terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Lei Aldir Blanc e Lei Paulo Gustavo como vaca profana, catapulta e ponto de apoio para a revolução cultural necessária.

" Dona de divinas tetas

Derrama o leite bom na minha cara

Vaca Profana - Caetano Veloso

Nestes tempos de guerra cultural da extrema direita, vale pensar as Leis Aldir Blanc (LAB) e Paulo Gustavo (LPG) como uma espécie de Catapulta, antiga máquina de guerra projetada para arremessar projéteis (pedras e outros objetos); normalmente utilizada nos cercos aos castelos e cidades muradas com o objetivo de danificar ou destruir grandes estruturas defensivas; manganela, onagro: as catapultas faziam parte da engenharia militar romana.



 Daí como decorrência, também se realizando de forma concomitante, a discussão e operacionalização do sistema nacional de cultura e a  criação e/ou ampliação de um vigoroso mercado interno de produção cultural  potentemente desconcentrador de conhecimentos, poder e renda, encontrando um caminho bem mais pavimentado para serem construídos e aprimorados a partir da LAB e da LPG, tanto a incorporação ativa de estados e municípios ao sistema nacional de cultura, como a citada criação e/ou ampliação de um vigoroso mercado de produção cultural nos municípios e nos estados, neste caso a partir da força indutora política e econômica do poder público,  incorporando a micro e a  pequena produção da cadeia produtiva cultural dos estados e municípios, incluindo os  grupos, coletivos e organizações culturais da sociedade civil.. 

Isso é só para lembrar a quem pensa a LAB e a LPG apenas como ponto de chegada. Entretanto estas duas leis são ponto de partida, mas não suficiente, porque sem outros mecanismos de fomento e patrocínio para a micro, pequena e média produção cultural na base, não há como alcançarmos o ponto de chegada, que é termos toda a criatividade e diversidade das culturas locais, a serviço do projeto de um Brasil mais justo, democrático, próspero, ambientalmente sustentável e tolerante. 

 E isso dependerá do aumento da responsabilidade cultural dos estados e municipios, às vezes bem pouca ou quase inexistente. Como indicadores fundamentais para  demonstrar quem está indo por esse caminho, a criação ou reformulação dos conselhos de politícas culturais existentes, a realização de um plano de cultura verdadeiramente participativo, e com  garantia de orçamento, considerando o curto, o médio e o longo prazo e finalmente a criação ou robustecimento orçamentário dos fundos de cultura dos estados e municipios.

Afinal, como disse Leonardo Boff *(...)diante da ofensiva conservadora em curso, é preciso travar, em primeiro lugar, uma batalha ideológica sobre que tipo de BRASIL QUEREMOS: “um Brasil como um agregado subalterno de um projeto imperial, ou um Brasil que tem condições de ter um projeto nacional sustentável próprio. Temos um grande embate a travar em torno dessa ideia.(...)"

Mas Zezito, você está reduzindo a questão cultural somente a questão ideológica? No,no, no, aqui lembrando a genial e saudosa Amy Winehouse.

Quem lè o que está escrito em minhas camisas e em meus posts, não percebe assim. Longe de mim reduzir a arte e a cultura, apenas a este aspecto, como fizeram e fazem atualmente os nazifascistas e os cristãos fundamentalistas, assim como fizeram stalinistas radicais em passado recente, estes se ainda existem devem pensar e fazer,  mesmo em seus guetos - censura, dirigismo, patrulhamento ideológico, cultura como aspecto secundário da luta de classes e etc., tipo Coréia do Norte.

Logo, voltando ao argumento principal que defendo nesse texto,  as pedras da nossa catapulta cultural pode jogar também a música clássica brasileira, a pintura, a poesia concreta, o filme experimental e etc... Não precisamos ficar limitados a arte engajada ou de protesto, assim como as culturas populares.

Pode ser isso tudo até junto e misturado, como o movimento armorial de Pernambuco, o hibidrismo da dança moderna com a dança de rua, o carnaval das escolas de samba como a grande ópera popular brasileira.

Outra imagem bem legal para concluir este nem tão pequeno artigo de opinião, trata-se do ponto de apoio para a alavanca de Arquimedes, esta analogia foi utilizada por Célio Turino no livro "Pontos de cultura: O Brasil de baixo para cima: 2010"


Célio Turino associou o alavanca de Arquimedes ao Programa Cultura Viva, o qual tem como base constitutiva os  Pontos de Cultura, assim,  como fazedor/realizador de cultura dê-me um apoio econômico, assim como técnico artistico-cultural e técnico-politico que moverei o Brasil em direção a uma sociedade mais democrática, mais solidária, com melhores oportunidades para a geração de emprego e óbviamente, mais criativa.

Nessa nova fase, nesse novo tempo,  esperamos que o aprendizado dos erros e acertos do Cultura Viva nos dois primeiros governos Lula e, principalmente nos dois governos da presidente Dilma, seja considerado, inclusive para dar o salto que não conseguiu fazer , em especial no campo da formação técnico-pedagógica e técnico politica. Aqui me refiro a aspectos cruciais da educação popular e do próprio conceito chave ou conceito mãe do programa, ação cultural de base comunitária.

Segundo a lenda, Arquimedes disse aos seus conterrâneos gregos "Dê-me uma alavanca que moverei o mundo". Arquimedes de Siracusa (287 a.C. – 212 a.C.) é considerado um dos maiores cientistas da Antiguidade.


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