terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

O LUGAR ONDE VIVO

Há anos atrás a secretaria de educação de Socorro criou um projeto intitulado “O lugar onde vivo”, nunca esqueci, embora só tive contato com o mesmo uma vez, e mesmo assim de forma bem superficial. Mas o tema ressoa em minhas lembranças, até porque depois veio resultar em um livro que escrevi sobre o bairro américa em Aracaju na década de 1980. Ainda faltando o segundo volume para concluir e o terceiro por começar..

O projeto de Socorro foi  realizada antes da ascensão do bolsonarismo ao governo federal, aí o tempo passou e nesses tempos de triste memória para quem  luta como lutou Olga Benário pelo “ justo, pelo bom e pelo melhor do mundo”, me lembrei e utilizei várias vezes em meus escritos , a pergunta que abre a canção “conheço o meu lugar” do genial Belchior, “O que é que pode fazer o homem comum

neste presente instante senão sangrar? Tentar inaugurar a  vida comovida inteiramente livre e triunfante?

Daí começo a trabalhar em setembro de 2022 no Colégio Carlos Firpo na Barra dos Coqueiros, e qual a minha surpresa e preocupação como o descrito por Caetano Veloso na canção SAMPA, com a “força da grana que ergue e destrói coisas belas.” 

E isso na Barra dos Coqueiros acontece a olhos vistos e certamente como cantado por Chico Buarque em outra canção.. “dormia a nossa barra tão subtraída, em tenebrosas transações.” Como tantas localidades desse país continental.. A Amazônia que o diga!

Dai penso desde que comecei a trabalhar no Carlos Firpo,  como não pensar de forma coletiva em um projeto pedagógico e cultural que dê conta dessas questões de preservação e conservação do patrimônio histórico, cultural e natural? 

Como trabalhar na escola de uma cidade rica de saberes, fazeres, belas paisagens, personagens instigantes e interessantes, com suas histórias de vida, muito nativos e outros que vieram de outros estados e que viveram aqui durante muitos anos de suas vidas? Como é o  caso de Jacinta Passos, somente redescoberta ou revelada para uma imensidão de gente  por  Sérgio Borges, um professor da rede pública estadual e premiado  realizador no campo do audiovisual .

Assim, que tal começarmos junto com os nosso alunos, um processo pedagógico e cultural de descoberta e valorização do rico patrimônio da cidade da Barra dos Coqueiros?

A começar pelo dia do acolhimento.

Diante disso em caráter emergencial para os primeiros dias,  proponho a exibição de dois curtas metragens,  leituras de poesias e contos de escritores barracoqueirenses, assim como o convite para cantores/compositores da MPB residente ou que tenha residido na Barra dos Coqueiros. 

Deixo como sugestão, um nativo,  liderança cultural e politica na cidade, cantor e compositor a altura dos melhores que temos em nosso estado, estou me referindo a Cláudio Caducha.

Como abertura da programação,  a apresentação do site produzido pelo colega Iradilson Bispo, iniciativa meritória e inovadora que traz para o meio digital  e disponibilizado para o mundo inteiro, o rico patrimônio histórico, cultural e natural do  município de Barra dos Coqueiros.

Por ultimo,  trago a lembrança e homenagem a antropóloga e professora da UNICAMP, Adriana Dias, falecida recentemente,  e  uma  das mais importantes pesquisadoras sobre células neonazistas no Brasil.

Disse ela respondendo pergunta em uma das dezenas lives do qual participou,  tratando da sua pesquisa e do combate as ideias do nazifascismo 

Uma das formas de combater a ideologia nazifascista é investir nas pesquisas  e estudos sobre história local, nas escolas, nas  universidades e nos meios de comunicação de massa. 

Invertendo a lógica predominante que coloca os estudos regionais e local em plano secundário, inferior, insignificante. Pelo menos no tempo em que fui colega de Iradilson Bispo na UFS dos anos 1990. Espero que alguma ou muita coisa tenha mudado ou esteja mudando neste sentido..

A despeito disso, vamos embarcar nessa canoa?  Bons ventos a vista!!

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