sábado, 26 de novembro de 2022

Massacre em Columbine.....Realengo.... Suzano....Aracruz... Onde será o próximo?

 "Sempre que acontece estes atentados em escolas, me vem na cabeça o filme de Michael Moore: Tiros em Columbine” onde o documentarista tenta descobrir por que a busca da felicidade americana está cheia de violência, explorando os acontecimentos que resultaram na tragédia na Columbine High School em 1999. 

Será sempre sintomático essa coisa de atacar escolas e matar professores e estudantes. A extrema-direita odeia escola, inteligência, cultura e ciência. Um país que cultua armas, clube de tiros, violência e beligerância como forma de política prepara atentados a torto e à direita."

Profº Romero Venâncio (UFS)

Atentado em Aracruz mostra que o Brasil está copiando o pior dos EUA 

Atentados como o que matou três pessoas e feriu outras 11 em duas escolas públicas, nesta sexta (25), em Aracruz (ES), não são inéditos no Brasil. Mas eles tendem a aumentar após o governo Jair Bolsonaro ter celebrado a violência armada como solução dos problemas.

Ao final de quatro anos de seu mandato, seremos mais parecidos com os Estados Unidos. Não no que diz respeito à renda per capita ou ao apoio ao desenvolvimento científico, mas porque esse tipo de atentado contra escolas por lá, perpetrado por jovens com problemas psicológicos, se tornou parte triste do cotidiano pela facilidade de aquisição de armamentos.

Com roupa camuflada, rosto coberto por máscara, colete à prova de balas e pistola semiautomática, um jovem de 16 anos matou duas professoras e um aluno do 6º ano. Ele seria filho de um policial militar e teria usado a arma do pai. Após fugir, foi apreendido.

Independentemente da motivação, o atentado acontece em meio a um crescente culto às armas de fogo e à violência como forma de resolução de conflitos no país e após os decretos editados por Jair Bolsonaro terem facilitado o porte e a compra de armas e munições.

Violência que leva não apenas ao uso da força bruta para a resolução de tensões e traumas, mas também à eliminação do outro. Seja qual for a razão da fantasia de vingança desse jovem, contra a sociedade, as instituições, a escola, as mulheres ou algo mais que também não faça sentido, a atual cultura de violência ajuda semear esse tipo de tragédia.

Atentados como esse não começaram no atual governo federal, mas termos um pregador da morte como presidente, cuja marca registrada é simular armas com as mãos, piorou a situação.

Bolsonaro é considerado um "mito" em fóruns e canais de discussão de jovens que operam abaixo do radar da maioria das pessoas, congregando racismo, misoginia, homofobia e ódio em estado puro. Nesses chans (espaços que funcionam sem necessidade de login ou conta e, geralmente, anônimos), narrativas são construídas e buriladas e estratégias de ataques a grupos minoritários organizadas, normalmente usando a internet.

É assustador saber que alguém visto como "normal" e "comum" pode ser capaz, nos contextos histórico, político e social apropriados, tornar-se o que convencionamos chamar de "monstro". Ou seja, os monstros podem ser nossos vizinhos, nossos colegas de sala ou até nós mesmos.

Em casos extremos, basta que tenham o conjunto de estímulos (ou a falta deles) e os contextos certos de frustração, solidão, ansiedade, insegurança. A partir daí, ficam mais suscetíveis a aprender a odiar determinados grupos que culparam por seu sofrimento e a transformar esse ódio em violência. Ninguém nasce um "monstro", torna-se.

Jovens que se reúnem nesses fóruns já celebram as mortes de Aracruz, como celebraram as oito mortes da escola em Suzano, em março de 2019, e chamaram os dois algozes, um de 17 e outro de 25, de heróis. Ao final, um matou o amigo e suicidou-se. Entraram imediatamente para um bizarro Hall da Fama.

Outros que também aplaudem os homicídios são fóruns de discussão que reúnem "Incels" (sigla em inglês para "celibatários involuntários"), rapazes frustrados, solitários e inseguros por não conseguirem ter relações afetivas e sexuais, culpando as mulheres e outros homens por isso. Sentem-se perdedores e parte deles atribui isso a si mesmo e outros à sociedade.

Uma parte dos Incel não é violenta, outra sim. E esse segundo grupo soma assassinos ao seu panteão, como fez com o jovem que tinha raiva de garotas e matou 12 crianças e adolescentes, entre 12 e 14 anos, em uma escola em Realengo, no Rio de Janeiro, em 2011.

A trajetória do jovem envolvido nessa tragédia precisa ser analisada. Isso não o exime do que fez, mas saber o nível de distúrbio contribui para entender melhor o contexto e os gatilhos que os levaram a provocar dor e sofrimento a outras famílias e às suas próprias.

O bullying sozinho não leva alguém a assassinar outra pessoa. Mas esse não é o único elemento envolvido, principalmente se considerarmos que muita gente nesses fóruns atua o tempo todo para transformar jovens com problemas de socialização em armas para os seus objetivos. Sim, temos covardes em todos os lugares.

Precisamos aprimorar métodos a fim de alcançar essas pessoas antes que outras pessoas com más intenções os alcance. E, agindo com empatia, tentar buscar criar canais para conectá-los com a complexidade e a pluralidade do mundo. Antes que seja tarde.

Ao invés de armar professores e colocar detectores de metal nas escolas, propostas inúteis e perigosas que sempre aparecem após casos como esses, precisamos atuar de forma coletiva para desarmar mãos, mentes e corações no que for possível.

Reduzir a maioridade penal tampouco ajuda. Para muitos desses jovens, saber que eles poderiam ser presos ao cometerem tais atos simplesmente não faz diferença, lembrando que, não raro, se matam ao final.

O jovem em Aracruz, ao que tudo indica, usou a arma do pai policial, mas outros casos não são assim. Revogar os decretos armamentistas de Bolsonaro não vai resolver tudo, mas será um bom começo.

Ao mesmo tempo, precisamos reduzir o ódio na sociedade, através da desconstrução do discurso que defende a aniquilação do adversário. Derrotar o bolsonarismo, que se manterá após a saída Bolsonaro, não vai resolver tudo, mas será um bom começo.

https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2022/11/25/atentado-em-aracruz-mostra-que-o-brasil-esta-copiando-o-pior-dos-eua.htm?cmpid=copiaecola

Em seu perfil em uma rede social, o pai do atirador compartilhou uma imagem do livro "Minha Luta" (ou "Mein Kampf, em alemão), escrito em 1923 por Adolf Hitler, no qual o ditador descreve pela primeira vez seus ideais antissemitas.... 

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🚨 NOTA DE PESAR (25/11/2022)
A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lamenta profundamente a tragédia ocorrida na manhã de hoje que resultou em três mortes e 11 pessoas feridas, em tiroteio ocorrido em escolas de Coqueiral de Aracruz/ES

Brasil, 25 de novembro de 2022.

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lamenta profundamente a tragédia ocorrida na manhã de hoje, 25 de novembro de 2022, que resultou em três mortes e 11 pessoas feridas, em tiroteio ocorrido em Coqueiral de Aracruz/ES, na Escola da Rede Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, e na escola particular, Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC). Após os ataques o atirador fugiu e, até o momento, não foi localizado.

Embora sem relação com o tiroteio, a Escola de 1º Grau Cleres Martins Moreira, no bairro São Vicente, em Também em Colatina/ES, também foi alvo de violência.

Tragédias como as de hoje, se somam às ocorridas em setembro, na Escola Municipal Eurides Sant’Anna em Barreiras/BA, e em outubro, na Escola Estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes, no bairro Sumaré, em Sobral/CE.

Toda vez que algo assim acontece, surgem nos meios de comunicação narrativas sobre a falta de segurança e a violência nas escolas, mas não se coloca em discussão questões mais profundas e que precisam ser problematizadas se nosso objetivo é cessar com a onda de tiroteios cada vez mais frequentes nos ambientes escolares.

A violência nas escolas é reflexo de um conjunto de problemas estruturais na sociedade brasileira que têm sido amplificados por comportamentos e atitudes diametralmente opostos à construção de uma cultura de paz e estimulados por programas do atual governo como a educação militarizada, via Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, um projeto contra a gestão democrática e contrária aos princípios que garantem o direito à Educação, transformando a escola em um espaço violento, opressor, que coíbe o pensamento crítico, a autonomia e a cultura da paz. Aliada a esse modelo educacional extremamente retrógrado e autoritário, soma-se a política bélica propagada pelo governo Bolsonaro que promove o armamento da população, contrariamente aos avanços em termos de políticas de segurança pública.

O crescimento de ideias e comportamentos fascistas, de extrema direita entre a população, de uma cultura de ódio, xenofobia e intolerância em suas mais variadas formas, contribuem diretamente para um cenário propício a atitudes cada vez mais violentas na sociedade, seja nas escolas, ou fora delas.

É inegável que o momento é de dor, de insegurança e a Campanha se solidariza com os familiares, amigos, trabalhadores das instituições de ensino, profissionais da educação, estudantes e suas famílias.

Entretanto, o debate sobre a violência nas escolas não pode se limitar à segurança pública, os ataques que vêm ocorrendo no Brasil e o contexto em que se insere precisam, necessariamente, ser objeto de nossa reflexão e ação, passando obrigatoriamente pelo debate sobre o fim da militarização das escolas, do desarmamento da sociedade, da ausência do Estado na promoção de uma cultura de paz, de políticas públicas da saúde mental para sua população e, fundamentalmente, é preciso uma resposta firme contra ações e discursos fascistas.


👆🏾Pensando em soluções de curto, médio e longo prazo, lastreada na proposta da carta da CNTE.

Acão integrada e articulada em várias frentes.. No caso das escolas por exemplo, professores, artistas, psicólogos, assistentes sociais, comunicadores,  área da  saúde e etc. Tanto profissionais como estudantes universitários, estes últimos tendo a escola como espaço de residência e campo de estágio ampliado e pesquisa.

Vamos aguardar as propostas do grupo de transição do Ministério da Justiça... Ações junto aos meios de comunicação de massa também será necessário.... E por aí vai..... Mas para desarmar a bomba bolsofascista não será com  pouco tempo, como afirma Sakamoto....

Zezito de Oliveira - zezitodeoliveira@gmail.com

Para entender questões de fundo.

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