domingo, 2 de abril de 2023

O EFÊMERO DA GLÓRIA HUMANA, A ILUSÃO DO PRESTÍGIO E O LOUVOR DA SIMPLICIDADE

Chico Alencar 

(Breve reflexão para crentes ou não)

O Domingo de Ramos, que abre a Semana Santa dos cristãos, é a celebração do contrapoder (Mt, 21, 1-11).

A entrada "triunfal" de Jesus em Jerusalém parece contrastar com sua condenação à cruz, dias depois. Só parece: aclamado no centro político e religioso da Palestina dominada, ele já anuncia, em cada passo e gesto, a negação dos valores do Império.

Monta uma jumentinha emprestada, e não fogoso cavalo de rei conquistador.

É acolhido com surradas mantas e ramos verdes, e não por túnicas douradas e espadas cortantes.

Ouve "hosanas" de crianças e da multidão de anônimos, e não discursos hipócritas de poderosos, com sua cínica oratória.

No Templo, expulsa os vendilhões, que tinham transformado a casa de oração em "covil de ladrões".

Por amor à vida e à verdade, assina sua sentença de morte.

Ainda não são os passos da inescapável Paixão. É a caminhada, a nós também oferecida, da humildade, da acolhida, do reconhecimento dos que não são "doutos" nem soberbos. 

É a compreensão de que todo sucesso mundano, fundado na notoriedade e na riqueza material, é passageiro e enganoso. 

Agitemos os ramos da vida plena, cheios da seiva da justiça, da ternura e do amor. Celebremos o que passa mas sempre vem, como dádiva, ao nosso encontro.

Sejamos Páscoa, que quer dizer passagem das trevas para a luz, do egoísmo para a solidariedade, da mentira para a verdade. Da morte para a vida. Da escravidão - inclusive da nossa vaidade - para a liberdade de filhos e filhas de Deus. Fratelli Tutti!

Arte: José Antônio da Silva (1909-1996)


https://www.youtube.com/watch?v=37kn8aaYftM

Domingo de Ramos com Pe. Julio Lancellotti - 02/04/2023


Zezito de Oliveira

Quem trouxe/traz Jesus de Nazaré para mais perto do que realmente ele foi, foram/são os hippies e os teólogos da libertação. Estas duas vertentes se combinam em muita gente espalhada Brasil e mundo afora.

Isso cria um tipo singular de cristão, adepto da contracultura e da luta sociopoltica ao mesmo tempo. Mesmo aqui há nuances, há aqueles que estão dentro dessas duas vertentes, mas que pendem mais para um lado ou mais para o outro.

Já outros estão em disputa dentro deste campo. Os que estão fora e que foram seduzidos pelo canto da sereia do poder são realmente a maioria. O quão distante estão de Jesus de Nazaré pode ser constatado fazendo uma comparação com o que disse e fez Jesus, como o que diz e faz a maioria que enchem as igrejas, em especial as maiores. Estes seriam reconhecidos por Jesus de Nazaré, como os fariseus do século XXI, os principais responsáveis pela sua condenação a morte. 





2 comentários:

Anônimo disse...

Reflexão apropriada para os dias atuais

AÇÃO CULTURAL disse...

Sem duvida!! O essencial do evangelho de Jesus Cristo..