quinta-feira, 19 de março de 2020

Em tempos de Corona. Cuba aponta a direção, agora e depois...


POR ABILIO NETO

Em tempos de Coronavírus, fui a um endocrinologista pela 1ª vez na vida. Consulta pelo convênio e o homem não quis nem saber: passou uma hora e vinte minutos comigo analisando a bateria de exames que lhe mostrei e depois mostrando-me um novo caminho. No final, duas receitas para mandar manipular e dois cortes que me doeram bastante porque serão definitivos: 1) tudo que é alimento que contenha trigo; 2) toda e qualquer fritura. 

É mole viver sem coxinha? De galinha, é claro. E o pão francês quentinho da Cidade Jardim? Não me pertence mais. Ele disse que se o pão fosse feito com o trigo de Portugal, tudo bem, porém o de Pindorama é péssimo! 

Vou obedecer porque minhas defesas estão muito baixas, caso seja agarrado pelo Corona ou qualquer outro vírus. Neste momento, quando as possibilidades de contágio são muito altas (e isso ainda vai piorar!), minha esperança vem de Cuba com o medicamento Interferón Alfa 2B que, silenciosamente, vem curando muita gente na ilha famosa.  

Tanto deu certo que esse medicamento foi escolhido, entre outros,  pela Comissão Nacional de Saúde chinesa para ser usado no país para tratamento do coronavírus. No domingo (8/3), o presidente de Cuba, Miguel Díaz Canel, comemorou em seu perfil no Twitter a parceria com a China. O medicamento tem sido feito na fábrica chinesa-cubana ChangHeber, lá na China. 

Lembro que em 2019, após fazer uma crítica ao governo Bolsonaro, uma ex-amiga indagou se eu torcia contra, disse que sim e ela me mandou ir pra Venezuela. Respondi que só iria depois que ela fosse pra Cuba e ela se ofendeu. Resultado: se tivesse ido, estaria mais segura lá do que aqui neste Brasil varonil, isso em termos de segurança e saúde. O dinheiro não valerá nada se todos os leitos de UTI estiverem ocupados e essa previsão triste não está fora dos planos das autoridades de saúde brasileiras. O Brasil não é a China que construiu hospitais em tempo recorde. 

Zé do Rock diria, contrariado, que Cuba não tem nada atraente para fazer em finais de semana porque a ilha não dá muita bola pra roqueiro. E deveria dar quando tem a salsa-merengue? 

E quando esse ritmo é tocado por uma banda composta somente por mulheres? O rebolado bom é pra acabar até com o falso puritanismo de Edir Macedo e companhia limitada. Comprovem! 





Pernambucano, 70 anos, é memorialista e pesquisador musical, além de  pequeno colecionador de discos. Seu arquivo contém algumas obras que se tornaram preciosas na música brasileira diante do mau gosto popular nessas duas primeiras décadas do século XXI. São frevos, sambas, maracatus, forrós, xotes, polcas, toadas, marchinhas, merengues e choros. Tem mais de 400 artigos escritos sobre música que foram publicados em sites da internet, ‘terreno’ que se notabiliza pela impermanência. Seus artigos provam que a História também se conta através da música.


Música e sociedade, música e política, música e afeto, amizade, alegria e prazer. Uma delícia quando lemos o texto de uma pessoa que sabe fazer essa combinação. É o que faz Abilio Neto, o qual conhecemos nos anos do Overmundo, entre 2006 e 2011, primeiro portal nacional de internet dedicado a difusão  da  cultura independente, das periferias, dos sertões,   dos que mesmo produzindo com qualidade e compromisso, não conseguiam espaços para fazer divulgação nos cadernos culturais dos grandes jornais.
Ler o texto do Abilio Neto é como conversar ao cair da tarde em um alpendre de varanda das casas coloniais, cercados pela brisa suave que sopra das árvores, grandes e pequenas que cercam o redor da casa. Ou então,  é como conversar em uma barraca de praia, sentindo o vento que vem do mar soprando em nossas caras, bebendo uma boa caipirinha, intercalando com água de coco.


Abilio Neto é colaborador eventual do blog da Ação Cultural. Começou no mês de dezembro de 2019. 

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