Professor Dudu – 20 de fevereiro de 2023
Foi exatamente no dia 20 de fevereiro de 1976 que as forças armadas iniciaram em Sergipe uma tenebrosa perseguição aos comunistas que entrou para a história com o nome de Operação Cajueiro.
O objetivo era aniquilar o PCB – Partido Comunista Brasileiro em todo o território nacional que mesmo na clandestinidade continuava organizando setores da classe trabalhadora e por isso a operação contou com o comando nacional mais as forças de repressão da Bahia e Sergipe.
É fundamental que as vítimas da Operação Cajueiro que sofreram torturas nos porões do 28º Batalhão de Caçadores em Aracaju mantenha a memória viva para evitar que a história se repita.
Nesse aspecto ninguém tem feito mais esse esforço do que Marcelio Bomfim que tem palestrado em escolas, universidades, espaços sindicais, no movimento popular e em qualquer lugar que seja convidado a falar sobre o tema.
Eu imagino o que se passou na cabeça dos ex-presos políticos sergipanos ao verem um acampamento em frente ao Quartel do Exército (28º BC) organizado por bolsonaristas que pediam intervenção militar após a eleição vencida por Lula.
Marcelio entrou para a luta política ainda muito jovem e um dos influenciadores foi Félix Mendes (artista plástico já falecido). Os dois se conheceram durante uma panfletagem em frente ao Colégio Estadual Tobias Barreto.
Após a prisão e torturas Marcelio deixou o Brasil por orientação da direção nacional do PCB e se exilou em Moscou ainda durante a Guerra Fria entre URSS e EUA.
O jovem Marcélio além de militante do PCB foi um dos fundadores do PT inclusive foi candidato a governador no início do partido e em seguida eleito duas vezes vereador de Aracaju pelo mesmo PT.
Um fato que merece registo foi durante o primeiro governo de Lula e o debate sobre a instalação da comissão da verdade ganhava fôlego e os militares trataram de dar fim a documentos que servissem como prova das torturas e assassinatos promovidos por eles durante o regime ditatorial.
Durante uma matéria da TV Globo na Base Naval em Salvador sobre os arquivos da Ditadura Militar a jornalista registrou uma pilha de documentos queimados nos arredores da base naval, porém o fogo não fez o serviço completo e eis que aparece uma foto de Marcelio Bonfim anexada a um dossiê.
Ele estava na mira da Ditadura mesmo depois de tanto tempo e de estar em pleno mandato de vereador.
Mesmo durante o carnaval não podemos deixar de lembrar de quem sofreu na pele literalmente para defender a liberdade.
Que as novas gerações procurem conhecer a história de gente como Marcélio Bonfim, Antônio José de Gois (Goisinho), Milton Coelho, Pedro Hilário, Antônio Bitencourt, Gervásio Santos, Wellington Mangueira, Edson Sales etc.
https://www.youtube.com/watch?v=pAT_U-IEyZw
Na foto Marcélio Bonfim e Lula no início do PT quando o metalúrgico tentava convencer Marcelio a colocar o nome como candidato a governador em Sergipe.
Parabéns a Marcélio Bonfim! Parabéns ao professor Romero Venâncio! Parabéns aos estudantes e professores das universidades que investem em pesquisas e estudos sobre a memória do golpe de 1964! Parabéns a mídia progressista que investe na memória em tela! Parabéns aos artistas que investem na memória em tela! Parabéns aos mandatos e administrações progressistas que investem na memória em tela, assim como os sindicatos! A luta de classes também acontece neste campo...
Zezito de Oliveira
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