Chico Alencar
NÃO CHORE PELA ARGENTINA. AINDA.
Nossa vizinha Argentina teve eleições primárias, onde o voto obrigatório da população escolheu candidato(a)s que se enfrentarão em 22 de outubro - está será a eleição pra valer, em 2 turnos.
Foram homologadas - em meio ao recorde de 30% de abstenção - candidaturas de três grandes blocos, com votações próximas: 30% pra extrema direita, 28% pra direita e 27% pro peronismo (que tem setores progressistas e conservadores).
O que predominou, dentro da profunda crise social e econômica que o país enfrenta, foi o desencanto com a política e a raiva com as formas tradicionais dela, com os partidos (a "bronca", como dizem por lá).
Javier Milei, o "anarcocapitalista" (ultracapitalista, na verdade), histriônico e histérico, canalizou o voto do descontentamento, da irracionalidade, sobretudo na juventude desiludida , sem perspectivas, e na classe média empobrecida. Propõe abolir tudo que atrapalhe "negócios" (todos valem, até de órgãos humanos), dolarizar a economia, tornar seu país uma província dos EUA.
Vende-se como único "messias". É expressão do neofascismo, que se alimenta da negação da política: "que se vayan todos". Milei na presidência seria o caos no caos.
Nada está decidido. Mas as primárias da Argentina são um alerta: a extrema direita segue viva, barulhenta, com expressão social e seus "mitos", carismáticos e tresloucados.
Em várias partes do mundo. É grave, preocupa. Fiquemos atentos.
Foto: ELENA BOFFETTA/AFP
Milei defendeu venda de órgãos e ponderou venda de crianças: "depende". De extrema direita, o candidato vencedor das eleições primárias na Argentina se define como "anarcocapitalista"
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