Os dados são de um dos maiores levantamentos sobre o tema já feito no país, “Cultura nas Capitais”, realizado pela JLeiva Cultura & Esporte
Redação Jornal de Brasília
31/01/2025 13h55
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A cor da pele de uma pessoa influencia seu acesso à cultura no Brasil. Enquanto pessoas brancas frequentam mais atividades culturais, pardos ou indígenas enfrentam barreiras. Os dados são de um dos maiores levantamentos sobre o tema já feito no país, “Cultura nas Capitais”, realizado pela JLeiva Cultura & Esporte.
Foram entrevistadas mais de 19 mil pessoas nas capitais estaduais e no Distrito Federal, questionadas sobre suas atividades culturais nos últimos 12 meses. Padrões distintos de consumo cultural foram observados entre pessoas que se autodeclaram pretas, pardas, amarelas e indígenas.
Enquanto brancos lideram acesso em sete das 14 categorias avaliadas, notadamente museus (32%), bibliotecas (28%) e teatros (29%), pessoas pretas frequentam mais shows (44%), festas populares (39%) e espetáculos de dança (27%).
Pessoas pretas têm o maior interesse em frequentar atividades, apesar do acesso limitado; o público amarelo tem maior acesso a video games (59%) e ao cinema (59%). Os menores índices pertencem aos pardos e indígenas. Entre os indígenas, metade dos entrevistados foi no máximo a duas atividades culturais nos 12 meses anteriores à pesquisa.
“Os dados evidenciam a exclusão de grupos historicamente marginalizados, mas também mostram onde há maior potencial de crescimento no acesso à cultura”, afirma João Leiva, idealizador da pesquisa, em nota.
ACESSO À CULTURA EM SÃO PAULO
Na capital paulistana, 37% das pessoas praticaram alguma atividade ligada à cultura nos 12 meses anteriores à pesquisa. Apesar do índice alto, se comparada às outras capitais, cidade apresenta barreiras físicas e econômicas ao acesso.
As zonas norte, sul e leste, que concentram 89% da população, tem baixo índice de participação nos últimos meses. Mais de metade dos moradores destas regiões relataram precisar sair de seu bairro para realizar uma atividade cultural.
Nas zonas norte e sul, apenas 27% e 29%, respectivamente, visitaram museus. Já no centro, o número vai para 61%. As instituições mais frequentadas da cidade foram o Museu do Ipiranga (26%), o Masp (11%) e a Pinacoteca (9%). Cerca de dois terços (65%) das pessoas disseram que a entrada havia sido gratuita.
As atividades mais populares são a leitura (66%), seguida de video games (55%) e cinema (52%). Na música, o gênero eleito mais popular foi o sertanejo (40%), seguido da MPB (29%), rock (26%) e gospel (21%), e 85% dos entrevistas escutam nos celulares.
O arroz com feijão foi eleito como prato típico. O espaço cultural mais frequentado pelos moradores é o parque Ibirapuera e o evento mais citado, a Virada Cultural. Muitos nunca foram a espaços icônicos como o Theatro Municipal (46%) e o Masp (34%).
Comparado ao levantamento da JLeiva de 2017, realizado em 12 capitais, o acesso à cultura diminuiu na cidade de São Paulo. Cultura nas Cidades foi realizada com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Rouanet. Também contou com a parceria da Fundação Itaú.
Matheus Rodrigues
Cinemas estão mais bem distribuídos pelas cidades do que museus. Observa-se também que existem mais bares per capita nas periferias do que nas zonas nobres, onde predominam os restaurantes.
Acesso também diz muito sobre o que se desfruta. A matéria é um excelente marcador pra quanto a interpretação de texto e capacidade de abstração de quem comenta está pobre ou enviesada rumo ao classismo ou racismo.
Adriana Oliveira
Matheus Rodrigues só o título da matéria já mostra o viés...os museus são uma minoria de ambientes, concentrados em locais mto específicos e o simples fato de não existir nenhum voltado p nossa relação com a escravidão ou sobre a cultura africana no Brasil dizem mto...
concordo com vc . Nem tudo é sobre clássico ou racismo. Mas a educação, conhecimento e acessibilidade.
Eu dou aulas gratuitas em favelas, meu colega que dar aulas de músicas me falou que colocou as crianças para tocar Tom Jobim e elas ficaram encantadas. Não conheciam Tom Jobim....e as razões são várias. Com viés de Racismo, a comunidade local tenta implementar a música raiz ...e as crianças só escutam Funk, rap nas rádios da comunidade. Ao conhecer Villa Lobos . Demos a eles um pen drive com Tom Jobim, Toquinho, Cazuza, Sinatra...e até Rock...The Cure, Depeche, The Smiths....elas ficaram encantadas.
A própria educação tem viés. Quando se tenta educar alguém só com uma visão de mundo, uma infinidade de oportunidades são perdidas. Fico feliz de mostrar a essas crianças da comunidade que existe muita coisa lá fora. De brancos, orientais, africanos, americanos, europeua...e que nem tudo é só racismo. Quem tem mais conhecido, tem mais oportunidade.
Jaimeson Francisco
Matheus Rodriguestem a questão dos acessos também. Bibliotecas e museus ficam em regiões sempre afastadas da periferia , o que demanda custo de transporte. Quando tem museus em regiões periféricas ( são abandonados pelo poder público e pouco atrativos).
Leonardo Lima
é exatamente isto, na minha opinião a matéria deveria levar isto em consideração ou talvez até leve no seu conteúdo, mas o título da uma interpretação tendenciosa que as pessoas de cada cor tem essa ideia simplesmente por vontade própria. Ressalta-se que a questão educacional e o incentivo à isto conta muito
Jhonatan Martins
Matheus Rodrigues na verdade só retrata como o jornal e tendencioso e de mal caratismo. Matéria mais sem fundamento. E bem observado sobre a distribuição das áreas. Vc terá um número maior de pessoas acessando o que é mais cômodo próximo e acessível. E… Ver mais
Ric Zafra
Devo ser cinza, os meus passeios são: Mercado, posto de gasolina e farmácia.
Ana Paula Aguirre Bamble
Entendi o post!
Uma grande parte das pessoas que moram na periferia preferem shows, festas como pagode e funk, já a classe estilizada preferem museus, orquestras e bares que tocam MPB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário