segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Quem matou o Museu Nacional?






Depoimento de aluna da UFRJ que estava no prédio quando o fogo começou.



Dessa tragédia toda do assassinato do Museu Nacional, no que diz respeito aos pesquisadores, duas pontas mais atingidas: os mais velhos e os mais novos. Os mais velhos viram suas pesquisas, seus cadernos de campo, teses orientadas, materiais audiovisuais, fotografias, memórias, suas histórias de vida arderem em chamas. Os mais novos, fazendo mestrado e doutorado num contexto desses em que o governo e as elites sinalizam para o desmonte da ciência e da educação pública, vêm ruir o futuro. Para os primeiros eu digo que tudo de mais importante que realizaram sobreviverá nas histórias e memórias que contaremos e escreveremos. Nenhum incêndio apagará isso. Aos mais novos, digo que fiquem firmes, mantenham a esperança. Vocês não estão sozinhos.
Prof.ª Adriana Facina - UFRJ


É PRECISO ENTENDER OS SINAIS... UMA NOTA

Por paixão, desabafo, sinceridade e um pouco de esperança vi as chamas do museu Nacional como sinal de alguma coisa para além da tragédia que é para a cambaleada memória brasileira. Aquelas chamas do domingo não podem ser apenas uma destruição das coisas que o museu abrigava (o que, de fato, foi e muitos já o disseram nessas redes). Essas chamas começaram talvez em 1964, 2013, 2014, 2016... 


Sinto uma grande dificuldade nessa hora em estar atento aos sinais... Mas sei que é preciso... O primeiro sinal e o mais evidente vem de 2016 e o golpe atual: um descaso completo com a cultura que esse “governo Temer” e seus aliados têm com qualquer produção cultural deste país. Desde o primeiro ao atual ministro da cultura: cada idiota pior do que outro no quase morto MINC.

As chamas do Museu Nacional eram quase “previsíveis”, faltando apenas a data. Foi tragicamente ontem. O segundo sinal vem de 1964 ou a nossa esfinge histórica sempre a nos devorar. As chamas deste domingo deveriam nos fazer pensar como toda uma memória cultural foi destruída e continua naqueles e naquelas que defendem o golpe e a ditadura de 1964 (jovens em sua maioria... O que só prova a nossa sequela histórico-cultural!!!). Um terceiro sinal vem de 2013 e aquelas chamas nas ruas tudo junto e misturado. Direita e esquerda e tantos mais sem identidades prévias. 

Um governo que futuramente seria golpeado por aqueles que tinha como aliados. Esse governo Dilma não soube entender o porquê daquelas chamas. Foi consumido por elas e legou de resto uma direita que soube tirar proveito do instante, se cacifou nos parlamentos e grupos de direita em redes sociais até hoje...

A maior derrota das jornadas de junho de 2013 nesse Brasil não pode ficar de fora da nossa memória... Estamos hoje ardendo nas chamas dessa memória ainda em andamento... 

O quarto sinal é o entreatos de 2014-2016 e suas consequências em andamento. Uma presidenta eleita democraticamente (nessa limitadíssima e estranha democracia, diga-se!) e que fazia um governo péssimo... Foi golpeada... Por um parlamento provadamente por eles mesmos desqualificado, golpista, corrupto em sua maioria e por uma mídia da casa grande em jogo simbiótico com um grande setor do poder judiciário... Esses grupos abriram um portal incontrolável politicamente falando.

Resultado: estamos vendo tudo nesse triste processo eleitoral de plantão e que vai de uma brutal crise econômica a um rebaixamento da cultura política de forma incalculável. Estamos queimando como madeira ainda verde nessa “cultura eleitoral”. 

Basta ver apenas um sinal que nos vem de 2016 com força: Bolsonaro e toda a “cultura” que carrega. O desprezo pela história, pela cultura, pela inteligência, pela ciência... O museu nacional em chamas e um candidato ao cargo mais alto do país usando colinha na palma da mão para repetir bobagens e impropérios. Precisa sinal maior para nos informar as consequências das chamas do Museu Nacional nesse futuro-do-presente-brasil?

Professor Romero Venâncio - UFS

 
O Brasil inteiro cabe nessa imagem.
Há 500 anos ardemos no fogo do Epistemicidio
queimaram índios
negros
mulheres
crianças
Quilombos
Aldeias inteiras.
Fomos edificados sobre os ossos calcinados de muitos.
Herdamos o medo
a covardia
A tradição de matar inocentes e depois pedir perdão.
O passado, para nós, é alicerce para ser esquecido.
Ô senhor cidadão, quantos auxilios moradias,
pagos a quem tem onde morar,
salvariam o Museu Nacional do fogo?
O dinheiro público gasto para saber quem é o dono de um barquinho de lata, compraria quantos sistemas de proteção a incêndios?
A miserável lei que proibiu investimentos, por duas décadas, em saúde, cultura, educação, arderá nos neurônios de quem votou a favor?
O silêncio de quem devia gritar não incomoda?
Vocês têm culpa por esse fogo!
Vocês, ocos de tudo,
se contentem em visitar os Museus de Cera em Miami.
O Museu Nacional Brasileiro,
hoje desolação,
é a metáfora cruel do país em chamas,
a Nação transformada em escombros e cinzas.

Prof.º Mário Resende - UFS 



Mariana e o Museu Nacional, dois resultados de descaso. A negligência pode trazer efeitos devastadores. Destruiu-se a natureza em 2015, a cultura em 2018.
Poderiam nunca ter acontecido. Mas a gota d’água ou a faísca apenas destruíram o que estava descuidado.
O Brasil precisa mudar, urgentemente. Não dá para falar em fatalidade. Precisamos cuidar antes, a tempo, do que é precioso.


Prof.º Renato Janine Ribeiro - USP

Para matar o golpe dos vampiros, não basta votar em Haddad/Lula tão somente. teremos que cravar uma estaca no coração deles, votando prioritariamente em 13, 50 e 65 para os outros cargos. Além disso, muita organização, formação e mobilização. O incêndio que destruiu o prédio e o acervo precioso do Museu Nacional, representa simbolicamente o mal que já provocaram e que ainda podem provocar.

Profº Zezito de Oliveira - SEED/SE


A mídia jura chorar com o incêndio no Museu Nacional. Fala em destruição, perda imensurável, em descaso. Mentira. CANALHA. CÍNICA. Essa mesma mídia, todos os dias, cobra, interfere e festeja os cortes das verbas públicas para educação e cultura.

 Jornalista Cristian Goes



Juca Ferreira: incêndio é fruto da boçalidade do atual governo e da cumplicidade do seu ministro


Para o ex-ministro da Cultura, “o incêndio nos diminuiu, a todos nós brasileiros. Me deu a impressão que o Brasil chegou a um ponto onde jamais teria que ter chegado”.

Lula regulou e revolucionou política de museus

 ·Que coincidência lamentável e estranha.
#HojeNaHistória O Brasil viveu um momento histórico em um dia como hoje, no ano de 1822. Nesta data, Maria Leopoldina, então princesa regente do Brasil por conta de uma ausência de Dom Pedro, assinou o decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. Ela usou seus atributos de chefe interina do governo para fazer uma reunião com o Conselho de Estado, ocasião em que o documento foi assinado. Após a assinatura do decreto, ela enviou uma carta a D. Pedro para que ele proclamasse a Independência do Brasil. O papel chegou a ele no dia 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro proclamou o Brasil livre de Portugal, às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo. => https://goo.gl/4AsxAg
: "O Supremo avalizou a terceirização irrestrita sancionada por Temer. A responsabilidade passa a ser das terceirizadoras... E se elas quebrarem?
A responsabilidade será do patrão, o Estado ou o privado. E aí, na vida real? Entre na fila e queixe-se ao juiz. Ou ao bispo... Grande queima de carteiras de trabalho.
Surrado o clichê, mas o incêndio no Museu Nacional no Rio, neste domingo,2, soa metáfora do que vive e morre no Brasil.
Aquele Palácio foi residência da família real portuguesa a partir de 1808. E dos Imperadores do Brasil. Ali foi votada a primeira Constituição da República.
A História virou cinzas porque cortaram verbas nos últimos 4 anos. Cortes na Cultura como um todo.
Mas não faltou verba para o aumento nos salários dos ministros do Supremo, teto para o funcionalismo público.
Acordo fechado com Temer e o Supremo se concedeu aumento de 16,38%. Os salários saltam de R$ 33 mil para R$ 39 mil.
Impacto previsto para aumentos em cascata: R$ 4 bilhões ao ano. R$ 1 bilhão e 400 na União, R$ 2 bilhões e 600 nos Estados.
Verbas para Investimentos ou educação ou saúde pagarão essa conta."
jornalista Bob Fernandes

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