quinta-feira, 26 de junho de 2025

Frei Clodovis Boff. Quem te viu, quem te vê "Quem não o conhece não pode mais ver pra crer. Quem jamais o esquece não pode reconhecer."

 Quem Te Viu, Quem Te Vê - Chico Buarque ‧ 1967

Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala

Você era a favorita onde eu era mestre-sala

Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua

Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua

Hoje o samba saiu procurando você

Quem te viu, quem te vê

Quem não a conhece não pode mais ver pra crer

Quem jamais a esquece não pode reconhecer

Quando o samba começava, você era a mais brilhante

E se a gente se cansava, você só seguia adiante

Hoje a gente anda distante do calor do seu gingado

Você só dá chá dançante onde eu não sou convidado

Hoje o samba saiu procurando você

Quem te viu, quem te vê

Quem não a conhece não pode mais ver pra crer

Quem jamais a esquece não pode reconhecer

Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta classe

De dourado eu lhe vestia pra que o povo admirasse

Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia

Quem brincava de princesa acostumou na fantasia

Hoje o samba saiu procurando você

Quem te viu, quem te vê

Quem não a conhece não pode mais ver pra crer

Quem jamais a esquece não pode reconhecer

Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria

Quero que você assista na mais fina companhia

Se você sentir saudade, por favor não dê na vista

Bate palmas com vontade, faz de conta que é turista

Hoje o samba saiu procurando você

Quem te viu, quem te vê

Quem não a conhece não pode mais ver pra crer

Quem jamais a esquece não pode reconhecer


O PEQUENO MUNDO DE CLODOVIS BOFF E O CLAMOR DO MUNDO
Romero Venâncio (UFS)

Nosso breve texto nasce do impacto provocado pela leitura de uma carta do teólogo Clodovis Boff dirigida aos bispos do CELAM reunidos no Rio de Janeiro. Desde as primeiras linhas, torna-se evidente o propósito do autor: criticar o documento final do CELAM e, ao mesmo tempo, estender essa crítica à Igreja Católica no Brasil e na América Latina como um todo.
Desde 2014, com a publicação da obra de fôlego “O Livro do Sentido. Crise e busca de sentido hoje” (Editora Paulus), já se percebia o ponto culminante de uma inflexão significativa na trajetória teológica e pessoal de Clodovis Boff. 
Na verdade, sinais dessa guinada são perceptíveis desde os anos 1990, quando o teólogo passou a expressar uma inquietação crítica em relação à Teologia da Libertação. Textos publicados na revista REB já denunciavam uma mudança radical de perspectiva. Clodovis começou questionando o uso da categoria “pobre” na teologia latino-americana, que, em sua leitura, implicava um “equívoco epistemológico” de toda a Teologia da Libertação. Chegou a afirmar que essa corrente teológica teria substituído Jesus pela figura do pobre, modificando assim toda uma cristologia. 
Essa interpretação foi rebatida com clareza pelo Pe. José Comblin. Não retornaremos diretamente a essa controvérsia aqui, mas é importante reconhecer que, naquele momento histórico, Clodovis já alterava profundamente seu modo de pensar e fazer teologia como membro da congregação dos Servos de Maria.
“O Livro do Sentido” representa uma guinada metafísica na produção intelectual do teólogo. Ao longo de seus nove capítulos, Clodovis estrutura sua reflexão em torno do conceito de “sentido”, que se torna o eixo central de sua argumentação. A obra se aproxima muito mais do pensamento de teólogos franceses ou alemães dos anos 1950 diante do existencialismo de Sartre, do que da tradição latino-americana. 
Nota-se também sua afinidade com Nietzsche e com temas da chamada pós-modernidade. A vida “ordinária”, “ética” e “religiosa” são, segundo ele, ameaçadas por uma onda niilista que aflige a “humanidade” — expressão emblemática da generalização metafísica que atravessa o livro. Marx e a crítica social estão ausentes dessa empreitada intelectual. 
Essa ausência talvez resuma bem a virada teológica de Clodovis em direção a um lugar hermenêutico e metafísico. Paciência. A vida segue.
O Clodovis Boff que lemos hoje é esse. Sua postura crítica aparece de forma contundente já na pergunta dirigida aos bispos do CELAM: “Que boa nova li ali?” — à qual responde, laconicamente: “Nenhuma”. 
Para ele, o documento dos bispos apenas “repete a mesma cantilena: social, social e social”. A crítica do teólogo se estrutura, portanto, numa visão que vai do particular ao universal, da constatação pessoal à generalização institucional. 
Segundo Clodovis, falta à Igreja atual uma cultura que reforce a “identidade católica”, o uso de “símbolos religiosos” e de “gestos piedosos”. Chega a afirmar que bispos, padres e freiras perderam essa dimensão devocional. Em tom mordaz, resume a Igreja Católica a uma ONG ou a uma instituição contaminada por uma “sociologia ordinária”.
Tal postura impressiona, especialmente para quem leu “Opção pelos pobres”, escrito por Jorge Pixley e Clodovis Boff nos anos 1980. Qualquer leitor atento daquela obra refutaria, sem muito esforço, o Clodovis Boff de 2025.
O texto recente do teólogo, embora dirigido formalmente aos bispos católicos, parece endereçado a um “novo rebanho”: grupos e youtubers das redes digitais filiados a direita católica. Clodovis tornou-se, cada vez mais, um interlocutor e orientador de segmentos conservadores do catolicismo. 
O abandono e a crítica à Teologia da Libertação tornaram-se seu bilhete de entrada no seleto grupo de extremistas de direita que atuam nas redes sociais e em dioceses, vociferando contra o comunismo, o Concílio Vaticano II, o Papa Francisco e qualquer projeto de sinodalidade.
Exemplo recente desse movimento é a “guerra de catecismos” promovida pelo Centro Dom Bosco e seus apoiadores nas redes digitais — um debate estéril e desconectado da complexidade do momento histórico atual.
Clodovis está, assim, construindo uma teologia a partir de um mundo estreito, centrado em devocionalismos e tradicionalismos, alheio aos clamores do mundo fora da sua Igreja. Nada mais desastroso para um teólogo contemporâneo do que tornar-se um pensador provinciano e autorreferenciado. E Clodovis chegou a esse ponto.
Vejamos: num momento em que assistimos ao genocídio inclemente do povo palestino, aos ataques ao Irã pelo Estado sionista de Israel e pelo governo dos EUA — com o mundo à beira de uma nova guerra —, a Igreja de Clodovis e seus seguidores dedica-se, simplesmente, à “catequese”.


@victorfesioli

Romero, concordo com suas considerações sobre o Clodovis, já conversamos sobre ele e o que tem feito... Devido à grandeza intelectual fruto de uma formação rigorosa e de uma inserção nas comunidades até os anos de 1980 em perspectiva de práxis, é lamentável ver um intelectual como ele abrir mão dessa trajetória e do panorama teológico da libertação que ele mesmo ajudou a ampliar e qualificar as raízes. Tão triste quanto é perceber que ele, além de se emaranhar na "teia" do sentido metafísico, retrocedendo como se tivesse entrado numa máquina do tempo que o transportou para a Antiguidade e que o leva, no máximo, ao Medievo, está sendo capturado pelas malhas da extrema-direita católica. Triste fim! Ainda bem que temos o irmão dele, como sempre, ativo, produtivo, perseverante e, sobretudo, coerente com a libertação da Teologia e a Teologia da Libertação.

AO MEU PROFESSOR CLODOVIS BOFF

Celso Pinto Carias, “mendigo de Deus”.

Caro professor.

Suas aulas e textos eram para mim a reflexão de um dos mais profundos teólogos que tive a honra de conhecer pessoalmente. Além da grande admiração por alguém que unia teoria e prática, que dava testemunho do que falava e escrevia. 

Porém, agora fico me perguntado para onde foi este teólogo? Não escrevo para fazer contestação, mas para tentar encontrar este Clodovis que conheci. 

Minha impressão, usando um ditado popular, é que você “está jogando a água é bebê fora”. 

Não há dúvida que um intelectual profundo como você pode ir reformulando a própria reflexão ao longo tempo. Não me surpreende a revisão que você tem feito. Em certa medida, você sabe, até concordo que a TdL não aprofundou a relação da teologia com vida existencial do povo, não aprofundou, suficientemente, a dimensão subjetiva e simbólica.

Hoje mesmo (22/06), na pequena comunidade que participo, uma senhora que nunca  tínhamos visto participou da Celebração da Palavra conosco. Na partilha ela disse que passou em frente e procurou saber o horário da celebração. Cremos que, como foi bem acolhida, abriu o coração. Disse que estava ali, na igreja, depois de três anos. Perdeu um filho assassinado, envolvido com drogas. Sentia-se culpada. Ora, o que poderíamos oferecer a ela? Falar da injustiça que o sistema impõe aos pobres? Dizer que  há um processo de exclusão que estimula a aparofobia e segrega, sobretudo os negros? A comunidade simplesmente a acolheu e buscou afirmar que a vida dela tem valor e que vale a pena ela continuar. Parece que ela gostou. 

Porém, sabemos bem, que isso não significa que possamos afirmar que o compromisso com os pobres seja um mero detalhe da Boa Nova de Jesus Cristo. Que o Reino de Deus não seja o centro da missão de Jesus de Nazar Também não dá para ficar no dualismo platônico entre alma e corpo, não reconhecendo  a salvação como um processo integral até a plenitude. 

Mas não tenho condições de fazer esta reflexão neste texto. O que me surpreende é a situação na qual você envolveu a sua crítica. Meu irmão, muitos dos que estão em sua volta hoje, utilizando-se do seu posicionamento, tem promovido mentiras e discurso de ódio. Alguns até suspeitos de estarem promovendo golpe de estado. Promovendo a divisão na Igreja de forma desonesta. Nosso Papa Francisco sofreu muito com eles. 

Seria tão bom se pudéssemos bater um longo papo ao redor de uma mesa, com fraternidade, serenidade e acolhimento, para compreender tudo isso melhor. Fico imaginando uma conversa entre você e seu irmão Leonardo, que tanto te ama, e eu assistindo e dando um “pitaco” ou outro para provocar o aprofundamento. 

Não sei se chegará a ler este pequeno texto, mas seria tão bom, sem querer ultrapassar o mestre, se a conversa não fosse pelo caminho escolhido por você, isto é, a aliança com setores eclesiais que nos odeiam, que rejeitam o Concílio Vaticano II. Não seria melhor uma conversa, pelo menos inicial, com pessoas que eram muito próximas a você?

Meu professor, se esta carta chegar a você, receba o meu abraço fraterno. 

Um Cristo sem Jesus e sem os apelos do Reino: análise de um livro. Artigo de Faustino Teixeira

O objetivo desta minha reflexão é delinear alguns tópicos que estão presentes no recente livro de Clodovis Boff: A crise da Igreja católica e a teologia da libertação [1]. O livro recolhe dois textos anteriores de Clodovis Boff, publicados na Revista Eclesiástica Brasileira (REB) nos anos de 2007 e 2008. O primeiro texto foi publicado depois da Conferência de Aparecida (2007), com grande repercussão na ocasião, com reações publicadas também na REB, com artigos de teólogos como Leonardo BoffLuis Carlos SusinFrancisco de Aquino JuniorJosé Comblín e João Batista Libânio [2]. A controvérsia já tinha de certa forma se iniciado por ocasião de uma conferência de Clodovis no encontro da SOTER, no ano 2000, onde abordou o tema: “Retorno à arché da teologia”. O texto veio publicado no livro organizado por Luiz Carlos SusinA sarça ardente [3]. Além dos dois textos citados, o livro vem acrescido de um artigo inédito de Clodovis Boff e duas entrevistas concedidas por ele na Folha de São Paulo e na Adital [4]. A apresentação do livro foi feita por Leonardo Razera, também organizador da obra.

O incentivo à minha reação ocorreu também em razão de uma live com participação de Clodovis Boff, onde ele pôde apresentar o conteúdo essencial de seu novo livro. Isso ocorreu no dia 14 de junho de 2023, promovido pela diocese de Barra do Piraí e Volta Redonda, com o título: Diálogos fraternos sobre a unidade cristã. Educação e a Casa Comum [5].

Eu tive o privilégio de ter sido aluno de Clodovis Boff durante o meu mestrado no Rio de Janeiro, entre 1978 e 1982. Pude acompanhar várias disciplinas ministradas por Clodovis, entre elas uma que abordou o tema de sua tese doutoral, recém defendida na Universidade de Lovaina na Bélgica. A tese veio publicada em livro no ano de 1978 [6]. Na ocasião, pudemos trabalhar cuidadosamente com ele todas as argumentações a respeito do método da Teologia da Libertação (TdL). Além das aulas, lembro-me que fizemos também um grupo de estudos sobre o livro, com participação de Inácio Neutzling, que era igualmente aluno do mestrado em teologia.

Leia o artigo completo AQUI


quarta-feira, 25 de junho de 2025

Cine Vitória - O silêncio dos Inocentes. Por Emanuel Rocha

Foto: Divulgação

Um cinema a menos, um silêncio a mais: até quando vamos assistir de braços cruzados?

“Você que inventou a tristeza. Ora, tenha a fineza de desinventar…” Chico Buarque.

O Cine Vitória, que já foi um dos mais importantes símbolos culturais de Aracaju, está fechado — e o que é mais grave: permanece sem qualquer explicação clara sobre seu destino. O silêncio que envolve essa ausência de respostas não é dos inocentes. É um silêncio que denuncia. Que grita. Que revela o descaso com a cultura em Sergipe e a negligência com o direito à cidade viva, pulsante, plural.

O que será feito do Cine Vitória? Vai reabrir? Entrará em reforma? Será destinado a outro uso? A população — especialmente quem frequentava o espaço — precisa saber. O cinema não era apenas um prédio. Era um ponto de encontro, um respiro no centro, um símbolo de resistência cultural em tempos de consumismo acelerado.

Situado na Rua do Turista — uma área estratégica, rica em vida urbana, com lojas, restaurantes e música ao vivo — o Cine Vitória cumpria uma função vital: atraía pessoas para o centro da cidade. Fortalecia o comércio local. Dava sentido à ocupação dos espaços públicos. Era cultura em movimento, não só na tela, mas também nas calçadas.

Para muitos, ele era uma alternativa importante aos shoppings. Em vez de escadas rolantes e praças de alimentação, havia rua, troca de olhares, conversas sinceras. Cinéfilos se encontravam nas sessões e depois seguiam discutindo os filmes nos restaurantes da Rua do Turista. O cinema era arte, mas também era convivência. Era cidade.

Fechar o Cine Vitória sem um plano claro é desmontar um circuito afetivo e cultural que se construiu ao longo dos anos com muito mais do que filmes: com presença, memória, significado. E, infelizmente, esse tipo de ruptura vem se tornando comum em Aracaju — uma cidade que muitas vezes vive da festa, mas esquece da cultura cotidiana.

Sim, temos eventos importantes: Carnaval, São João, Pré-Caju. Mas não podemos viver só de calendários sazonais. A cultura precisa ser viva o ano inteiro, espalhada pela cidade, acessível, democrática. Ela precisa de palcos, de espaços, de salas escuras e ruas iluminadas de troca.

Alguns dirão que outro cinema foi inaugurado recentemente, na Praça General Valadão: o Cine Walmir Almeida. Que bom. Mas isso não justifica o silêncio sobre o Vitória. Não é ganhando um e perdendo outro que se avança. Pensar cultura como um jogo de substituição é um erro. Fechou um e abriu outro? A cidade não ganhou. No máximo, empatou. E mal.

O fechamento do Cine Vitória é também mais um capítulo do abandono do centro de Aracaju — uma região que pede socorro, atenção e revitalização. O cinema era um polo de vida, e sua ausência contribui para o esvaziamento, a insegurança, o esquecimento.

“Você vai pagar e é dobrado. Cada lágrima rolada nesse meu penar…”. E nesse cenário, o silêncio do poder público ecoa como um grito vazio — uma omissão que pesa e fere. O que será feito? Quando? Existe algum plano ou sequer uma intenção clara? A cidade merece respostas urgentes. A cultura exige continuidade, respeito e cuidado. E a população tem, acima de tudo, o direito inalienável à dignidade cultural.

Como escreveu Cartola, o mundo é um moinho. E às vezes, tritura sonhos, esperanças e espaços com uma frieza cruel. Mas não precisamos aceitar isso como inevitável.

Se quisermos que Aracaju mantenha sua alma, precisamos defender seus espaços de memória, arte e encontro. O Cine Vitória ainda pode — e deve — renascer. O silêncio não é dos inocentes. É o ruído amargo da negligência. E quanto mais calados ficamos, mais ruídos perderemos

Sala do Cine Vitória (Foto : Fabiana Costa) 2013 - ano da inauguração.

Emanuel Rocha é historiador, coautor dos livros Bacias Hidrográficas de Sergipe e Bairro América: A saga de uma comunidade. Também atua como repórter fotográfico e poeta popular.

P.S.: Do editor  do blog

Após solicitação de reunião via ofício, representantes das Comissões de Planejamento, Jurídico e Comunicação do Fórum do Audiovisual de Sergipe estiveram presentes hoje (26/05) na SECULT para apresentação do Fórum e do Plano Setorial do Audiovisual redigido pela Comissão de Planejamento. Foram recebidos pelo Secretário Especial de Cultura Valadares Filho e o Secretário Executivo de Cultura Irineu Fontes. 

Dentre as pautas discutidas estão a Lei Estadual de Incentivo da Cultura, os Arranjos Regionais da Ancine para Sergipe, os espaços de exibição e a manutenção do Cinema Vitória enquanto sala de cinema gerido pelo estado.

https://www.instagram.com/p/DKIUV4uRZjW/?igsh=bWgwYmkzaGFscnV5 

A pensar, o prejuízo cultural ainda maior que seria,  caso não tivéssemos tido a Lei Paulo Gustavo (LPG) e a adesão da Prefeitura de Aracaju ao projeto de revitalização da Sala Walmir Almeida através da LPG e onde hoje funciona o Cinema do Centro, administrado pela mesma entidade que respondia pelo funcionamento do Cine Vitória.

Ensine com cinema, ferramentas e dinâmicas audiovisuais de forma criativa

 


Aposte em atividades práticas, filmes inspiradores e aplicativos para transformar sua aula em um espaço de protagonismo dos estudantes.

Leia AQUI 


Narrativas Periféricas através dos Filmes
Com Emílio Domingos


Nesta aula da formação “Filmes que Ensinam”, o cineasta e pesquisador Emílio Domingos discute como o cinema pode ser usado em sala de aula para abordar juventude, cultura urbana periférica, identidade e desigualdades sociais. Um convite a professores de todo o Brasil para refletirem sobre o poder do audiovisual como ferramenta pedagógica.

A aula é gratuita, com mediação da equipe pedagógica do CurtaENEM e emissão de certificado para os inscritos.

Inscreva-se para garantir seu certificado: curtaenem.org.br/filmes-que-ensinam
Saiba mais sobre a aula: CurtaENEM.org.br/noticias/narrativas-perifericas-emilio-domingos

Acesse curtaenem.org.br e tenha acesso a mais de 400 filmes gratuitamente, todos alinhados aos temas do ENEM!


terça-feira, 24 de junho de 2025

Leiam os livros "Cultura é Poder", de Jandira Feghali e "Sementeira" de Célio Turino.

 O livro "Cultura é Poder", de Jandira Feghali, explora o papel estratégico da cultura na formulação de políticas públicas e na transformação social, com base na experiência da autora na vida política e no Congresso Nacional. A obra defende que a cultura, compreendida em suas dimensões antropológica e política, é uma ferramenta essencial para a emancipação, o desenvolvimento econômico e o fortalecimento da identidade nacional. 

O livro aborda a cultura como um campo de disputa política, analisando como a cultura pode ser usada para promover valores e ideias, e como ela pode ser alvo de ataques conservadores e da extrema-direita. Jandira Feghali também compartilha sua experiência como gestora cultural e parlamentar, mostrando como as políticas culturais, quando bem implementadas, podem gerar mudanças significativas na sociedade. 

Em resumo, "Cultura é Poder" é uma reflexão sobre a importância da cultura como força transformadora e como ferramenta de emancipação social, com um olhar crítico sobre a relação entre cultura, política e poder no Brasil. 

Fonte: IA do Google


Mario Vitor & Regina Zappa - O poder da cultura, com Jandira Feghali 24.6.25







Célio Turino é historiador e foi secretário da cidadania cultural no Ministério da Cultura (2004-10) quando idealizou e implantou o programa Cultura Viva. Desde 2011 caminha pela América Latina difundindo as ideias da Cultura Viva e do Bem Viver. É autor de diversos livros, sendo o mais recente "Por todos os caminhos: Pontos de Cultura na América Latina" (SESC-2020).


Com mãos calejadas de um agricultor da cultura, Célio Turino nos convida a adentrar um universo onde política e cultura se entrelaçam como raízes de uma árvore antiga. Sementeira: grãos para transformar radicalmente a sociedade via políticas culturais distribui sementes densas e ricas, onde cada grão representa muitas ideias, conceitos e experiências, todos voltados para a germinação de uma nova forma de compreender e vivenciar a política cultural.

Ele começa propondo um mutirão para a alfabetização de 8 milhões de adultos em dois anos e em como essa ação terá impacto na vida de todos os 200 milhões de brasileiros. Analisa a desconexão dos sensos de ética e realidade nos tempos atuais e propõe soluções práticas e duradouras a enfrentarem esse problema. Aos desafios da Inteligência Artificial e manipulações algorítmicas oferece a Inteligência Vital das Teias e enfrenta a retórica do ódio e das cizânias com a Cultura do Encontro. Para se contrapor à Necropolítica e ao Biopoder apresenta a Biopotência como fonte soberana do poder da vida. Cada grão tem um tema com análise e propostas objetivas e viáveis, todas experimentadas ou observadas por ele. Da relação entre cultura e educação ao significado da arte, às conexões com a comunicação, audiovisual, trabalhadores da cultura, os riscos da excessiva editalização da cultura e como evita-los. Demonstra a necessidade e os sentidos da unidade, da universalidade e da compreensão e prática da cultura enquanto um sistema aberto. Conclui com um chamado para o momento em que vivemos, são tempos de urgência histórica e emergência cultural.

Neste livro, Turino nos guia através de um percurso reflexivo e prático, onde as sementes da cultura são plantadas com esperança. Ele explora a interdependência entre o fazer cultural e o agir político, esferas inseparáveis e essenciais para a transformação social. Nos desafia a olhar além das fronteiras convencionais e a abraçar a complexidade e a interconexão de nossas realidades. Sementeira é uma obra que semeia ideias inovadoras e práticas transformadoras, prepare-se para uma leitura que não apenas informa, mas também inspira e mobiliza.







segunda-feira, 23 de junho de 2025

Golpistas utilizam Inteligência Artificial com voz e imagem do Pe. Júlio Lancellotti para tirar dinheiro de pessoas de boa fé. Imaginem nas próximas eleições...

 Alguns vídeos criados por IA estão usando minha imagem e minha voz para pedir doações para crianças acometidas por doenças graves! Muitas pessoas fizeram doações acreditando estarem fazendo o bem! Porém trata-se de uma quadrilha de golpistas que tem usado até mesmo a imagem do Cardeal Dom Odilo, e outros religiosos para validar seus golpes! Peço de coração que não divulguem nem doem valor algum para essas pessoas, todas as doações da pastoral de rua e das obras e projetos da paróquia são feitas diretamente no Pix da paróquia que está em meu perfil CNPJ 63089825009796

Divulguem por favor!

https://www.instagram.com/p/DLPwfWBAw61/?igsh=MXVvdThrcHduZjgwcg%3D%3D

O Papa: que as formas de inteligência artificial sirvam a causa da fraternidade e da paz

Divulgada a Mensagem de Francisco para o Dia Mundial da Paz que será celebrado em 1º de janeiro, sobre o tema das novas tecnologias: "Os avanços tecnológicos que não conduzem a uma melhoria da qualidade de vida da humanidade inteira, nunca poderão ser considerados um verdadeiro progresso". O apelo à Comunidade Internacional para que adote "um tratado internacional vinculativo, que regule o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial nas suas variadas formas".

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-12/papa-francisco-mensagem-dia-mundial-paz-inteligencia-artificial.html

Conclusão, sem regulação das plataformas e sem letramento/alfabetização digital nas escolas e nas igrejas vai ficar bem difícil ver cumprir   o disposto na promessa abaixo.

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

João 8:32

E para piorar,  muitas lideranças religiosas também fazem uso do que o profeta Oséias adverte.

Oséias 4:6

"Meu povo foi destruído
por falta de conhecimento.
"Uma vez que vocês rejeitaram
o conhecimento,
eu também os rejeito
como meus sacerdotes."

Oremos e trabalhemos! "Ora et labora"

Junto e misturado!! 

domingo, 22 de junho de 2025

Como o avanço do streaming afeta o hábito de ir ao cinema

 Clara Sobral 10 de Junho de 2025 (atualizado 10/06/2025 às 17h57)

Diversão em família é o principal motivo para ir ao cinema. Hábito perdeu espaço entre brasileiros com o streaming

A pesquisa “Hábitos Culturais 2024”, do Datafolha com a Fundação Itaú, trouxe dados sobre o que os brasileiros gostam de fazer em seu tempo livre. Ir ao cinema era o quarto hábito presencial mais listado, enquanto assistir a filmes por streaming era o terceiro entre os realizados em casa ou online.

Link para matéria: https://pp.nexojornal.com.br/dados/2025/06/10/pesquisa-como-streaming-filme-afeta-cinema


Neste episódio do Podcast ON, conversamos sobre o Dia do Cinema Brasileiro, comemorado dia 19 de junho!

No primeiro bloco com o Professor de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará, Doutor em Comunicação, Escritor, Cineasta, Curador e Crítico, Marcelo Ikeda. Já no segundo bloco conversamos com o Pesquisador, Programador e Crítico de Cinema, Marcus Mello.

sábado, 21 de junho de 2025

São João: a força econômica da cultura popular brasileira

Nos  artigos  publicados pelo blog da cultura  neste ano de 2025  sobre os festejos juninos em Aracaju, em Sergipe e em Pernambuco, da autoria de Emanuel Rocha, Silvio Santos e José Teles   sobressai o aspecto da desfiguração que os festejos juninos no nordeste vem sofrendo em matéria de identidade cultural e criação ou fortalecimento de vínculos comunitários, dando lugar a exploração comercial pura e simplesmente, todavia, seja na forma mais autêntica ou mais tradicional, seja no formato comercial, os festejos são fontes de geração de riqueza econômica... A matéria abaixo da jornal Correio Braziliense  traz uma pequena, mas importante reportagem nessa perspectiva.

Foto: Pixabay/Reprodução

Mas não ficamos por aqui, dado o caráter formativo e propositivo do blog da cultura, solicitamos atenção além da leitura dos artigos referentes ao ciclo junino publicados neste ano, também ao dos anos anteriores,  bem como as iniciativas realizadas com a participação do blog da Cultura, com a chancela da OSC Ação Cultural, como a Caravana Cultural Luiz Gonzaga Vai a Escola que já inspirou uma segunda iniciativa, sendo esta de cunho mais pedagógico e realizada pela segunda vez em uma escola pública, no caso de 2025 na Escola Estadual Neyde Mesquita, localizada no municipio de São Cristóvão. A primeira vez em 2016 no então Colégio Carlos Firpo, em Santa Rosa de Lima. Assim como uma espécie  de "Fórum Virtual do Forró" realizado em 2o2o/2021, no período da  pandemia, com discussões bastantes pertinentes. 

Por outro lado, uma sugestão inspirada na matéria abaixo e que pode ser abraçada pelos escritórios estaduais do MINC, Comitês de Cultura, Pontão de Cultura, neste último caso, para atender ao escopo da proposta abaixo, mas com caracteristicas próprias e mais abrangentes,  o que pode ser estimulado  via edital para seleção de um Pontão de Cultura nacional voltado a realização de  pesquisas sobre economia da cultura e impacto social e cultural dos  investimentos do Programa Cultura Viva.

A proposta a que nos referimos acima: 

Neste sentido, imaginemos a potência que poder ser  uma rede unindo  escritórios locais do MINC da  região nordeste, junto com comitês de cultura em parceria com universidades, com financiamento de um fundo destinado pelos estados via PNAB ? 
Uma pesquisa além do caráter quantitativo, também com levantamento e análises  acerca da qualidade do investimento na produção cultural ligada ao ciclo junino, tendo como principais indicadores, entre outros, o  fortalecimento da cadeia produtiva de cada lugar  e a identidade cultural local.

 Estudo do Instituto Locomotiva mostra que quatro em cada dez brasileiros pretendem gastar mais de R$ 200 durante as festas 

4 em cada 10 brasileiros pretendem gastar mais de R$ 200 nas festas juninas
Pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro mostra ainda que 81% dos entrevistados pretendem participar de alguma atividade relacionada à festa de São João

Por Caetano Yamamoto* — A temporada de festas juninas é um período de movimentação da economia, com a compra de comidas e bebidas, roupas, adereços e ingressos para festas. É o que mostra a pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro: 41% dos brasileiros que vão a festas de São João pretendem gastar mais de R$ 200. Outros 52% pretendem gastar até R$ 200 e 7% dizem que não devem gastar nada.

O São João aquece “o comércio local e a valorização da cultura regional, especialmente nas regiões Norte e Nordeste”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Destaque da pesquisa fica com a região Nordeste, onde 46% pretendem gastar mais de R$ 200, liderando os gastos no país, seguido pela região Sudeste, com 41% de pretendentes, e pelo Centro-Oeste, com 37%. Empatadas em quarto lugar estão Sul e Norte, ambos com 36%.

O levantamento ainda mostra que 81% dos brasileiros pretendem participar de alguma atividade relacionada à festa de São João, destes, 51% vão a festas gratuitas de rua, 41% querem comemorar na casa de amigos ou familiares e 37% vão celebrar nas igrejas e quermesse. Aqueles que vão em festas juninas pagas também somam 37% — 21% em clubes e centros culturais e 16% em escolas.

Já nas festas gratuitas, quem lidera em participação é a região Norte, com 57% de pretensão de participar nas festas de rua. Nas casas de amigos quem lidera é o Sudeste, com 45% de intenção. Empatados, Centro-Oeste e Sudeste ficam em primeiro lugar no Brasil quando as festas são em igrejas e quermesses, com 46% cada.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro




E do bairro Cirurgia em Aracaju, um lugar de memória e reexistência cultural bem forte em nossa cidade, temos um bom exemplo de empreendedorismo cultural de base comunitária. O "reexistir" aqui se aplica muito bem ao evento abaixo, que foi realizado em anos anteriores de uma maneira bem familiar e comunitária, sendo neste ano de 2025 agregando um conceito mais profissional.



O São João do Osvaldinho chega em sua 5ª edição e a partir do que ouvimos de vocês que já participaram de edições anteriores, entendemos a importância de fazê-lo ainda mais estruturado, mantendo sua essência comunitária e afetiva, mas com melhorias que ampliam a experiência do público e valorizam a produção cultural local.


POR QUE PRECISO CONTRIBUIR? ESSA CONTRIBUIÇÃO CONTEMPLA:

- Palco MAIOR, com melhor estrutura de som e iluminação;
- MAIS tendas de cobertura, mesas e cadeiras garantindo conforto e proteção para o público;
- BUFFET Yêyê Bistrô da Iyá Sônia com uma mesa especial de comidas típicas - ⚠ Inclusive disponibilizando comida para onívoros, intolerantes a lactose, vegetarianos e vegano. ⚠ (esse ano você NÃO precisa levar comida!);
- A bebida é por sua conta e você PODE levar seu cooler, caixa térmica, mas quem quiser ir despreocupade TEREMOS um Bar Central da Doca para venda de bebidas 🍺🥃
- E a festa está garantida ATÉ O SOL RAIAR!!!☀


Abaixo, recortes das lives do "Fórum Virtual do Forró" citadas acima:

A questão da apropriação do forró como máquina de produzir dinheiro (Part 2 )



Live "Memórias afetivas e culturais dos festejos juninos" com Profº José Paulino (UFS)


“O São João resiste na obra do artista e agente cultural Félix Mendes.”- 2ª parte - Wendel Salvador

A tradição das festas juninas resiste em Sergipe com o Fórum do Forró - 1ª parte - Paulo Corrêa.


Gonzagão nas Escolas (part 2)