A direção ou a visão de rejuvenescer quem nos dá para os argumentos abaixo é o genial Belchior na canção Velha Roupa Colorida
Se essa canção me serve de inspiração para o titulo pergunta dessa postagem, outra canção de Belchior, Como nossos pais, me ajudou a escolher as palavras certas para escrever o artigo de opinião publicado no Portal Overmundo em 27 de Outubro de 2006. OUTRO BRASIL? SOMENTE COM PARTICIPAÇÃO E ARTE.
Mas antes da leitura do mesmo, é fundamental atentarmos: Segundo o pensador italiano Norberto Bobbio a esquerda orienta-se por um sentimento igualitário e a direita aceita a desigualdade como natural. Embora no Brasil seja praticamente impossível perceber a diferença através dos discursos e propaganda em época de campanha eleitoral.
"Certa feita, conversando com um amigo educador/artista, que reside na cidade de Olinda, em Pernambuco, sobre o modo de a esquerda governar, ele externou para mim algumas preocupações referentes ao modelo de gestão de muitas administrações progressistas que ele conheceu e que se moldam facilmente à cultura política das oligarquias locais e realizam, mesmo que de forma mais eficiente, uma gestão cuja prioridade são apenas as grandes obras, os programas assistenciais e os shows com grandes artistas ligados à cultura de massa, o que acaba lembrando uma canção do Cazuza: “Um museu de grandes novidades” ou parafraseando Belchior: “Minha dor é perceber que apesar de tudo que fizemos, ainda somos os mesmos, “pensamos” e administramos a coisa pública como os velhos coronéis.”
E o meu amigo fez o questionamento porque, ocorrendo o término do mandato (sem reeleição), uma outra administração ligada a partidos conservadores, com inteligência e perspicácia pode fazer a mesma coisa: realizar grandes obras, investir em programas sociais e prosseguir na organização dos mega shows e, conseqüentemente, passar para a população a idéia de que não haverá necessidade de se votar na esquerda novamente.
Se na época não consegui imaginar isso como uma possibilidade real, decorridos alguns anos dessa conversa, reconheço que essa opinião é pertinente e esse texto foi escrito para ajudar na reflexão sobre o assunto, na linha de que tudo que é sólido se desmancha no ar e de que o que é novidade facilmente torna-se comum, e por isso todo indivíduo ou organização que deseja ser sempre considerada e reconhecida deve continuadamente buscar se aprimorar naquilo para que foi criada e facilitar as coisas para que novas descobertas e novas invenções possam ter lugar.
E isso só acontece num ambiente de autonomia e que favoreça condições e oportunidades para a construção e reconstrução subjetiva dos indivíduos .
Nesse sentido, considero duas questões primordiais. Em primeiro lugar, atenção especial para a mudança de valores e práticas de relacionamento político pautado nos antigos procedimentos da elite dominante, como o clientelismo, o paternalismo, o autoritarismo etc...
Em segundo lugar, atenção especial àquilo que aponta para a criação de sujeitos mais solidários, mais livres, mais ousados, àquilo que cria e dá sentido à realização plena das pessoas (refiro- me aqui à produção artístico/ cultural).
No primeiro caso se faz necessário (re)construir, fortalecer ou criar estruturas formais e informais de participação “real” da população nas decisões sobre os rumos do governo, como os conselhos, as conferências, as câmaras setoriais, os fóruns e as redes, além do incentivo e apoio à organização da sociedade civil através das ongs, e cooperativas. Assim, se viabilizaria um ambiente favorável à gestação de novas idéias e recursos para resolver ou atenuar velhos problemas, o que também pode garantir a criação de um antídoto para evitar o retrocesso de condução antidemocrática das decisões, a partir da eleição de partidos ligados às velhas elites dirigentes, após suceder-se um governo de esquerda.
No segundo caso, democratizar o acesso aos meios de produção artística e dos meios de produção e difusão da informação, com orçamento decente e gestores comprometidos, preparados e que saibam ouvir os interessados no assunto, o que resultará em diretrizes e ações que garantirão à maioria da população a possibilidade de se expressar de maneira que não fiquem apenas se comportando como meros consumidores de um bocado de lixo que é comercializado como produto cultural e cujos conteúdos -- carregados de intolerância (inclusive religiosa), vulgarização do sexo, preconceitos vários, individualismo exacerbado, banalização da violência, etc., -- vão na direção contrária de tudo aquilo que defendemos, formando o “caldo” da cultura que conduz ao retorno e sustentação da nova/ velha direita.
E isso é tudo que muita gente que ousa lutar e acreditar em outro país menos deseja, mas que será inevitável, caso opiniões como a nossa não sejam levadas em consideração a tempo.
P.S.: Quanto as questões que apresento no texto acima percebo que o modelo de gestão do Ministério da Cultura aponta para o que escrevi acima. Apesar da necessidade de aumento do orçamento e da capacitação técnica e redução da burocracia para o acesso dos pequenos empreendedores culturais do interior e das periferias aos editais. Em Recife, em visitas a comunidades periféricas e em conversas com artistas e arte-educadores populares e também com o Secretário de Cultura, João Roberto Peixe, que nos concedeu audiência de quase duas horas no ano de 2004, pude perceber que muito daquilo que queremos/sonhamos já é realidade. Na oportunidade, o secretário me entregou cópias do relatório de gestão 2000/2004 e da I Conferência Municipal de Cultura do Recife, da qual tive a honra de participar.
José de Oliveira Santos - “Zezito” Professor de história e ativista cultural"
Agora voltando ao personagem título dessa postagem, Valmir de Francisquinho, na última sexta feira, 02 de Setembro, publiquei em algumas redes virtuais: "Qual jornalista sergipano poderá escrever uma reportagem investigativa sobre o porquê do fascínio da candidatura de Valmir de Francisquinho sobre uma parcela expressiva do eleitorado sergipano? Uma reportagem jornalística de verdade sem ser no clima de torcida organizada. Matéria com dados e informações mais objetivas... Inclusive acerca das contradições do candidato..."
Já no domingo, 04 de Setembro de 2022, encontro o seguinte texto na coluna Domingueira do jornalista/radialista Narcizo Machado.
"Valmir de Francisquinho: clamor popular, vingança eleitoral, instabilidade a democracia e jogo do poder
Colaboração Gabriel Jesus
Pense numa candidatura que marcou, independente de sua prosperidade, a história de Sergipe. Esta é a de Valmir de Francisquinho. O itabaianense tem, sem dúvidas, o maior clamor popular dos últimos 20 anos. Supera Déda em suas vitórias marcantes, João no auge e na ressurreição de 2012, empata com Jackson e seus feitos eleitorais na década de 1980 e 1990.
Valmir é um tipo, um personagem, é igual a todos os políticos tradicionais e suas práticas, mas construiu uma imagem de bom gestor e é um fenômeno na comunicação. Como nenhum outro, entendeu que a naturalidade, a espontaneidade e o efêmero, são ingredientes para o sucesso da interação nas redes sociais. O povo nunca entrou no cotidiano de um político como 'parece' entrar no de Valmir. Que se exibe do café da manhã ao adormecer.
A candidatura de Valmir reúne, também, uma dupla que está cansada de derrotas duras. Em 2014 e 2018, os irmãos Amorim perderam na disputa pelo comando de Sergipe e possuem em Valmir a chance real de ‘vingança eleitoral’.
Se vier a vitória jurídica, será muito difícil abater o 'Pato'. Contudo, se Valmir insistir numa candidatura instável, colocará em risco a normalidade democrática do processo eleitoral. Se tiver os votos anulados e for o mais votado, como fica o segundo turno? Insistirá em recursos? Se ocorre o segundo turno, assume o vencedor ou Valmir revertendo tem um novo pleito? As dúvidas impostas deixarão a sensação de ausência de legitimidade para o novo gestor.
O jogo do poder rondou o caso de Valmir desde o seu segundo governo na prefeitura de Itabaiana. Foi preso e acolhido nos braços do povo, dali surgiu sua imagem empoderada. Elegeu o filho com votação histórica, mas, no entendimento da Justiça Eleitoral, tudo ocorreu com abuso de poder. Como diz o jargão: 'o jogo é bruto'. Para a sociedade nem sempre é fácil compreender o que ocorre nos bastidores.
O pleito em Sergipe está incerto e essencialmente nas mãos da Justiça Eleitoral. Aguardemos mais uns dias."
Agora, se um jornalista recém formado quiser enveredar por reportagens investigativas por meio de financiamento colaborativo para escrever sobre o que propus, nos colocamos a disposição para ser um dos colaboradores.
Além do tema Valmir de Francisquinho, ainda persigo respostas sobre o quanto de prejuízos para Sergipe, rendeu o desmonte da Petrobrás em solo sergipano e seus impactos econômicos e sociais no médio e longo prazo, e paradoxalmente o grupo politico que apóia Valmir de Francisquinho, assim como outras candidaturas da nova e da velha direita, fizeram parte da rapinagem do patrimônio e dos direitos sociais do povo brasileiro.
P.S;: Como disse, respondendo a um comentário acerca dessa postagem no whatzapp. A ligação do texto da minha autoria com o texto da autoria do Narcizo Machado quem deve fazer são vocês leitores, assim como as conclusões, diga-se de passagem não é muito difícil. E mais, não podemos deixar de lembrar que a tendência das pesquisas parecem apontar , ser muito grande as chances de eleição de um número maior de governadores do expectro politico ideológico identificado com o pensamento de direita.
Talvez isso possa se reduzir com a vitória de Lula no primeiro turno, o que pode deixá-lo com mais tempo para o apoio aos candidatos do PT ou dos que forem apoiados pelo mesmo e que irão para o segundo turno..
"Um dos elementos específicos da conjuntura brasileira iniciada em 2015 foi a aparição de uma direita assumida como tal. Com posições radicalizadas de rejeição ao PT e ao governo da Dilma, com um grau de agressividade como nunca antes se tinha visto no Brasil e com o resgate correspondente de chavões da Guerra Fria – que vão do “não ao comunismo” ao “não a Paulo Freire”.
Que direita é essa? Como ela emergiu? Se olhássemos para os candidatos às eleições presidenciais, pouco se poderia inferir dessa explosão pós-eleitoral." Emir Sader em resenha sobre o livro para Teoria e Debate (2015).
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2 comentários:
Parabéns pelo texto, Zezito! Como sempre, sua produção é pontual, pertinente, necessária. Especialmente, nestes tempos mórbidos, em que pese o bem estar social em nosso país, não há como seguirmos adiante sem reflexão e debate. Mas é inegável que sem uma consciência política profunda do nosso povo, haveremos sempre de nos depararmos com oportunistas e oportunismos, lobos em pele de cordeiro. O atual momento político doente e sombrio que vivemos é fruto dessa enraizada ignorância política.
Maravilha! Gratidão Tânia pelas palavras que nos reforça prosseguir e melhorar neste caminho da busca da "verdadeira verdade" como lembra uma canção da querida banda Cidade Negra.
Na verdade trago para esta discussão um texto antigo de minha autoria, produzido em 2006, mas ainda bastante atual, e assim deve permanecer por mais um bom tempo.
A pretensão é colocá-lo junto com a seleção de outros e publicá-los em uma coletânea no formaato ebook e impresso. Projeto para 2023
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