domingo, 11 de setembro de 2022

Uma, duas, três canções para Salvador Allende.. Neste dia 11 de Setembro de 2022

 https://www.youtube.com/watch?v=NsNnkxKNGYY


https://www.youtube.com/watch?v=mMj7MxqUd_A&t=145s

Venceremos é uma canção com música de Sergio Ortega e letra de Victor Jara. A primitiva letra fora escrita para a campanha de Salvador Allende, em 1970. Mas foi a letra e a interpretação de Victor Jara (assassinado pelos militares, após o golpe de 11 de Setembro de 1973) que,  durante os anos negros da ditadura de Augusto Pinochet, foi um verdadeiro hino da resistência antifascista.


A canção inacabada de Víctor Jara




SOMOS CINCO MIL 
Victor Jara
*Somos cinco mil
nesta pequena parte da cidade.
Somos cinco mil.
Quantos seremos no total,
nas cidades e em todo o país?
Somente aqui, dez mil mãos que semeiam
e fazem andar as fábricas.
Quanta humanidade
com fome, frio, pânico, dor,
pressão moral, terror e loucura!
Seis de nós se perderam
no espaço das estrelas.
Um morto, um espancado como
jamais imaginei
que se pudesse espancar um ser humano.
Os outros quatro quiseram livrar-se
de todos os temores
um saltando no vazio,
outro batendo a cabeça contra o muro,
mas todos com o olhar fixo da morte.
Que espanto causa o rosto do fascismo!
Colocam em prática seus planos
com precisão maliciosa,
sem que nada lhes importe.
O sangue, para eles, são medalhas.
A matança é ato de heroísmo.
É este o mundo que criaste, meu Deus?
Para isto os teus sete dias de
assombro e trabalho?
Nestas quatro muralhas só existe um número
que não cresce,
que lentamente quererá mais morte.
Mas prontamente me golpeia a consciência
e vejo esta maré sem pulsar,
mas com o pulsar das máquinas
e os militares mostrando seu rosto
de parteira,
cheio de doçura.
E o México, Cuba e o mundo?
Que gritem esta ignomínia!
Somos dez mil mãos a menos
que não produzem.
Quantos somos em toda a pátria?
O sangue do companheiro Presidente
golpeia mais forte que bombas e metralhas.
Assim golpeará nosso punho novamente.
Como me sai mal o canto
quando tenho que cantar o espanto!
Espanto como o que vivo
como o que morro, espanto.
De ver-me entre tantos e tantos
momentos do infinito
em que o silêncio e o grito
são as metas deste canto.
O que vejo nunca vi,
o que tenho sentido e o que sinto
fará brotar o momento…”
(Último poema de Victor Jara, escrito no Estádio de Chile, Setembro 1973).



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