E quem são esses padres comunistas? O principal, sem dúvida nenhuma, é o próprio Papa Francisco, mas, porém, todavia, o que ele disse em alguns momentos, remete ao que está colocado no meme acima: O papa Francisco voltou a afirmar que o projeto de uma sociedade
igualitária é originariamente cristão e não comunista. Em uma entrevista
ao jornal italiano La Repubblica publicada em 11/11/2016, o
jornalista Eugenio Scalfari perguntou ao papa se ele pensa em uma
sociedade de tipo marxista. Francisco respondeu: “No máximo, podemos
dizer que são os comunistas que a pensam como os cristãos. Cristo falou
de uma sociedade onde quem decide são os pobres, os fracos, os
excluídos. Não os demagogos, não os ‘Barrabás’, mas o povo, os pobres,
tenham ou não fé no Deus transcendente, são eles que devemos ajudar a
obter a igualdade, a liberdade.”
Francisco já havia expressado a mesma opinião em 2014, em uma entrevista ao jornal italiano Il Messaggero.
“Eu só posso dizer que os comunistas têm roubado a nossa bandeira. A
bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho, os
pobres estão no centro do Evangelho”, disse o papa na ocasião, citando o
capítulo 25 do Evangelho de Mateus, que retrata que o critério do
julgamento divino será a ajuda ao necessitado. “Os comunistas dizem que
tudo isso é comunismo. Sim, como não: vinte séculos depois!”, ironizou
Francisco.
No mesmo ano, em um discurso aos movimentos sociais, reivindicando o
direto fundamental a terra, teto e trabalho para todos, o papa comentou:
“É estranho, mas se falo disto para alguns o papa é comunista. Não se
compreende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho. Terra,
casa e trabalho, aquilo pelo que lutais, são direitos sagrados. Exigi-lo
não é estranho, é a doutrina social da Igreja”. “Para mim, o coração do Evangelho é dos pobres. Dois meses atrás ouvi
alguém dizendo: ‘Este papa é comunista!’ Não! Esta é uma bandeira do
Evangelho, não do comunismo: do Evangelho! Mas a pobreza sem ideologia”,
disse Francisco, também em 2014, em um encontro com jovens.
Dom Hélder, é outro que se enquadra na definição do neo católico Bernardo Kuster, autor da idéia do filme sobre os "males" da Teologia da Libertação, cujos detalhes podem ser conferidos no link que abre esse post. Sobre essa questão comunismo e cristianismo, é bastante conhecida a célebre frase cunhada pelo bispo irmão dos pobres, como bem definiu São João Paulo II.
Debatendo sobre o assunto Jorge Alexandre Alves afirma: "Muita gente vai atrás de vídeos, sobretudo os mais jovens. Semana
passada digitei "Teologia da Libertação" na busca do you tube e apenas
na sexta página apareceu um material honesto a respeito. Foram mais de
cem videos e canais de ultraconservadores, gente como o Urubu de Cuiabá,
o neófito de Curitiba, o professoreco da canção nova e outros menos
seguidos... A questão é que o nosso campo não produz coisas do gênero há muito tempo em vídeo".
Quanto a isso Zezito de Oliveira, autor desse post, propõs perguntando: "Será que não está faltando ativismo em produção audiovisual ,
direcionada especialmente a juventude por parte da Pastoral da Juventude, Comunidades Eclesiais de Base, Centro de Estudos Biblicos e etc?
Vale o Centro de Serviço a Evangelização e a Educação Popular, Coordenadoria Ecumênica de Serviço e organismos da CNBB refletir e agir
nessa direção."
Opinião também corroborada por Lesliê Mulico " Bem,
acredito que haja bastante ativismo distribuído na América Latina,
especialmente em termos de luta pela terra. No entanto, quando se trata
de nos apropriarmos das ferramentas de produção e comunicação de
conteúdo estamos caminhando a passos lentos,
seja no que tange às novas linguagens (memes, vídeos, lives, podcasts,
etc.), seja na adaptação dessa linguagem para os diversos contextos
urbanos. Falta-nos grana? Falta. Mas também falta reinventarmos a
comunicação militante panfletária que reproduzimos dos partidos e
movimentos sociais, conservando seus conteúdos, mas atualizando sua
estética."
E para entender a quem serve, àqueles que acusam o Papa, alguns bispos e muitos padres,irmãs e "leigos"de comunista, recomendamos os links abaixo, e não esqueçamos, o Evangelho é muito claro, sobre o absurdo de utilizar a palavra comunista como palavrão, ofensa e injúria.
"Ninguém
pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se
dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao
Dinheiro".Mateus 6:24
Leia também:
Muito oportuno o artigo publicado pelo Fernando Temporão sobre a contemporaneidade da linguagem da mídia e o atraso da sociedade, e a nossa incapacidade de enfrentar o problema.
“Nos últimos meses, desde o processo eleitoral, eu venho acompanhando os canais do youtube por onde a direita se fez absoluta na comunicação fácil com os jovens no país. É uma surra. Não há, nem de longe, qualquer iniciativa democrática, progressista, nem precisa ser exatamente de esquerda, que chegue perto daquilo que o neo-direitismo ultraliberal construiu: diversos canais de diálogo, proliferação de ideias e, claro, espaços de difamação de qualquer coisa que pareça minimamente transformadora e humana.
Tenho acompanhado os vídeos do Mamãe Falei, do pânico da Jovem Pan, do Nando Moura, Danilo Gentilli, Olavo de Carvalho e muitos outros. São dezenas de canais, todos com milhões e milhões de views e milhões de seguidores fanáticos.
Quando entendi que, para combater essa direita orgânica e fascista, seria preciso entende-la, passei a acompanhar quase que diariamente o conteúdo dos vídeos. E fiquei bem assustado. A esquerda, os jovens universitários de humanas, a academia, uma certa elite intelectual mais polida, terá um trabalho que, se não é impossível, é hercúleo: conseguir popularizar o debate político dentro de um linguajar acessível e contextualizado.
Vendo esses vídeos da galera de direita o que mais me assustou foi a inacreditável superficialidade, a notável falta de qualquer leitura política aprofundada, a irresponsabilidade ética e o oportunismo absurdo dessa gente. Os caras demonizam a esquerda com argumentos totalmente frívolos, superficiais, mentirosos, porém fáceis, acessíveis, confortáveis e simples, acima de tudo, simples.
A esquerda precisará de uma nova forma para os seus conteúdos. Precisará sim fazer PROPAGANDA de si, precisará sim usar o SISTEMA para seu benefício. Enquanto a esquerda tiver esse discurso velho, acadêmico, empoeirado, antiquado e engessado do capitalismo malvado, do proletário oprimido e etc, nós seremos devastados pelo rolo compressor da contemporaneidade.
Esses formadores de opinião de direita representam pensamentos do senso comum ignorante que precisam ser rebatidos não com arrogância acadêmica, mas como uma forma de diálogo nova e igualmente simples. E o ponto mais sensível nesse debate é fazer as pessoas entenderem que ser de esquerda não é ser comunista. Ser de esquerda não é querer transformar o Brasil em Cuba. Nós precisamos destruir esse maniqueísmo imbecilizado dos neoliberalóides da internet. Nós precisamos conseguir falar sobre equidade, políticas sociais, direitos humanos, direitos reprodutivos e etc e etc, DENTRO da lógica de uma sociedade moderna, capitalista, atual. Precisamos mostrar para as pessoas que essas preocupações SE ENCAIXAM na agenda atual, no mundo em que vivemos, que não é necessário nos tornarmos uma ditadura bolivariana para que essas pautas tenham lógica ou espaço.
Acho bacana o humor do Porta dos Fundos, da galera que tem feito coisas bacanas na Globo. São iniciativas de perpetuação da civilização. Mas ainda é muito pouco. Esses fascistas da neo-direita não têm a mais remota ideia do que eles estão construindo. São pessoas sem qualquer noção dos desdobramentos macropolíticos dos seus atos. Esses caras estão construindo um Brasil cada vez mais selvagem, desumano, preconceituoso, racista, explorador, desigual, em nome da 'modernização' das coisas. São fantoches idiotizados de uma lógica liberal de botequim virtual. Não leram nada, não entendem nada, mas são poderosos. Hoje, quem tem o poder de ditar a agenda dos debates que estão no coração da nossa juventude é essa gente profundamente despreparada e equivocada.
Enquanto a esquerda não descer do salto intelectualóide e não criar fórmulas de popularização do seu projeto, a coisa só vai piorar. E me incluo nessa. Queria saber como ajudar nesse processo.
É preciso pensar nisso!”
A ascensão da direita católica
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