13 de Ago de 2025, 22h49

Marcélio Bomfim: cavoucando respeito aos dois grandes líderes
Com atraso de mais de 60 anos, mas com o devido merecimento, os líderes políticos brasileiros João Goulart, ex-presidente do Brasil, e Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, vão ser contemplados com o Título de Cidadania Aracajuana in memoriam no próximo dia 25 deste mês.
O que está por trás desta demora entre a aprovação e a concessão de fato destas duas distinções é algo bem em simetria com o lado obscuro e golpista do país chamado Brasil, que vez por outra se quer metido a democrático.
Esta entrega no próximo dia 25 tem uma grande participação do ex-vereador Marcélio Bomfim que, embora não seja o autor final dos projetos dos títulos, deu uma grande contribuição para a exumação dessas duas homenagens.
E Marcélio tece a história disso naquele seu estilo. “Aqui em Sergipe quem participou da ação para tentar impedir o golpe de 1964, que estava articulado para ser logo em 1961, foi o prefeito José Conrado de Araújo. Ele chegou a colocar algumas emissoras de rádio daqui em cadeia com a chamada cadeia da legalidade nacional de emissoras, organizada pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. Zé Conrado, que era do PTB, havia sido eleitor de João Goulart, que fora candidato a vice-presidente na chapa de Juscelino Kubitschek na eleição de 3 de outubro de 1960, pela coligação PTN-PDC-UDN-PR-PL, e que elegeu Jânio presidente”, relembra Marcélio.
“Em 1961, três vereadores que apoiaram José Conrado de Araujo chegaram à conclusão de que tinham que prestar uma homenagem aos dois líderes Goulart e Brizola, e deram-lhes os títulos. Mas veio o 1º de abril de 1964 com seu golpe que gerou a ditadura militar de 21 anos e os mesmos vereadores, pressionados pelos próceres da ditadura, entraram com um Projeto de Resolução anulando as homenagens a Jango e a Brizola”, reforça Marcélio.
Mas Marcélio Bomfim decidiu que não deixaria essa ideia sucumbir em definitivo. “Em 1995, eu não era vereador de Aracaju, mas passei a documentação daqueles dois projetos ejetados para o vereador Sérgio Bezerra e ele fez um Projeto de Resolução restituindo estas homenagens, que ficaram até hoje sem ser entregues aos familiares. Recentemente, fiz um ofício ao presidente do Poder Legislativo de Aracaju, Ricardo Vasconcelos, contando esta história toda e solicitando a ele que convocasse uma sessão solene entregar os títulos aos familiares. Ele foi sensível, acolheu e vamos pro dia 25”, diz.
Mas e por que o 25 de agosto? “Nós escolhemos o 25 de agosto porque foi neste dia de 1961 que Jânio Quadros, com seis meses depois de ter assumido a Presidência da República, promoveu aquela renúncia e entra aí a saga de João Goulart. Não queriam que ele assumisse, Brizola segurou a onda, foi empossado e em 1964 veio o golpe”, relembra.
Representando as duas famílias, virão receber os títulos na Câmara de Aracaju João Vicente Goulart e João Leonel Brizola Sobrinho, filhos respectivamente de Jango e de Brizola. Será às 16 horas. “Triste de um país que não faz a exumação da sua história e da sua memória, sobretudo na esfera política e mais ainda quando esta foi vilipendiada”, diz Marcélio.
“Estas duas lideranças nacionais resistiram à tentativa de golpe em 1961, lutaram bravamente para impedir o golpe de 1º de abril de 1964 e ainda foram, sobretudo Brizola, reativos durante grande parte da ditadura militar. Nada mais justo, portanto, que agora se entregue as homenagens a que fizeram jus e que lhes foram negadas por tanto tempo”, afirma Marcélio.
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