao menos, sinalizavam para uma inflexão no modo como o Estado se relaciona com os corpos populares. Reivindicar hoje esse horizonte não é idealizar o passado. É reconhecer o abismo presente.
A experiência dos CIEPs, apesar de interrompida por forças conservadoras e neoliberais, permanece como horizonte possível. Havia ali a compreensão de que tempo integral significa vida integral. Alimentação, arte, esporte, saúde, afetos e cultura faziam parte do projeto. Era uma escola que não tinha medo do corpo do povo. Pois era um projeto de tensionamento e de disputa que reconhecia os limites da escola capitalista e que, por isso mesmo, transava com suas contradições.
Em Pernambuco, ainda é possível reinventar essa perspectiva, mas isso exige romper com a lógica da produtividade e da eficiência técnica que rege as atuais políticas educacionais. Esse rompimento pressupõe, antes de tudo, a existência de um sindicato vivo, combativo e independente, cuja atuação não se limite às campanhas salariais, mas que enfrente, de forma incisiva, os projetos hegemônicos e os interesses dos donos do poder. Pressupõe um sindicato capaz de criar e potencializar condições de mobilização da comunidade em torno dessa luta.
Enquanto isso não acontece, as escolas seguem adoecendo em silêncio. Os estudantes se tornam números, os professores resistem como podem, e o tempo se transforma em algo que precisa ser suportado. Mas nem tudo está perdido. Cada projeto de clube, cada roda de leitura, cada aula em que o mundo se abre, ainda que por um instante, são fissuras na engrenagem. São essas fissuras que mantêm viva a possibilidade de uma outra educação.
Enquanto a revolução não vem, e ela não virá por dentro da escola, o que resta é disputar o que ainda pode ser vivido. Porque se nada for feito, seremos apenas cobaias de um laboratório de exaustão e controle, onde a pedagogia da exploração se aperfeiçoa dia após dia. E se for para sonhar baixo, que seja com uma escola menos desumana. Ainda que provisória. Ainda que longe da liberdade que desejamos.
Porque não há, neste momento histórico, um projeto político suficientemente forte para assustar a burguesia. Não há medo de classe. E onde não há medo, há ousadia da exploração em sua forma mais brutal. Diante disso, até mesmo lutar por aquilo que não é revolucionário se torna urgente. É luta por migalhas, sim, mas migalhas que podem, por ora, proteger vidas. Quando o monstro mostra os dentes sem disfarces, cada conquista se transforma em trincheira. Só não podemos nos perder na luta legalista e na atmosfera de cidadania e de afirmação da instituição escolar como símbolo de transformação.
Quanto ao horizonte projetivo possível, é preciso reconhecer que a escola ainda é um campo de/em disputa. E essa disputa passa, em grande parte, pela atuação dos professores, não como heróis solitários ou mártires românticos, mas como trabalhadores precarizados, exauridos, forçados a atuar sob as condições mais adversas, e que, justamente por isso, tornam-se linha de frente na defesa do que ainda pode ser arrancado do esfacelamento. Em meio a salários indignos, metas sufocantes e políticas de controle, muitos seguem tensionando o que está dado, abrindo brechas, criando frestas. Não por vocação, mas por consciência. Porque sabem que a escola, mesmo capturada, constitui terreno de contradição.
Transformar um corredor em espaço de escuta, desviar uma aula para o debate que importa, desobedecer silenciosamente a lógica do controle, esses não são gestos de esperança ingênua, mas formas de resistência cotidiana. Onde há conflito, há política. E onde há política, há possibilidade. A escola é, hoje, ao mesmo tempo, aparato de controle e espaço de sobrevivência ideológica. Por isso, falar das escolas como “protoprisões” não é negá-las, é denunciá-las para reivindicá-las desde a contradição.
É afirmar que a juventude da classe trabalhadora não pode continuar sendo educada para o cansaço, para o silêncio, para o adestramento. É insistir que o tempo vivido na escola pode e deve ser tempo de mundo, de linguagem, de embate. Que a escola pública, mesmo sitiada, ainda é um campo de luta. E que nossa tarefa, enquanto ela existir, é tensionar seus muros por dentro, até que eles cedam.Parte inferior do formulário
Rick Afonso-Rocha é doutor em Letras: Linguagens e Representações (UESC), professor da rede pública de educação do Estado de Pernambuco. Advogado, anarquista e pesquisador independente.
[1] CALDEIRA, Teresa. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34, 2000.
[2] PEREIRA, Raquel de Padua. Produção cultural periférica e urbanização: uma abordagem a partir das representações artísticas teatrais da periferia de São Paulo (SP). Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, [S. l.], v. 27, n. 1, 2025. DOI: 10.22296/2317-1529.rbeur.202525. Disponível em: https://rbeur.anpur.org.br/rbeur/article/view/7702. Acesso em: 8 jul. 2025.
[4] DUTRA, Paulo Fernando de Vasconcelos. Marcos históricos da educação integral no Brasil analisados a partir da experiência de Pernambuco 2004-2021. Tese (Doutorado em Educação), Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2021.
A reunião detalhou preparativos e a logística do Fórum dos Pontos de Cultura de São Cristóvão a ser realizado em 11 de Outubro, no período da tarde, no auditório da ADUFS, e tratou da avaliação da primeira reunião ampliada da comissão estadual provisória da Rede Sergipe de Pontos de Cultura com o secretário adjunto da SECULT, Neu Fontes, e equipe técnica, em 02 de Outubro.
Relatório gerado com suporte de IA
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1. Planejamento do Evento em São Cristóvão (Período da Tarde)
•Lanche/Coffee Break:
oConsiderado essencial para um evento de 3-4 horas.
oSugestão de "cota" (contribuição compartilhada dos quatro Pontos de Cultura organizadores ) para viabilizar.
oIdeias de lanches: frutas, pão com queijo, salgadinhos.
oContato para salgadinhos: Uma fornecedora de Socorro faz "cento de salgado" (100 salgados) por menos de R$100, incluindo entrega.
oLogística: Avaliar a compra e entrega, considerando o compromisso matinal com outra reunião sobre Pontos de Cultura apoiados pela SECULT.
oResponsáveis: Isabela e Danilo devem fazer uma lista de consumo e custos.
•Participantes:
oEstimativa de 20 a 30 pessoas.
oA importância de convites pessoais para participação no Fórum de São Cristóvão, além da divulgação em grupos do whatsapp..
oConfirmações atuais da Ação Cultural: Maíra e mais dois integrantes que confirmaram presença, havendo dois indecisos que aguardam confirmar. A expectativa é cada Ponto organizador trazer 3-4 pessoas.
Verificação de confirmação dos Pontos "Ilê Axé Alaroke” e "Liga de Capoeira".
oInscrição: Uso de formulário (Google Forms) para pré-inscrições e fichas impressas (cerca de 10) para quem se inscrever na hora. O Google Forms gera uma lista para conferência.
oAbertura: O evento não se restringe a "pontos de cultura", sendo aberto a outras agentes culturais que atuam em comunidades, assim como pesquisadores e técnicos interessados em ação comunitária/cultural.
•Logística e Equipamentos:
oLocal: Auditório da Adufs (Campus UFS - São Cristóvão).
oLevar projetor, computador, extensão e cabos de áudio próprios. A cargo de Zezito. O local dispõe de uma potente caixa de som e microfone.
oChegada: A equipe organizadora deverá chegar cedo.
oReunião prévia: Sugere-se que o grupo que for para São Cristóvão saia junto do evento da Funcap pela manhã, antes do final, a fim de organizar a chegada em tempo para o fórum de pontos de cultura de São Cristóvão.
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2. Reunião dos Pontos de Cultura apoiados pela Funcap
Horário: Zezito de Oliveira pretende sair da reunião na FUNCAP às 11h, no máximo 11h30, para se preparar para o evento da tarde em São Cristóvão.
oEspera que a programação da FUNCAP seja pontual , com previsão de inicio às 9h .
•Almoço e Deslocamento:
oSugere-se que o grupo almoce junto após a saída da reunião da FUNCAP e se dirija para a UFS em São Cristóvão.
•Programação do evento da manhã organizado pela FUNCAP.
REUNIÃO GERAL DOS PONTOS DE CULTURA
A Reunião Geral dos Pontos de Cultura acontecerá no dia 11 de outubro (sábado), das 9h às 12h, no auditório do Centro de Criatividade (Rua Dom Bosco, 119-149 - Getúlio Vargas, Aracaju). O encontro reunirá os Pontos de Cultura já existentes no estado, os novos pontos contemplados nos editais da FUNCAP e representantes técnicos da SECULT e da FUNCAP. O objetivo é apresentar as diretrizes institucionais e discutir os próximos passos para o Fórum e a TEIA Estadual dos Pontos de Cultura.
Temas da pauta:
• Apresentação da equipe da SECULT/FUNCAP;
• Certificação dos Pontos de Cultura;
• Acompanhamento e contribuições da SECULT/FUNCAP aos projetos contemplados nos editais de Pontos e Pontões de Cultura;
• Definição de data, local e duração da TEIA Estadual dos Pontos de Cultura;
• Proposta de programação da SECULT/FUNCAP para a TEIA;
• Processo de retomada da Rede Sergipana de Pontos de Cultura rumo à TEIA 2026;
• Apresentação dos Pontos de Cultura apoiados nos editais da PNAB/FUNCAP;
• Data, local, duração e condições do Fórum e da TEIA estadual de Cultura de Sergipe.
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3. Avaliação da Reunião Anterior com a Secretaria de Cultura do Estado (Secult)
•Aspectos Positivos:
oTratamento da Acessibilidade: A solução quanto a falha técnica no prédio da Funcap com relação a acessibilidade, foi contornada com rapidez e sem stress. (dificuldade de acesso de cadeirante ao local original da reunião) foi detectada. .
oLição Aprendida: A situação serviu como lição para o governo do estado considerar a presença de especialistas em acessibilidade em reformas e construções, e para o "pontão de acessibilidade" com outros órgãos do governo e da sociedade civil especializados inspecionar equipamentos culturais públicos.
•Aspectos Negativos:
oDiscussão Sobre Delegados: A intervenção de um representante da Comissão estadual dos Pontos de Cultura, questionando a quantidade de delegados (30 por estado), definidos no regimento elaborado pela Comissão Nacional dos Pontos de Cultura foi considerada "desnecessária" e um "deslize".
Argumento: Esse critério beneficia estados menores e a pauta não deveria ter sido levantada pelo grupo de Sergipe que se beneficia da regra.
Consequência: Criou divergência interna, gerou desgaste com o gestor público presente e revelou falta de "cultura democrática" ao falar em nome pessoal dento de um contexto coletivo.
oViagem dos Delegados para a TEIA Nacional:
Preocupação com viagens de ônibus para delegados mais velhos e/ou com problemas de saúde.
O secretário mencionou o alto custo de passagens aéreas para Vitória e o translado para a cidade de Aracuz.
Um precedente citado foi a "Conferência das Mulheres" conseguiu que todos os delegados viajassem de avião, mostrando a importância da coesão do grupo e pressão política.
Cansativo e desrespeitoso: Dois participantes da reunião expressam que não é mais aceitável viajar de ônibus e acampar, como no passado; espera-se o mínimo de dignidade para os trabalhadores da cultura.
oEfetividade da Reunião com a Secult:
Embora boa para reflexão crítica sobre a gestão da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc), a reunião não forneceu respostas claras sobre a programação detalhada da TEIA e o orçamento da mesma.
Preocupação de que a programação da TEIA será apresentada como "fato consumado" na reunião de 11 de outubro, sem tempo para debate.
Percepção de que a gestão estadual, apesar de alguma abertura, está imersa no modus operandi das relações de poder da cultura politica tradicional, marcada por um viés "vertical" e "autoritário", e o grupo precisa manter a unidade e continuar pontuando suas demandas de forma sempre qualificada.
•Saldo Final Positivo (Reunião com Secult):
oConseguiu-se manter a programação do "Fórum" e da "Teia" conjunta (em novembro), como proposto pelo MINC e pela Comissão Nacional. dos Pontos de Cultura. Isso evitou a separação Fórum dos Pontos de Cultura em outubro, e Teia em novembro, proposto pela Secult, o que não estaria em conformidade com o regimento nacional que exige a presença de um representante da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura e da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC) no dia dos fóruns estaduais.
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4. Próximos Passos e Encerramento
•As questões logísticas práticas para o evento de São Cristóvão serão encaminhadas pelo grupo via whatsapp.
•Confirmação da sequência das apresentações por tema no evento da Funcap do sábado de manhã ( com inicio às 9h no centro de atividades).
•Encerramento da reunião, com agradecimentos aos presentes.