Auditório lotado em SP para debate construção de política
cultural pública em São Paulo: exemplo de ação que deveria se reproduzir
pelo país (SMCSP)
Na quinta feira (6), o secretário municipal da cultura de São Paulo
Juca Ferreira (que foi ministro da Cultura de Lula), reuniu cerca de mil
cidadãos, militantes da área cultural, muitos da periferia, para
debater as ações, rumos e prioridades da secretaria que acaba de
assumir. Isso é participação popular e democracia de verdade. Quando o
cidadão é chamado a contribuir para a construção de uma política
pública, aquela política deixa de ser apenas de governo e passa a ser de
todos, da sociedade.
Não por acaso, o evento se chamou "Existe diálogo em São Paulo", e
não foram só as mil pessoas que lotaram o auditório que o acompanharam.
Milhares de outras estiveram virtualmente presentes, já que tudo foi
transmitido pela internet, e participaram dos debates pelo Twitter, com a
hashtag #ExisteDialogoEmSP
Isso é fazer política com "P" maiúsculo. Há outras promessas
animadoras do prefeito Fernando Haddad nesse mesmo rumo, como os
gabinetes digitais, pelos quais a população deverá interagir com os
gestores de cada secretaria, criando um canal direto para os cidadãos
levarem suas reivindicações aos seus representantes no governo.
Além disso, Juca deu uma prova viva e prática de que
comunicação governamental não é propaganda, como já disse Haddad. Ele
mostrou mostra que não há nada mais "técnico" em um secretário ou
ministro do que ser político, no sentido de usar as ferramentas
gerenciais a serviço do que a população quer e espera que um governo
faça. Até quando não é possível fazer tudo, é mais fácil para o cidadão
entender o porquê das impossibilidades se ele participa e é ouvido no
processo.
Queremos #ExisteDialogoEmBrasília
É esse tipo de efervescência que sentimos falta no governo
Dilma. A presidenta, pessoalmente, desfruta de boa avaliação junto à
população. A aprovação pessoal é maior do que a aprovação de seu
governo. Isso recomenda liberar mais o "instinto" político de cada
ministro para interagir mais e comunicar melhor com o povo.
Há ministros do STF que quase se escondem da imprensa e mesmo
assim aparecem mais do que ministros do poder executivo, políticos
experientes, que acumulam expressiva votação popular em seus estados, e
que estão desenvolvendo políticas públicas importantíssimas, mas mal
chegam ao conhecimento da maioria da população.
Por que isso? Não sei, mas só pode ser diretriz de comunicação
do governo, para evitar ruídos. A intenção pode ser boa no sentido de
afinar e unificar o discurso e evitar trapalhadas, mas o efeito
colateral é muito pior, pois a comunicação de muitos ministérios fica
tão oficial que fica parecendo ordem do dia de quartéis (sem nenhum
demérito para as liturgias militares, mas são próprias para tropas), e a
mensagem chega a poucos.
Some-se a isso o impacto da demissão no Ministério da Justiça
de um adjunto no início do governo por causa de uma entrevista dele, com
opiniões pessoais desencontradas com as diretrizes do governo. Era só
uma entrevista relativamente inofensiva, que poderia ser consertada com
uma nota dele e do ministério. Mas a radical demissão parece ter sido
exemplar para manter as bocas fechadas na esplanada dos ministérios e no
Planalto, interditando boa parte da comunicação com o povo.
Com isso, prejudica a liderança e dimensão política dos
ministros junto a suas bases. Além desse dano, a própria presidenta pode
sofrer com essa menor projeção de seus correligionários na hora de
montar palanques nos estados em 2014.
Em 2013, a presidenta Dilma está participando mais de eventos
junto à população, está se reaproximando mais dos movimentos sociais e
centrais de trabalhadores. Isso é muito bom, que aprofunde. Mas também
libere a Marta para fazer igual ao Juca Ferreira, libere a Helena Chagas
para criar uma sub-secretaria de democratização das comunicações, pelo
menos para incentivar o controle remoto ter mais opções, inclusive para
mais pessoas terem a internet como opção, e jovens jornalistas que saem
todos os anos das universidades tenham mais campo de trabalho.
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