REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ação Cultural para a Liberdade e outros escritos de Paulo Freire, Ed. Paz e Terra.
Paulo Freire de Celso Beisiegel, Ed. Massangana.
Documentário Paulo Freire na contemporaneidade, TV Escola.
AMIGAS, AMIGOS,
Perplexidade e busca de apuração. Aqui em Taperoá já temos 24 casos de contaminação. Morte só de uma criança de 4 meses. Torcendo para que essa coisinha, tão perigosa e assustadora, cuja origem e natureza não conhecemos e que nem vida parece ter, pegue leve aqui e continue pouco letal.
Reflexão do sábado
Como será a vida pessoal, profissional, espiritual depois desse abalo? Sei que ainda colocaremos a questão: capitalismo ou o que?" E será o que no jogo de forças se conseguir. E conseguirá mais quem for mais "sabido" e forte.
E o Brasil atual? Continua em jogo "Capitalismo ou o que..." O golpe em Dilma e a cassação de Lula foram para salvar a ordem capitalista (não os interesses de tais ou tais capitalistas). O inimigo central continua sendo os trabalhadores organizados ou mesmo seu fantasma, um partido dos trabalhadores.
E Bolsonaro? Para salvar a ordem ("vão-se os anéis, fiquem os dedos") todo esse pessoal do congresso e do judiciário elegeu quem estava mais organizado e usou técnicas eficazes de campanha, mesmo se tendo certeza de que se trata de um genocida doente. Agora bem provavelmente será mesma coisa. Para não comprometer a ordem e para que o fantasma popular não se torne real, aceitarão uma ditadura, até que se tenha um regime político mais bem sincronizado com a base econômica burguesa, bem confusa no atual estágio do desenvolvimento capitalista e de suas contradições.
E de nossa parte? Estamos longe de ter representantes revolucionários que coloquem com profundidade o caminho da substituição do sistema capitalista. Vamos, então, continuar praticando o bem viver e tentando ampliar o número de pessoas "sabidas" e fortes. Ser forte significa criar mecanismos para se fazer valer. SALVE e SAUDADES.
Ivandro da Costa Sales - sociólogo e professor aposentado da UFPE campus Caruaru
Ivandro da Costa Sales - sociólogo e professor aposentado da UFPE campus Caruaru
ANIMAÇÃO CULTURAL E EDUCAÇÃO EM
DIREITOS HUMANOS
Uma contribuição para debate lançado
pelo CNE-MEC
Reginaldo Veloso
Desde o início dos anos 90, vem se desenvolvendo, na Região
Metropolitana do Recife[1], uma
experiência educativa, inspirada e enraizada no que foram as intuições
pedagógicas, iniciativas e experimentos educacionais pioneiros dos anos 60,
tais como o Movimento de Cultura Popular (MCP), o método de alfabetização de
Paulo Freire, os Círculos de Cultura, o Movimento de Educação de Base (MEB), os
Movimentos de Ação Católica Especializada (JOC-JAC-JEC) e, um pouco mais
adiante, já no contexto do regime de exceção implantado pelo golpe militar de
1964, o Movimento de Adolescentes e Crianças (MAC), o Movimento de Jovens do
Meio Popular (MJMP), as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e as Pastorais
Sociais de algumas Igrejas Cristãs históricas, especialmente da Igreja
Católica, inspiradas pela Teologia da Libertação.
Esta experiência consiste, essencialmente, numa proposta
pedagógica que privilegia as Linguagens Artísticas e Lúdicas como espaço-tempo,
“mote” e ferramenta de construção democrática e participativa de um novo ser
humano e, consequentemente, de um novo estilo de sociedade, em torno de cinco
eixos:
·
O
cultivo da dignidade da pessoa, do reconhecimento do próprio valor e do querer
bem a si mesmo/a = cultura da auto-estima;
·
O
cultivo de relações interpessoais inspiradas no reconhecimento do valor dos/as
demais, do respeito às diferenças, do diálogo enriquecedor com os/as
diferentes, no querer bem aos demais, na vivência da solidariedade e do
espírito de colaboração = cultura da amorosidade;
·
O
cultivo das tradições e do jeito de ser do seu povo, o apropriar-se dos bens
culturais de sua região, o amor e a curtição das “coisas nossas” = cultura da
identidade cultural;
·
O
cultivo do cuidado com o meio ambiente, do amor à natureza, da preservação
ambiental = cultura da sustentabilidade;
·
O
cultivo da consciência de direitos e responsabilidades, do amor a sua cidade,
do espírito de iniciativa e participação na construção do bem-comum = cultura
da cidadania.
A experiência artística e lúdica, por si mesma, já propicia,
de maneira prazerosa, um sem número de oportunidades de crescimento pessoal e coletivo,
favorecendo o desabrochar de talentos e potencialidades, o senso de disciplina,
o empenho sistemático e a organização no lidar com seu tempo-espaço, com os
meios de que dispõe, a começar pelo próprio corpo, o encontro e a convivência, a
prática da construção coletiva e a conversa espontânea sobre os assuntos da
vida pessoal e comunitária.
A dinâmica da “roda”, em todos os momentos, favorece e
estimula o clima de escuta mútua e participação coletiva, na busca, entre
todos/as, do entendimento entre as pessoas, da compreensão das questões postas;
na tomada de decisões, na divisão das tarefas e responsabilidades, aprofundando
as relações, ampliando os horizontes e empoderando as pessoas, individual e
coletivamente.
A esta experiência educativa singular chamamos de ANIMAÇÃO
CULTURAL e a consideramos uma oportunidade privilegiada de EDUCAÇÃO EM DIREITOS
HUMANOS. Efetivamente, cada GRUPO CULTURAL, independente da Linguagem Artística
ou Lúdica nele praticada, tem sido um laboratório de EDH, pelo próprio empenho
pedagógico dos/as ANIAMDORES/AS CULTURAIS, os/as quais, mais que “professores/as”,
“dadores/as de aula”, capricham em atuar como “facilitadores/as” de um processo
onde cada garoto/a, individualmente, e o grupo, como um coletivo, crescem como
sujeitos do seu próprio crescimento humano e cidadão.
Aliás, é importante lembrar que, essa proposta de educação
complementar, apesar de haver surgido num momento de crise, de perturbação
social, especialmente nos bairros da periferia, em meio à juventude mais
carente, seja como um mecanismo de autodefesa da sociedade, seja como
prevenção, logo passou a ser entendida e desenvolvida, ela própria, como
resposta a Direitos elementares do/a cidadão/ã criança-adolescente-jovem,
explicitamente respaldada por quanto reza o E.C.A, no art. 4º, Título I, “Das
Disposições Preliminares”, e, mais detalhadamente, nos artigos 58 e 59 do cap.
IV. “Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer”.
Afinados/as, então, com o Projeto Político-Pedagógico da
unidade educacional em que atuam, desde a elaboração do mesmo, sintonizados/as
com a vida da comunidade escolar e da comunidade do entorno da mesma, atentos/as
às emergências do dia-a-dia, na medida em que estas repercutem na vida e no
interesse dos estudantes, sincronizados/as com cronograma do ensino das
disciplinas e o calendário escolar, antenados/as com a agenda cultural da
cidade, estes/as Animadores/as Culturais primam por aproveitar cada ensejo,
para sondar o nível de informação desses Grupos Culturais que acompanham e
animam; provocar-lhes a curiosidade e a busca de mais informação; o
desenvolvimento da consciência crítica; a assimilação e cultivo dos valores
humanos e da consciência ética; a superação dos preconceitos, do individualismo
e da indiferença; o espírito de iniciativa e de luta organizada por direitos e
melhorias.
A Colônia de Férias, nas férias de janeiro e no recesso de
julho, funciona, ao mesmo tempo, como culminância e relançamento desse processo
de Animação Cultural. O encerramento desse evento se constitui numa autêntica
Mostra Cultural, ensejando a manifestação esplendorosa da criatividade, do
desempenho artístico e lúdico e dos valores exercitados em diferentes oficinas,
ao longo do tempo da colônia (de uma a duas semanas).
A repercussão, na vida da escola e das famílias, não tarda a
fazer-se sentir, pela mudança de atitudes e comportamentos, pela novidade e
qualidade dos interesses, no jeito de ser, pensar e agir desses garotos e
garotas, particularmente, por uma consciência de direitos e responsabilidades,
que, não raro, surpreende e, até, pode incomodar.
À medida que a experiência se desenvolve, criam-se mecanismos
de participação democrática e representação, tanto com relação à vida interna
da experiência de Animação Cultural, quanto com relação à vida da comunidade
escolar ou da comunidade do entorno da escola, quanto, ainda e com especial
relevância, às instâncias de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente ou
da Juventude: avaliação da participação do Grupo Cultural nas várias atividades
e eventos, ao longo do ano; eleição de Representantes para diversas instâncias
e oportunidades, como o Núcleo de Animação Cultural da escola, o Conselho
Escolar, a Associação de Moradores, o Encontro de Representantes em preparação
à Colônia de Férias, os Fóruns e Conselhos de Defesa dos Direitos da Criança e
do Adolescente, os Fóruns e Conselhos da Juventude etc.
O que garante o êxito e o avanço permanente dessa experiência
de Animação Cultural é a FORMAÇÃO CONTINUADA dos/as Animadores/as Culturais,
artistas, artesãos/ãs e recreadores/as, convocados/as, não só pelo seu
desempenho artístico e lúdico, mas, sobretudo, pela sua sintonia com a
realidade infanto-juvenil e sua sensibilidade pedagógica: um Seminário de
Formação Intensiva, no início de cada semestre; e um Encontro Semanal de
Formação, por semana, para refletir sobre sua prática, seja Encontro Geral, onde se reflete sobre os
temas básicos, permanentes ou emergentes, da Animação Cultural... seja Encontro
por Linguagem (artística/lúdica), onde se aprimora o desempenho técnico e didático
e se reflete sobre as questões específicas de cada Linguagem... seja Encontro
de Intercâmbio entre Linguagens.
Realizando-se no seio da escola, essa experiência tem tudo para
contribuir com a implementação de um programa de Educação em Direitos Humanos,
podendo funcionar como referência sugestiva e inspiradora, na perspectiva de um
Ensino que se qualifique para o debate sobre os Direitos Humanos, a partir de
mestres/as capacitados/as para abordar as questões específicas ensejadas por
cada disciplina, utilizando as Linguagens Artísticas e Lúdicas.
Referências bibliográficas:
VELOSO, Reginaldo. Crianças
em Ação. Petrópolis: Vozes, 1982.
VELOSO, Reginaldo. Um
Movimento de Crianças. Rio de Janeiro: MAC - ACO, 1986
VELOSO, Reginaldo. Juventude
em Movimento, um projeto para a vida. Recife: PCR, 1996.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da animação. Campinas, SP:
Papirus, 1989.
BARON, Dan. Alfabetização
Cultural: a luta íntima por uma nova humanidade. São Paulo: Alfarrabio,
2004.
MELO, Victor Andrade. A animação cultural no Brasil: um
panorama. Grupo de pesquisa “Lazer e Minorias Sociais”. Universidade do Rio
de Janeiro -(http://www.lazer.eefd.ufrj.br), 2005.
__________________.
Animação Cultural: conceitos e propostas.
Campinas, SP: Papirus, 2006. BENZAQUEM,Julia Figueiredo. A socialização para cooperação: Umaanálise de práticas de educação não-formal. Recife:NUPEP -UFPE – Bagaço, 2007
BARBOSA, Letícia Rameh. Movimento
de Cultura Popular: impactos na sociedade pernambucana. Recife: Liceu,
2010.
Ainda inédita, uma dissertação de mestrado,
na UFPE: PONTES,
Maria de Fátima. EDUCAÇÃO POPULAR - INTERLOCUÇÕES COM ANIMAÇÃO CULTURAL - OPrograma de Animação Cultural da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer doRecife (Orientadora Professora Doutora Tereza Luiza de França). Recife: Universidade Federal de Pernambuco - Centro
de Educação - Programa de Pós Graduação. 2009.
Reginaldo Veloso é
assessor do Projeto de Animação Cultural – PROAC, PMJG/SEE, em Jaboatão dos
Guararapes/PE
[1][1] 1993-1994,
em Recife e Olinda, na gestão de Edla Soares como Secretária de Educação,
Esportes e Lazer da PCR e Edineide Ferreira, como Secretária de Educação e
esportes da PMO, com assessoria e coordenação de Custódio Amorim, Antonio
Guinho, Inalda Baptista Neves, Reginaldo Veloso e João Simão Neto; em 1997, no
Cabo de Santo Agostinho, na gestão de Arlindo Cavalcanti, como Secretário de
Educação e Esportes da PMCSA, com assessoria e coordenação de João Simão Neto e
Reginaldo Veloso ; em 2010, em Jaboatão dos Guararapes, na gestão de Edlene
Soares, como Secretária Executiva de Educação da PMJG, com assessoria e
coordenação de Maria Antonia Advíncula, João Simão Neto e Reginaldo Veloso.
A CONSTRUÇÃO PEDAGÓGICA DE SUJEITOS EM PROCESSOS FORMATIVOS.
– uma experiência com educadores e educadoras sociais no nordeste brasileiro
Tese apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Univ.ersidade do Porto, para obtenção do grau de Doutor em Ciências da Educação
CANÇÕES UTILIZADAS NA LIVE
Quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou. (1)
“A diferença de quem teve formação com base em animação cultural ou ação cultural, combinado com educação popular na adolescência e na juventude, é a forma de ser e estar no mundo adulto, com marcadores em que se destacam alegria, solidariedade, criatividade, sede de conhecimento e compromisso com a paz e com a justica. O que significa dizer, precisamos dar mais atenção e investir mais nessa perspectiva.
Em geral, sao pessoas que não foram doutrinadas nem do ponto de vista religioso e nem do ponto de vista politico, ou que se libertaram cedo disso, logo, são pessoas abertas a reconhecer outras formas de expressões religiosas, diferente daquela em que nasceu. São pessoas que tem um gosto estético rico e diversificado, ao mesmo tempo, muitas vezes são mais refratárias às estruturas hierárquicas e verticais das organizações politicas. Assim também como são mais livres com relação a sexualidade, tanto a sua, como a dos outros.
Daí, a dificuldade em conseguirmos realizar mais ações culturais combinados com educação popular, porque as estruturas de poder que temos, não conseguem se sustentar com a existência de muita gente desse tipo. Mesmo assim, é possível buscar utilizar brechas e atalhos no campo da institucionalidade, a depender de algumas realidades mais ou menos favorável . E institucionalidade aqui , me refiro não só as estruturas de poder ligadas ao aparelho estatal, como também aos partidos, às igrejas, aos sindicatos, ao movimento estudantil e etc..
Por outro lado, se não devemos gastar tanta energia assim com as estruturas tradicionais ou formais de poder, é fundamental fortalecermo-nos enquanto pessoas e coletivos de cidadãos que sabe o quanto precisamos de ação cultural e educação popular permanente.
O que significa: Mais articulação, mais compartilhamento de saberes, quereres e fazeres e mais economia solidária.
Uma das conclusões possíves da 3ª live de quinta da Ação Cultural, realizada no dia 21 de maio de 2020.
Zezito de Oliveira em diálogo com Irene Smith
Nenhum comentário:
Postar um comentário