Chega o mês de junho e a gente se pergunta incrédulo: como é possível viver sem as festas de São João e São Pedro? Se bem que o bom forró pé de serra está cada vez mais difícil de achar, mas ainda se encontra. Naqueles distritos de Caruaru, nas fazendas de Serra Talhada e na beira do São Francisco, tanto do lado de Juazeiro quanto de Petrolina. Saudade do forró de Targino Gondim.
Aquela festa de palco de Petrolina que existia lá perto do aeroporto, cheia de sertanejo, Ave Maria, ninguém merece. Este ano, por conta da pandemia, programaram para setembro, mas esqueça isso, senhor prefeito, não vai ter condições.
Vi agora no fim de maio a imagem da barragem de Sobradinho com 94% da sua capacidade. Coisa linda para os olhos. Muita chuva naquela região entre a nascente do São Francisco e o lago. No início da década de 80 atravessei o paredão do lado de Pernambuco para a Bahia dirigindo uma belina, parei no meio para olhar e ao ver tanta água junta no sertão, quase tive uma vertigem. A obra foi muito bem feita, mas com o lago cheio é assustadora para os fracos.
Sítio da Trindade, seu lindo, aqui em Recife, como você vai passar sem o som do forró este ano, se como nós acostumou-se com esse silêncio de sepulcro somente quebrado pelas sirenes das ambulâncias? Como sobreviverá sem aquelas milhares de bandeirinhas a lhe enfeitar? Dá-me uma tristeza só de pensar.
O que me alegrou esses dias foi um conjunto de forró tocando o xote SOBRADINHO, de Sá e Guarabyra, em um barco no lago de Sobradinho, lá pra banda de Remanso/BA, comemorando o enchimento da barragem.
Ah, como eu queria dançar um forrozinho ao som desses rapazes às margens do São Francisco. Sim, porque o pior dessa pandemia é a melancolia que ela nos traz. Talvez mereçamos esse sofrimento na magnitude que estamos vivendo, do mesmo modo que temos de aguentar um governo infeliz como esse de Bolsonaro que além de ruim na administração ainda constitui uma ameaça à democracia. Viva Celso de Mello e Alexandre de Moraes!
Então, nada melhor do que um bom forró para fazer a gente se alegrar um pouco: 1) o forró dos rapazes no lago; 2) Dominguinhos em outro xote pra lá de gostoso; 3) Del Feliz com Elba Ramalho num forró pra se dançar cavalheiro aqui e dama acolá, feliz na concepção e triste na realização. Coisa de tempo pandêmico sem casais abraçados e sem o suor da dança!
Obs.: Para ouvir as canções e assistir aos vídeos é só clicar no texto em lilás, acima.
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