O filme remonta a vida e obra de Luiz Gonzaga do Nascimento, conhecido como o “Rei do Baião”, e aborda desde a infância até a adolescência do artista. O elenco conta com nomes como Luiz Carlos Vasconcelos, Cláudia Ohana e Tonico Pereira, além da participação de talentos regionais.
Com direção de Diogo Fontes e Marcos Carvalho, a obra explora as raízes de Luiz Gonzaga como retirante do Sertão nordestino, revelando as profundas conexões entre sua música e a rica cultura popular que marcou sua carreira.
O pernambucano é considerado símbolo da fusão cultural e da identidade nordestina, por ter conseguido unir influências históricas, religiosas e étnicas em sua música, sempre dedicada às raízes do sertão. Seu repertório popularizou gêneros como o forró, xote e, em especial, o baião, gênero de música e dança popular.
As gravações aconteceram na Chapada do Araripe, região que abrange os estados de Pernambuco, Ceará e Piauí, e em Caiçara, município da Paraíba. Os cenários foram escolhidos para reforçar a relação do filme com as paisagens e tradições do sertão.
Segundo os criadores, o filme é uma celebração da diversidade cultural brasileira e do legado duradouro de um dos maiores artistas do país, cuja música continua a inspirar e unir pessoas de todas as origens.
Pega Essa Dica – Luiz Gonzaga – Légua Tirana
7 de agosto de 2025
A convite do @jkiguatemi, fomos conferir Luiz Gonzaga – Légua Tirana, dirigido por Marcos Carvalho e Diogo Fontes.
De Pega Essa Novidade
Um filme que mais do que contar uma história, revela um retrato poético das origens de uma lenda da música brasileira. Para quem conhece o nome, mas talvez não tenha mergulhado na história, Luiz Gonzaga do Nascimento — o eterno Rei do Baião — é uma das figuras mais emblemáticas da nossa cultura popular, sendo responsável por levar o som do sertão nordestino aos quatro cantos do Brasil com sua sanfona, sua voz e sua essência.
Mas se você está esperando ver o Luiz Gonzaga já consagrado nos palcos, compondo ou fazendo shows… esse filme não é sobre isso.
Légua Tirana foca em sua infância e adolescência em Exu, no sertão de Pernambuco. É um filme de origem, sobre raízes, sobre o “antes de ser”. A narrativa é costurada por três atores que dão vida ao artista em suas três fases: criança, adolescente e adulto (esse último aparecendo apenas no começo e no final do filme). A história gira em torno de suas vivências familiares, da relação com o pai Januário, das dificuldades no sertão, do som da sanfona que começa a encantá-lo desde pequeno, e dos elementos culturais e afetivos que moldaram sua trajetória.
E aqui entra um ponto muito importante: esse filme não é para qualquer público.
Ele exige paciência e sensibilidade. É lento, contemplativo, e por vezes arrastado. A narrativa não se desenrola com dinamismo — na verdade, não se propõe a isso. A direção claramente escolheu priorizar uma linguagem mais filosófica e estética, com uma atenção extrema aos detalhes visuais e sonoros. E, sim, nisso eles acertaram em cheio.
A fotografia é lindíssima. Com tons terrosos que representam com fidelidade o sertão nordestino, e imagens de drone que capturam a vastidão da região com uma beleza de encher os olhos. A trilha sonora, claro, é um show à parte. A música de Luiz Gonzaga entra com força e emoção, servindo como fio condutor entre as cenas e o sentimento de pertencimento que o filme quer transmitir.
Mas é importante dizer: o filme não pretende ser o retrato completo da vida de Luiz Gonzaga. Ele é, na verdade, uma obra complementar ao já conhecido Gonzaga: De Pai para Filho, que mostra mais de sua trajetória musical e os conflitos com o filho, Gonzaguinha. Aqui, vemos apenas o início da paixão pela música, o despertar do artista, os primeiros acordes emocionais — não apenas na sanfona, mas na alma.
Apesar da beleza técnica e da importância do recorte histórico, sentimos falta de um pouco mais de ritmo narrativo. A poesia é linda, mas a emoção demora a vir. É um filme que fala com a alma de quem entende e respeita o tempo do sertão — e talvez por isso, para alguns, ele soe lento demais.
Mas se você ama o Brasil profundo, se respeita as raízes da nossa cultura e se encanta com a música que brota da terra seca, então Légua Tirana vai te tocar. Com sutileza, com arte e com verdade.
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