terça-feira, 2 de junho de 2020

Redes ou Ruas? Redes E Ruas

#Somos70porcento




Raul Marx
Não foram uma ou duas vezes que eu ouvi pessoas esnobarem o potencial do twitter. "Ninguém está lá", me disseram. Primeiro, não é verdade. Segundo, essa afirmação tenta desmerecer o potencial da ferramenta, o que na prática não se concretiza.
Tem muita gente que não sabe, mas o twitter consegue pautar todas as outras redes e ainda a mídia tradicional. Qualquer tag que sobe entre os assuntos mais comentados se transforma em pauta na TV, no rádio, nos sites, facebook, instagram, youtube, tudo.
Ontem mesmo, para servir de exemplo, um grupo de mulheres aracajuanas fizeram denuncias de abuso sexual de homens da cidade. Virou tranding topic (assuntos mais relevantes) a nível nacional. A Policia Civil do Estado se manifestou e os portais estão noticiando.
Então, quando se fala em subir uma # estamos falando de pautar toda a comunicação tradicional e, consequentemente, toda ou parte relevante da sociedade. E isso é muito importante se usado para o bem ou para assuntos relevantes como o exemplo das denúncias.
A questão é que grupos extremistas e conspiracionistas já se apropriaram dessa tática para subir discursos de ódio e notícias falsas. A tática deles envolve o uso da força de unidade da militância virtual, sensacionalismo, clikbait (prática usada para atrair audiência por meio de títulos apelativos, atrativos ou promessas milagreiras) e os famosos robôs. Essa tática engaja os apoiadores e os não apoiadores, o que acaba atraindo todo o público na internet.
Insisto nisso porque acredito que a maioria das pessoas e movimentos ainda não tomaram consciência da magnitude dessas questões. Assim, para ser propositivo, deixo aqui algumas contribuições:
1 - Ocupe as redes, faça perfis das suas iniciativas e dos movimentos que você participa. É preciso criar uma rede de apoio e de informação;
2 - Apoie as páginas que você acredita que são importantes. Dar uma curtida, uma palavra de apoio, um compartilhamento mostra aos algoritmos que a página e o assunto são relevantes;
3 - Ao ver uma publicação absurda na internet não a comente, não reaja com o emonticon de raivinha, não dê relevância ao que não deve ser relevante. Invista na denuncia, assim a rede social pode identificar e apagar a publicação;
4 - Não escreva o nome, não reproduza o @ e nem comente a tag. Tente evitar usar os nomes (invente nomes ficticios), fale sobre o assunto sem precisar dar visibilidade para as figuras, crie contranarrativas e não caia nas narrativas deles;
5 - Sigam o @AnarcoFino no twitter, pesquisador que consegue fazer esses debates com mais propriedade.
Ah, e me siga também @raulmarx e siga movimento social @mtudoparatodos


Raul Marx
ATENÇÃO PATRIOTAS: ESTAMOS EM GUERRA 

Passei o dia ontem bem agitado lendo e vendo debates sobre comunicação, algoritmo e redes sociais. Acho que muita gente ainda não compreendeu a centralidade disso na nossa sociedade hoje. A extrema-direita entendeu e usa as piores armas para atacar. A minha impressão é que a gente tá se jogando na frente das balas, enquanto eles só atiram.

Algumas reflexões sobre o que eu digo:

1 - O presidente se elegeu pelo whatsapp. Não é exagero. Ele quase não fez campanha de rua, seu tempo de TV era pequeno no primeiro turno e não participou dos debates. Se a eleição desse ano não tiver campanha nas ruas, fudeu, vai ser decidida pelas redes sociais, principalmente o whatsapp e facebook.
2 - A bancada do PSL foi eleita dentro de uma estratégia bem particular na internet. Pra exemplificar isso, observem como um certo perfil de homem, jovem, branco, "hétero" e bolsonarista se elegeu. Têm vários exemplos disso: em Fortaleza, Niterói, Rio de Janeiro e São Paulo. Eles conseguem chamar atenção com polêmicas moralistas e a gente cai feito pato dando palco pra maluco dançar. Ganham visibilidade e se elegem. Tem um certo policial do Rio que tá seguindo essa lógica, observem.
3 - A esquerda se engaja muito pelo ressentimento, ou seja, a gente vê uma coisa absurda e vai pra internet falar: "que coisa absurda", dando visibilidade para estas questões. A direita se engaja pautando ou contra pautando. Exemplo disso é a crise do coronavírus, primeiro eles tentaram emplacar a disputa em torno da narrativa da economia, não emplacou. Agora eles pautam a possível corrupção através do financiamento para o enfrentamento da crise. O Governador do Rio é exemplo disso.
4 - Outro exemplo disso é o caso da Vaza-Jato (isso eu vi em algum debate por aí). Naquele momento nós pautamos e a direita quase caiu, porém surgiu o pavão misterioso como contra narrativa e pum. Lá estão eles pautando e a gente caindo.
5 - A gente precisa arrumar um equilíbrio entre a denúncia necessária e a propaganda involuntária.
6 - Dentro dessas estratégias de pautar a sociedade, a extrema-direita apela pelo moralismo mais tosco e que tem força na sociedade. Eles apelam principalmente a pauta "identitária" através de polêmicas como kit-gay, mamadeira de piroca e ideologia de gênero. Nosso campo vai pra cima disso na internet e perde feio. Precisamos criar boas e reflexivas narrativas sobre esses debates e a gente tem de sobra: dignidade lgbt, a violência contra mulheres e o racismo estrutural, por exemplo.
7 - A gente fica esperando o amanhã onde o governo vai cair e esse amanhã nunca vem. Os 30% de aprovação não só mantem o governo como o mantém em todas as disputas eleitorais dos próximos anos.

8 - É hora de se preparar pra guerra. É hora de criar uma rede de comunicação, de criar uma estratégia de financiamento para dar viabilidade para profissionais se dedicarem (espontaneidade não é suficiente, tem um monte de profissional qualificado da comunicação desempregado), de monitorar os grupos, criar contra-narrativas, de parar de cair nas pautas deles, barrar fake news, tirar e denunciar o financiamento dessa máquina (@slpng_giants_pt no twitter) e de ocupar tudo (twitter, youtube, instagram, facebook e whatsapp).

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