segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Quando o carnaval chegar ou quando os alicerces da democracia estiverem abalados.

Canções como apoio a análise de conjuntura.

As declarações de alguns generais  desde a sexta feira, pode nos remeter de forma invertida a lembrança da canção abaixo, escrita na época em que os ditadores de farda mandavam e desmandavam. E carnaval neste caso é uma boa metáfora para democracia.

Naquele tempo,  milhões  ansiavam pelo que foi conquistado a duras penas, mesmo que sob o ponto de vista formal a partir de 1985. Já nos dias de hoje, querem fortalecer ou dar o golpe final na  invertida que judiciário-midia-parlamento deram em 2016, na  nossa combalida ou frágil democracia. Assim parecem desejosos de sair de onde estavam guardados.

A pergunta que não quer calar. Será que merecemos a repetição desse filme?

 


Processo democrático que caminha a passo de formiga e com pouca ou nenhuma vontade por parte das elites brazucas, que não querem perder nenhum dos privilégios conquistados em séculos de exploração e barbárie.





ALGUMAS NOTAS A PARTIR DE UMA ENTREVISTA EM 2000
 

Nos últimos anos ou desde 2013, sendo mais específico, venho preocupado com a memória e com uma questão grave (para mim): como o Brasil chegou a isto que é hoje em termos político, econômico e histórico? Podemos ir a Machado de Assis ou Raimundo Faoro; ou ainda a Antonio Candido ou Florestan Fernandes... Ou a bem mais nomes fundamentais que podem ser chamados de “interpretes do Brasil”. 

Mesmo assim acho que ainda é cedo para fecharmos essa conta trágica. Acabei de ver algo mais modesto e mais terra-a-terra nesse assunto: uma entrevista com o jornalista Mino Carta em 2000 no antigo “Roda viva”. Na bancada de perguntadores estão o velho Ziraldo (redator da antiga e saudosa “Bundas”), Paulo Henrique Amorim (já limpo daquelas mazelas dos jornalões) e o jovem e ainda rechonchudo Reinaldo Azevedo (sempre com o ar falso de conhecer as coisas e sempre pronto a defender patrão todo o tempo da entrevista). 

Essas quatro figuras ainda estão ai e sobreviveram aos últimos 18 anos de Brasil (em transe nos últimos 3 anos). Uma coisa me chama a atenção em algumas repostas de Mino Carta e na sua coerência de raciocínio histórico: “os donos do poder” (as classes dominantes) desse Brasil são capazes de tudo, tudo mesmo para manter seu poder, conforto e mentalidade escravocrata quando o assunto é povo ou gente pobre de toda a sorte! São capazes de criar/apoiar/derrubar gente como Janio Quadros; Severino Cavalcante ou Fernando Collor e ainda uma série de figuras tristes que tiverem cargos menos importantes nos estados e municípios... Fazem isto para sempre manter qualquer possibilidade do povo longe de sua autonomia. 

Apoiaram e foram agraciados pelo líder operário Lula quando lhes interessava e quando não mais o colocaram na cadeia através de seu (porque é deles mesmo) ministério público, polícia federal ou STF! Por isto e pelo que diz Mino Carta em 2000, não seria estranho pensarmos que eles (essa mesma classe dominante e seus filhos atuais!) poderia muito bem nesse momento apoiar e simpatizar com as “ideias” de um Bolsonaro e de seu “posto Ipiranga” Paulo Guedes (um embuste de economista e um posto mesmo!). 

Estamos falando de um dos mais desqualificados políticos de toda a história da república brasileira. Basta pegar seu currículo político parlamentar e ver (falo tecnicamente). De um ponto de vista intelectual é um tosco e de clara demência mental; até para dizer quase nada com sentido tem imensa dificuldade; agrega a si valores conservadores por puro oportunismo de plantão (Bolsonaro é um usurpador de ideias conservadoras por saber de tais ideias cerca de nada!!!) e uma figura violenta na mais pura gratuidade.

  A pergunta que Mino Carta nos ajuda a fazer nesse momento em que penso entre o “fígado e a alma” é: o que fizeram com esse povo brasileiro que faz desta triste figura líder em pesquisas de intenção de voto para o mais importante cargo da república cambaleante brasileira? Algo foi feito e de maneira exemplar com esse povo e o tornou assim nos ônibus, praças, taxis, praias, bares, mercados, escolas, postos de trabalho, espaços culturais, na família ou nas redes sociais (aqui fica evidente no que se tornou esse povo). 

Esse “algo” precisa de um pouco mais de tempo para ser entendido e incorporado a história política desse país. Mas foi algo grave, podemos já dizer... E pagaremos todos um preço muito alto por isto. Por fim, não nos iludamos com uma coisa: eleição alguma nesse momento ou quem quer que seja eleito/eleita sanará essa tragédia em curto ou médio prazo. Essas classes dominantes e seu Bolsonaro de plantão fizeram um corte profundo na cultura política no Brasil atual.
Romero Venâncio

Assista a entrevista AQUI 

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