terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Carnaval (a opinião de Dom Hélder)



Carnaval é a alegria popular. Direi mesmo, uma das raras alegrias que ainda sobram para a minha gente querida. Peca-se muito no carnaval? Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos, aqui e ali, cometidos por foliões, ou farisaísmo e falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval. Estive recordando sambas e frevos, do disco do Baile da Saudade: ô jardineira por que estas tão triste? Mas o que foi que aconteceu....Tú és muito mais bonita que a camélia que morreu. BRINQUE MEU POVO POVO QUERIDO! MINHA GENTE QUERIDÍSSIMA. É VERDADE QUE 4a FEIRA A LUTA RECOMEÇA. MAS, AO MENOS, SE PÔS UM POUCO DE SONHO NA REALIDADE DURA DA VIDA!" Dom Helder Câmara, 01 de fevereiro de 1975 durante sua crônica radiofônica "um olhar sobre a cidade"da Rádio Olinda AM.


Quando Dom Hélder escreveu o  texto acima,  a realidade do carnaval era bastante diferente daquilo que em regra temos hoje. Nestes idos de 1975,  o mercado  não tinha se apropriado das festas e dos corpos na proporção como acontece nos dias atuais.
Quando digo em "regra", quero acreditar  que ainda existam espaços ou ambientes em que o carnaval seja comemorado de forma aproximada ao  exemplo citado por  Dom Hélder.
Não me refiro aqui, as caricaturas de carnavais das "antigas" promovidas por escolas e grupos de idosos.
Nas propostas para uma gestão cultural transformadora, inclusiva e saudável elaborada como complemento a Carta Cultural da Periferia(2005), foram formuladas algumas sugestões na perspectiva proposta por Dom Hélder. 


"8 – PROMOÇÃO DE EVENTOS LIGADOS ÀS MANIFESTAÇÕES DO CICLO CARNAVALESCO E NATALINO.

Sergipe também tem seus blocos de carnaval e escolas de samba, embora a invasão massiva dos blocos baianos a partir do Pré-caju tenha diminuído bastante o ímpeto daqueles que fazem o carnaval da cidade.
O ciclo natalino, embora tenha perdido a maioria dos seus folguedos e brincantes, ainda resiste em alguns locais do interior e da periferia, mesmo que não seja de forma real, pelo menos na memória daqueles (as) que fizeram parte de grupos de reisado, guerreiros, pastoril etc.
Para revigorar aquilo que está escondido e\ou esquecido faz-se necessário algumas ações como se seguem :
a) Realização de pesquisas, estudos, seminários e oficinas relacionados às manifestações dos ciclos carnavalesco e natalino.
b) Discussão com a Secretaria de Educação sobre um planejamento conjunto visando inserir professores e alunos das redes municipal e estadual em um conjunto de atividades que ajude no resgate e disseminação das manifestações do ciclo carnavalesco e natalino, especialmente no caso de Aracaju revitalizar o clube do povo e o carnaval nos bairros.
c) E também especialmente no caso de Aracaju realizar a Feirinha de Natal com apresentações do auto de natal nordestino, concertos de música erudita, apresentações de folguedos ligados ao ciclo natalino, carrossel etc." (IN: Carta Cultural da Periferia, Aracaju, 2005, texto anexo complementar)

  Zezito de Oliveira
Educador e Produtor Cultural

Material de divulgação recebido poucos minutos após a postagem acima. Veio lá das bandas do Recife, terras férteis onde D.Hélder plantou sementes. A Escola Pernambucana de Circo, cresce nestas terras bem semeadas.

A Escola Pernambucana de Circo informa:

# 07 de fevereiro | Bloco EPC em Folia - Ano X#
Circo e Carnaval tem tudo a ver. São parceiros, brincantes e foliões em sua essência, e é com o espírito carnavalesco a mil que brindamos o Carnaval que se aproxima.
Com tanta folia acumulada o ano inteiro por que esperar até o sábado de Zé Pereira? Como todo bom folião o carnaval da EPC já começa na quinta-feira, 07 de fevereiro, com muita animação do nosso bloco EPC em Folia - ano X".
A nossa história com o carnaval é de longa data e por isso que há dez anos a Escola Pernambucana de Circo bota seu bloco na rua levando muito frevo e alegria para seus amigos, educadores, parceiros, alunos, moradores da comunidade da macaxeira e para quem quiser vir brincar conosco.
Este ano a programação está bem recheada. A concentração começa às 14h com apresentações circenses, desfile do maracatu nação Esperança e concurso infanto-juvenil de fantasias e máscaras artística.
O bloco arrasta os foliões pelas ruas da comunidades às 16h prometendo não deixar ninguém parado. 
Este ano teremos a parceria da Escola Municipal Cecília Meirelles que celebrará junto conosco a chegada do carnaval.
Bote sua fantasia, traga sua alegria e vem brincar com a gente!!!

SERVIÇO:
Bloco EPC em Folia - ano X
07 de fevereiro de 2013
A partir das 14h
Saída às 16h pelas ruas da comunidade da macaxeira
Sede da Escola Pernambucana de Circo

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Acompanhe nossas ações:
Flickr: http://www.flickr.com/photos/escolapernambucanadecirco/


Leia também:  AGONIA DO CARNAVAL BAIANO. AQUI 




Aniversário de Dom Helder é lembrado com missa, carnaval e lançamento de livro. AQUI

 

  Quem foi Dom Hélder, por Frei Betto

AQUI 

 

 Gravação em áudio de crônicas de D. Hélder na Rádio Olinda. AQUI

Conversa, quinta feira, 07 de fevereiro 2013

A missa pelo aniversário natalício (104 anos) de Dom Hélder Câmara que juntos, eu, o padre João Pubben e todo o grupo ligado ao Dom, celebramos hoje pela manhã na Igreja das Fronteiras teve o jeito de um reencontro no estilo de Igreja que Dom Hélder sempre defendeu. Nem tanto o rito da missa que foi o de sempre e inclusive com um coral bonito, mas que não ajudava muito a toda a assembléia cantar. Eles cantavam pelo povo. O que me pareceu bom foi ver a Igreja cheia, em um dia de trabalho, de manhã e o reencontro de muita gente que quer continuar a profecia do Dom. Depois da celebração, vários me disseram que gostaram do que eu falei na homilia. Salientei a profecia de Dom Hélder, sua atualidade e como é importante nós a continuarmos na Igreja e no mundo de hoje. Mas, interiormente, eu teria querido muito mais e inclusive, talvez por ver no altar o reitor da Católica e o coordenador de pastoral da arquidiocese (ambos abertos e amigos), mas talvez por isso me reprimi e não fiz o que eu tinha pensado: convocar todos ali para se constituirem como uma assembléia sinodal que atualizasse  a herança do Dom para hoje nesse aniversário de 50 anos do Concílio Vaticano II. No final da missa, Reginaldo Veloso tomou a palavra e lembrou esse aniversário e eu fiquei com pena de não ter falado isso: organizar a partir das bases um processo sinodal que tenha em vista não um Vaticano III (Deus me livre nessa Igreja de hoje), mas um processo sinodal no mundo todo. Em uma carta escrita em 1981 a um bispo argentino, amigo seu (Jerónimo Podestá), Dom Hélder dizia ter três sonhos: o primeiro unir os mundos ainda distantes - e aí seria o diálogo dos continentes, mas quem sabe, até dos planetas nos quais se descobrirá vida inteligente. O segundo era a luta contra a pobreza no mundo e o terceiro. O terceiro era preparar um novo concílio que ele, o Dom, chamava de Jerusalém II, não porque seria em Jerusalém, mas porque seria uma atualização do encontro dos apóstolos (narrado em Atos dos Apóstolos, cap. 15) que legitimou o diálogo de culturas - da cultura semita com a cultura greco-romana. Hoje, isso significa desocidentalizar a Igreja tornando-a capaz de assumir o rosto e a alma de cada povo e de cada continente. Agora, diferentemente do tempo de Dom Hélder, sabemos que esse terceiro sonho não se dará nas estruturas atuais da Igreja Romana, mas só poderá ser feito a partir das bases e de um processo que nós temos de começar.
   
Marcelo Barros

 

 Para relembrar o carnaval das antigas, recomendo: AQUI

 

Seis cidades históricas de Minas Gerais se unem pelo carnaval de antigamente.

 

AQUI 

CARNAVAL É DO POVO - Matéria da Rede Globo aborda Carnaval de São Cristóvão, acho que 2007 ou 2008, através da perfomance da Irmã Caridade, feira francsiscana que dança folclore e brinca Carnaval. Ela retornou para Pardiló, Portugal, em 2009. 

Via Thiago Fragata (facebook)

 

AQUI

 

Leia também:

 

Hoje ando saudosista de um tempo bom.

 

AQUI

 

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