domingo, 7 de junho de 2020

UMA NOTINHA DE NADA MOTIVADA PELO VÍDEO DA VEZ DO OLAVO DE CARVALHO

Romero Venâncio

Alguns amigos e amigas me recomendaram um curto vídeo com uma fala do Olavo de Carvalho completamente celerado e atacando seu pupilo Bolsonaro. O que em nada me surpreende.Tenho evitado falar desta figura, mesmo sabendo de seu papel nesse Brasil do momento. Agora e por razões pessoais, falo um breve episódio que vi. Conheci pessoalmente em 1992 na UFPB. Estava terminando minha graduação em filosofia. Na ocasião, ele foi levado a universidade por uma astróloga e professora do departamento de geografia à época (que não lembro o nome dela agora) da UFPB. Pelo que vi, ela se dizia amiga do Olavo. Escutei ele por mais de uma hora numa sala de aula do CCHLA/UFPB onde não tinha mais do que 40 pessoas e ele atacou o tempo inteiro alguns pensadores brasileiros: analfabetos, não sabem de filosofia, não conhecem Aristóteles, são comunistas disfarçados, doutrinadores e ateus... Revelou todo um ódio que eu nunca tinha visto até aquele momento a quatro figuras (que na época, eu os lia): Gerd Bornheim, Marilena Chauí, Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder (que ele dizia ser o mais sério! e ainda tinha algum respeito na época). Para ele, eram a derrota de toda a filosofia praticada no Brasil. No momento, fiquei sem saber o que pensar!!! E depois falei rapidamente com ele no cafezinho da praça da alegria (Olavo esteve na praça da alegria e no café da saudosa Nanci!!!) e tenho apenas uma lembrança dele ter me dito que procurasse conhecer Bruno Tolentino. Dizia ele ser esta figura o maior poeta brasileiro vivo e grande erudito. O Olavo que guardei pra mim: uma figura muito inteligente, cativante, ressentida e doente mentalmente.Resumo ele assim naquele tempo e hoje ainda. Para mim, toda a "loucura" do Olavo está expressa nas primeiras páginas de "O jardim das aflições" quando ele fala de José Américo Motta Pessanha com um ódio e uma inveja siderais. Nunca havia lido algo assim. Ali tem tudo. Um dia penso em escrever mais detidamente sobre isto e como ele fez sucesso em redes sociais num vaco deixado pelas esquerdas acadêmicas. Por hora, me basta isto: uma das razões do crescimento e da fama dele se deu por conta de uma série de preconceitos que os acadêmicos de esquerda das universidades têm (ou tinham!!!) com as redes sociais... E em politica ou em rede social é assim: Não existe vaco esperando futura celebridade... Onde, possivelmente exista, alguns/alguém ocupa. Foram décadas de Olavo e seus cursos de "formação de base em extrema direita, teorias da conspiração e filosofias avulsas" e com apoio de editoras conservadoras. O resultado já temos ai e com prazo de duração. Mas isto é assunto para um outro momento. Aguardo ansiosamente a leitura do livro do prof. João Cezar de Castro Rocha (ensaísta e Professor Titular de Literatura Comparada da UERJ): "Guerra Cultural Bolsonarista – A Retórica do Ódio". Pelo que ouvi do professor numa live de quarentena, vai na linha do que penso sobre esse Olavo. Mas quero muito ler o livro e continuar modestamente minhas reflexões...
Essa introdução foi apenas para dizer uma coisa sobre o vídeo que vi: não nos iludamos ou nos enganemos com Olavo... A aposta dele é sempre alta.

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