quarta-feira, 14 de setembro de 2022

O Godard que conheci de muito ouvir falar e que agora contemplo nas reações pela sua morte..


 
Comecei a ouvir falar de Godard cedo, em virtude de ter vivido como adolescente e inicio da juventude em uma certa época e em um certo lugar, além do gosto precoce pela leitura de jornais..

A época foi os meados de 1970 a até os meados de 1980. O local foi o Rio de Janeiro, um Rio não tomado pelo tráfico de drogas, milícias e fundamentalismo religioso, mas com o embrião do que veio a se tornar nestes tristes dias, misturado com as alegrias da praia, do futebol e da beleza da sua gente, da sua natureza e sua cultura..

Por gostar de ler jornais, em especial o Jornal do Brasil e os jornais da imprensa alternativa e independente, topava vez em quando com Godard e outros mestres do cinema europeu. Godard foi bastante citado..

Das leituras até o cinema, via cinemas de arte, cinemas de rua e cineclube, foi só um pulo.. Como morava distante do centro e da zona sul, locais onde podia encontrar os tipos de cinema que citei, não conseguir frequentar com mais constância, porém quando podia fazer era motivo de alegria,

Dos filmes escolhidos tinha especial predileção pelos filmes censurados e depois exibidos com o afrouxamento ou fim oficial da censura...

Por gostar em primeiro lugar de música brasileira, de literatura brasileira e do cinema nacional, não buscava  assistir filmes estrangeiros, salvo alguns censurados e depois liberados... Lembro em especial de Pai Patrão (1977 - Irmãos Taviani)  e Novecento (1976 - Bernardo Bertolucci).

Gostava mais dos filmes com temática social , politica, histórica.. Por isso, de cara me identifiquei com o Cinema Novo.. E por extensão me identificava mais com o neo realismo italiano..

Pelas outras escolas clássicas do cinema, máximo respeito, porém não tive tempo de assistir os  clássicos, pois em meados dos anos de 1980 retorno para uma cidade distante dos grandes centros, das grandes capitais,  onde tínhamos mais oportunidade de acesso a cinemas de arte e cineclubes, embora com menos esforço para moradores do centro e da zona sul..

É verdade que muitos filmes de autores como Godard,  tiveram o acesso democratizado a partir dos aparelhos de vídeo cassete e fitas VHS, embora com todas as limitações que bem sabem os cinéfilos. Mas não assisti muitos filmes desse jeito..

Os anos se passaram, e voltei a assistir mais filmes “cults” com o retorno do cines de rua, a partir de um boom realizado nos governos Lula e Dilma. Em Aracaju o Vitória é nosso cinema de rua redivivo...

Assim  com  mais possibilidade econômicas, inclusive por morar perto do centro de Aracaju, passei a ter uma frequência ao cinema como tive na época da  adolescência e inicio da juventude, na verdade até mais,  agora com idade em torno dos cinquenta anos,  o que fiz durante quase dez anos, até o inicio da quarentena da pandemia do coronavirus...

Dentre diversos filmes clássicos que assisti no Cine Vitória, destaco  uma sequência de filmes de Bergman, Fellini, Henry Ford,  Akira Kurosawa e cinema expressionista alemão. 

Isso como resultado da programação temática anual patrocinada pelo SESC Nacional em diversas cidades do Brasil.  Foi uma experiência catártica....

E agora voltando a Godard, a partir de sua morte,  vejo nas redes virtuais,  uma bela  sequência de fotos, textos, reportagens e etc., sobre sua vida e obra. Me surpreendi por ainda estar vivo, por ser um  maiores mestres do cinema no século XX tinha a impressão de já ter falecido...Soube que ele cansou de viver....

E então me lembrei da canção “Eduardo e Mônica” da banda Legião Urbana,  como muitos jovens dos anos 1980, é uma lembrança inesquecível pela forma como  Godard é citado na letra , e aí escrevi essa textinho, com ele concluo esse outro mais longo até aqui...Um textinho  com um chamado, um apelo... Isso para que adolescentes e jovens deste tempo, possam poder contar no futuro boas histórias da relação com o cinema e seus diretores, assim como com seus atores, seus técnicos, seus produtores, seus críticos e etc...

Jovens que podem , além de bons cinéfilos ,  vir se tornar grandes diretores, atores, técnicos, produtores e críticos de cinema. 

 "O Eduardo sugeriu uma lanchonete

Mas a Mônica queria ver um filme do Godard"

Pela criação e/ou fortalecimento de espaços onde Eduardo e Mônica possam se encontrar para começar a gostar de um filme do Godard e fazer um gostoso lanche saudável.

Ou seja, por mais CINEMAS DE RUA E CINECLUBES, A GRANDE ESCOLA DE FORMAÇÃO DE BASE PARA O CINEMA E PARA A VIDA..

Zezito de Oliveira

Leia/assista também:

https://www.youtube.com/watch?v=4QwhzD1ZWPg

https://www.youtube.com/watch?v=P41y-nBXDUQ


Godard foi antifascista desde o começo. E morreu assim. Por Romero Venâncio

“Uma verdadeira aula de comunismo nos dá Godard com esta Obra. Cinema dos mais perfeitos”, escreveu Jacira G. Figueiredo de Oliveira, em 24 de janeiro de 1968. 

O cineasta francês Godard, morto nesta terça-feira (13/09), aos 91 anos, deixou, em meio à sua ampla filmografia, uma obra prima: “A Chinesa”, lançado em 1967. No filme, um grupo de estudantes franceses planeja ações terroristas, enquanto discute o “Livro Vermelho”, do revolucionário chinês Mao Tsé-Tung. Como o Brasil vivia à época a Ditadura Militar (1964-1985), “A Chinesa” precisava passar pelo crivo de um censor federal. Jacira, aquela que escreveu a frase inicial deste artigo, foi a censora a quem coube avaliar a obra de Godard. Ela censurou “A Chinesa” e impediu sua exibição em todo o território nacional. Mas como ela amou o filme!

Confira o artigo completo, de Laura Capriglione: AQUI

Como o Legião Urbana fez de Godard uma figura pop no Brasil

Letra de ‘Eduardo e Mônica’ ajudou a tirar o cineasta francês do reduto cult
Por Raquel Carneiro Atualizado em 13 set 2022, 14h56 - Publicad... 






 https://www.youtube.com/watch?v=A4MpZxo142c


Acrescido em 15/09/2022

 


 Acrescido em 18/09/2022

 

 

 

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