Também sob o ponto de vista cultural.
Sob o ponto de vista pessoal, tenho relação com a data por ter nascido em um casarão próximo a Igreja do Rosário em São Cristóvão, local onde se realizava concentração dos grupos da cultura popular que homenageiam os Santos Reis em seu dia, assim como a celebração eucarística.
Mas isso para mim não durou muito
tempo, porque em busca de melhores condições de vida, meu pai decidiu migrar
para o Rio de Janeiro. Era criança quando chegamos no inicio dos anos de
1970 e Tim Maia começava a fazer sucesso, dentre várias canções uma me chamava a atenção, não por
acaso, “Hoje é o dia de Santos Reis”.
Já crescido, com um pouco mais de 20 anos, retorno a Sergipe e encontro em estado de declínio os grupos da cultura popular ou grupos folclóricos, como são mais conhecidos por aqui. Confesso que inicialmente considerava-os cansativos, repetitivos e etc. e etc..
Percebam a dificuldade que é trabalhar nessa linha com crianças e adolescentes que nunca ouviram os artistas citados, porque a maioria das emissoras de rádio e seus pais, familiares e vizinhos só tocam e ouvem ouvem funk, sertanejo, gospel, arrocha e etc...
Mais na frente, o Encontro Cultural de Laranjeiras, o Festivalde Arte de São Cristóvão, a Ópera do Milho, as rodas de danças circulares, os trabalhos com teatro e dança inspirados na
cultura popular, ou que utilizaram traços ou fragmentos da mesma, nestes casos o que foi realizado no
contexto da Amaba/Projeto Reculturarte, da Ação Cultural/Ponto de Cultura Juventude eCidadania, a Caravana Luiz Gonzaga Vai a Escola, e etc..
E assim, aos poucos, fui compreendendo a importância e a necessidade da cultura
popular, mas de uma maneira dinâmica, dialogando com propostas ou sensibilidades estéticas dos novos tempos, misturando-se algumas vezes, e em outras não.
Por isso, lamento a forma estática e limitada como é realizado o Simpósio do Encontro Cultural de Laranjeiras, cujo inicio acontecerá no dia 09 de janeiro, a esse propósito publiquei no facebook: “XLV Simpósio do Encontro Cultural deLaranjeiras começa nesta quinta-feira. Os mesmos assuntos, as mesmas pessoas, o mesmo formato. Pode se chamar de Simpósio da Cultura Conservadora.
Por isso, lamento a forma estática e limitada como é realizado o Simpósio do Encontro Cultural de Laranjeiras, cujo inicio acontecerá no dia 09 de janeiro, a esse propósito publiquei no facebook: “XLV Simpósio do Encontro Cultural deLaranjeiras começa nesta quinta-feira. Os mesmos assuntos, as mesmas pessoas, o mesmo formato. Pode se chamar de Simpósio da Cultura Conservadora.
Quando os conservadores, quase
fascistas, conseguirem conquistar o Governo de Sergipe, se sentirão bastante em
casa.. Com isso, não temos como deixar de lembrar uma icônica canção pop dos anos de
1960. “A Praça” composição de Carlos Imperial e que fez sucesso na voz de
Ronnie Von.
.
E
para concluir, quem considera o tema da cultura popular como bastante útil, oportuno e necessário, não deixe de ler
o artigo. “Sufocamento da cultura popular deve aumentar, avalia pesquisador.”
O artigo traz quatro
questões que deve merecer mais atenção de pesquisadores, agentes e
gestores culturais, professores, arte-educadores, artistas, jornalistas e inclusive no Encontro Cultural de
Laranjeiras e no Festival de Arte de São Cristóvão.
1 – O choque cultural causado pela entrada massiva em igrejas evangélicas, de grandes contingentes das populações das periferias e do interior.
2 – O importante papel das
escolas e das universidade para a garantia de continuidade das culturas
populares.
3 – A crônica falta de
verbas para os grupos e iniciativas ligadas a cultura popular, agravado ainda
mais por tempos de ataques a produção artística e cultural, inclusive com
redução de recursos orçamentários ou
quase extinção.
4 – O agravamento da crônica apropriação da cultura
popular por pesquisadores, artistas, produtores culturais e etc., com pouco ou nenhum retorno econômico para os mestres e grupos da cultura popular.
Nos munícipios sergipanos de Macambira, São Domingos e em tantos outros, aqui e fora do estado, os Santos Reis são estes abaixo:
E detalhe importante, o apoio financeiro da Funarte e do Ministério da Cultura a eventos com esse tipo de proposta musical para uma festa de Santos Reis.
Isso antes do golpe de 2016 seria inimaginável.
Zezito de Oliveira
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