Da Agência Brasil
08.05.2013 - 19h23 | Atualizado em 08.05.2013 - 19h44
Capoeira na Escola Júlia Teles. Foto Zezito de Oliveira
Rio de Janeiro – A contribuição da capoeira para constituição da
identidade histórico-cultural brasileira é tema do documentário Paz no Mundo Camará: a Capoeira Angola e a Volta que o Mundo Dá,
de Carem Abreu, lançado hoje (8) na sede do Arquivo Nacional, no centro
do Rio. Com trilha sonora do cantor Gilberto Gil e cerca de 50
entrevistados, entre mestres, artistas e pesquisadores, o documentário
retrata as mudanças de percepção da capoeira no país: de atividade
marginal a instrumento de inclusão social, reconhecida como Patrimônio
Cultural Brasileiro.
O documentário é resultado de três anos de registros visuais da
cineasta e da antropóloga Carolina Césari. Elas pesquisaram 58 locações
em cinco estados (Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e
Alagoas) e levantaram mais de 300 documentos iconográficos do acervo do
Arquivo Nacional. “A pesquisa começou no ano de 1602, com o surgimento
do Quilombo dos Palmares e vai até 2011, com a morte, aos 92 anos de
idade, do mestre João Pequeno de Pastinha”, disse Carem.
Durante as gravações, elas identificaram quatro movimentos marcantes no
processo de sedimentação da capoeira no contexto social brasileiro:
origem à diáspora, que abrange as mudanças ocorridas entre os séculos 16
e 18; marginalização e perseguição, do século 18 ao século 20;
folclorização e institucionalização, séculos 20 e 21; e globalização e
projetos sociais, que corre a partir do século 21.
Segundo a diretora, há 100 anos a capoeira foi considerada uma
atividade criminosa, chegando a ser incluída no Artigo 402 do Código
Penal de 1890, que tratava dos vadios e capoeiras. A arte passou por
diversos movimentos até ser transformada em símbolo dos movimentos de
resistência sociocultural. “A capoeira é hoje um instrumento de paz no
mundo”, disse Carem.
Sobre o reconhecimento da importância da capoeira nas últimas décadas, a
antropóloga Carolina declarou que “muitas vezes as pessoas da
comunidade não valorizam seus mestres, considerando-os de pouco valor
cultural”. Atualmente, segundo ela, “os estrangeiros entendem mais a
representatividade cultural da capoeira para a construção da identidade
brasileira, e por isso decidimos fazer esse filme. A ideia é mostrar a
importância dos saberes populares para ampliar o seu valor simbólico
para essas pessoas”.
Edição: Aécio Amado
- Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0
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