"tempo de estio" . Quem tiver mais de cinquenta anos, especialmente quem está na casa dos sessenta, deve se lembrar de uma música "solar" de Caetano Veloso, cujo título abre esse texto. Era final dos anos 1970, tempo de resistência a ditadura e de muita luta pela reconquista das liberdades democráticas e com mais esperança no porvir.
Flagrante de um dia de sol em Ipanema, no verão de 1978.E, já há alguns dias me lembrei desse nosso atual tempo de estio, mas pouco solar. Tempo de forte presença de ideias regressivas, reacionárias. Constato isso conversando com os motoristas de aplicativo. Lamento dizer, iremos perder muitas batalhas eleitorais, em razão das derrotas na guerra cultural...E quando ganharmos disputas eleitorais serão na maioria das vezes, por um triz, pro dia nascer feliz, como afirma uma outra canção daquele tempo.
E perdendo ou ganhando, sempre aprendamos a jogar. Inclusive com as canções, no campo da mobilização social e na educação popular...
Ou com a arte para ser mais abrangente, tenho dito, e não é só pelas razões aparentes ou imediatas. Eu digo e muitos companheiros e camaradas não acreditam... E sem querer, acabei ligando o verso da última canção a primeira. A segunda é da autoria de Geraldo Azevedo. Antes dele e depois da citação da canção de Caetano, temos versos de outras duas canções, uma de Guilherme Arantes e a outra de Cazuza e Frejat.
E mesmo que a resposta a questão que coloco aqui no texto, guerra cultural e hegemonia cultural, não estejam presentes nas canções citadas por aqui, pois focam mais nas mulheres, não podemos deixar de considerá-las com suas belezas, inteligências e elegâncias, até porque são maioria na luta antifascista. E Viva Eunice Paiva! e Viva Fernanda Torres! Aqui representando todas as meninas e mulheres que estão na resistência e lutas contra o fascismo de todos os dias.
Quando falamos de transformação social pela Cultura, é disso que falamos.Para quem não quiser se perder, a frase que conecta todo o raciocínio acima é "tempo de estio" , podendo ser complementado com a busca por tempo de fartura de mais boniteza e alegria, que não pode ser dissociada da luta por mais justiça, além da luta pela garantia e ampliação da democracia. Logo #semanistia
E atenção, se o governo melhorar podemos ganhar a eleição com Lula, mas se não melhorarmos a representação na câmara e a força dos movimentos de base comunitária, isso não será o bastante para enfrentar essa questão da perda de hegemonia cultural. Portanto, um olho nas estruturas macro e o outro nas estruturas micro, com luta e prazer, com boniteza e alegria..
Zezito de Oliveira
MARCELO - TEMPO DE ESTIO(MPB-80)
Música de Caetano Veloso, lançada em 1978 por Marcelo, primeiro em compacto duplo e depois em LP sem título, ambos de selo EMI-Odeon. O próprio Caetano a incluiu depois em seu álbum "Muito - Dentro da estrela azulada".
Caetano Veloso - Tempo De Estio
Dedico o texto acima aos mestres Paulo Freire e Darcy Ribeiro, dois intelectuais brasileiros que foram enamorados pela vida e pelas mulheres, ao mesmo tempo pela justiça e pela democracia. Vamos trazê-los para mais perto de nós, em especial por tudo que escrevi acima.
P.S.: E para quem é de esquerda, mas não é cristão, consegue perceber a importância que as lideranças cristãs dão a música, independente de serem mais alinhadas com uma visão de mundo mais progressista ou conservadora? Música que se constitui em um dos maiores fatores de atração e de permanência dos fiéis, inclusive dos mais jovens....
A propósito, trago link com a bela interpretação de Caetano Velosos da não menos bela canção do Pastor Kléber Lucas, "Deus cuida de mim", este alinhado com valores mais progressistas e humanistas ou mais autenticamente cristãos..
2 comentários:
Parabéns pelo belo texto primo.
Estamos juntos.
George de Oliveira Santos
Valeu George!! Que bom que gostou!! O inicio do texto inclusive a foto, deve lhe ter trazido boas lembranças de um tempo e de um lugar que já foi melhor, o Rio de Janeiro, onde você esteve nos visitando nesse período. Embora fosse tempo de ditadura, mas em descenso, de uma forte politica clientelista capitaneada por Chagas Freitas, e também pela força do crime organizado, na época liderado pelos bicheiros...
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