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sábado, 18 de fevereiro de 2023
Uma das canções mais bonitas do carnaval baiano em missa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
VIVA O BRASIL E O POVO BRASILEIRO
VÍDEO: Padre puxa música de carnaval no meio da missa em Salvador
Cena inusitada foi registrada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e para muita gente é o símbolo da volta da alegria ao país. Confira a festa na casa de Deus
Créditos: Twitter/Reprodução - Henrique Rodrigues
Escrito en BRASIL el 18/2/2023 · 10:47 hs
Uma cena inusitada circula nas redes sociais nas últimas horas e ela foi registrada numa histórica igreja de Salvador, a capital da Bahia. Um padre, em meio à homilia de uma missa realizada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, desata a cantar uma emblemática música de carnaval.
A atitude surpreendente e o ritmo sereno dos versos de “Prefixo do Amor”, sucesso desde o início dos anos 90 na interpretação da Bamdamel, contagiaram os fiéis presentes na ‘casa de Deus’ e, juntos, passaram a entoar o cântico que não é exatamente sagrado, mas uma das mais conhecidas marcas musicais da capital mais negra do Brasil.
“Salve, Salvador... Me bato, me quebro tudo por amor... Eu sou do Pelô... O negro é raça é fruto do amor”, diz o coro de fiéis.
Veja o registro do padre Lázaro Muniz e dos católicos que presenciavam sua missa cantando empolgados e esfuziantes uma das mais marcantes músicas de carnaval da Bahia, o que para muita gente foi um sinal de novos tempos de alegria que chegam ao Brasil.
O sonho de carnaval na canção "Baianidade Nagô" e nas iniciativas culturais de base comunitária.
Um sonho vivido ou que vive muita gente que participou ou que participa de milhares de iniciativas culturais de base comunitária espalhada Brasil a fora, como o projeto Reculturarte.
"Todos em um só pensamento; QUE não acabe outros projetos desse tipo ou melhor que sejam melhor aproveitados... Pois teríamos pessoas melhores sempre, não que não haja falhas há e sempre houve! Mas o intuíto é poder ressocializar o máximo possível de crianças, jovens e até adultos. Por estarem e aprenderem muito com eles."
José Cosme de Oliveira. Integrante do projeto Reculturarte quando menino e hoje colaborador do projeto do livro sobre a história da AMABA/Projeto Reculturarte.
Ama Jesus o "carnaval de Jesus"? Por Gegê Natalino
"Carnaval de Jesus", "micareta de Jesus", "barzinho de Jesus" e "acarajé de Jesus", "capoeira gospel" são, entre outras, invenções de um cristianismo que se recusa construir um caminho de proximidade, respeito e diálogo positivo com as produções culturais, marcadamente, afro-brasileiras (carnaval, samba, capoeira, jongo, terreiros, etc)no horizonte de uma " igreja em saída", segundo caminho aberto pelo Vaticano II e desejo e apelo do Papa Francisco.
A V Conferência do Episcopado Latino-americano (Documento de Aparecida) reconhece o menosprezo e ocultação sistemática dos valores culturais afro-brasileiros.
Negar, ocultar, menosprezar, demonizar e perseguir são verbos que falam de atitudes de uma sociedade (e também de um cristianismo) estruturalmente racista e pouco disposta ao diálogo cultural e religioso.
Quantos evangélicos e católicos, incluindo autoridades eclesiásticas, no fundo, vêem o carnaval como festa do diabo, da promiscuidade e do pecado?
Não seria esse olhar colonialista e preconceituoso a razão pela qual muitos buscam nos retiros uma forma de fugir do "pecado da carne"?
Se um carnaval é "de Jesus", de quem será o outro? Se um é "com Cristo", com quem será o outro?
Ao que parece, foi criado dois mundos paralelos: Deus X diabo, céu X inferno, alegria cristã X alegria mundana, carnaval de Jesus X carnaval do diabo e carnaval com Cristo X carnaval com o demo.
Na internet, há vários chamados para retiros em tempo de carnaval falando de duas alegrias opostas: uma do espírito (retiro) e outra da carne (brincar/folia)
Por que muitos católicos fogem do carnaval como o diabo da cruz?
Há uma safra de padres muito novos, mas com uma cabeça muitíssimo fechada e velhaca. Muitas invencionices e pouca teologia.
Os seminários, em grande medida, formam civilizações de extraterrestres - alienígenas clericais.
Ora, não tem a fé cristã a missão de valorizar todos os tesouros de uma cultura?
A propósito, diz o Documento de Aparecida (477):
"A fé só é adequadamente professada, entendida e vivida quando penetra no substrato cultural de um povo".
Consigo ver Jesus feliz com as riquezas culturais do Brasil. Consigo ver Jesus incentivando as variadas formas de resistência do povo, vibrando e festejando com elas.
O Jesus que creio faz sim retiro, mas está também, de corpo e alma, no samba, no frevo, no maracatu, no bumba meu boi, no axé, nos filhos de Gandhi. Tudo isso é de Jesus!
Não é preciso inventar um carnaval "religioso" ("carnaval de Jesus", por exemplo) para se contrapor ou fugir do carnaval popular - fruto do Espirito Santo - o folião da Trindade.
Não gostar ou não brincar carnaval é de cada um. Não é sobre isso. Mas, por que demonizar? Por que desprezar? Por que fugir?
Contra a hipocrisia de muitos, é importante lembrar que promiscuidades e imoralidades também podem ser encontradas no silêncio sepulcral de seminários, mosteiros e conventos.
Ninguém se tornará mais santo só pelo fato de deixar de ouvir as músicas populares, sambas enredos e marchinhas de carnaval.
Disse o bispo Dom Helder Câmara: "peca-se muito no carnaval? Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos aqui e ali cometidos por foliões, ou o farisaísmo e a falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval". E incentiva ainda o bispo poeta: "Brinque, meu povo querido, minha gente queridíssima".
Que a Igreja não jogue no lixo os confetes e serpentinas que o Espírito criou para a alegria dos povos.
Que Deus as igrejas cristãs da cegueira colonial!
Que o cristianismo se liberte do racismo cultural que se sustenta na demonização do diferente.
Que cristãs e cristãos não fujamos das coisas belas do mundo como o diabo da cruz.
Por essas e outras é que pergunto:
Ama Jesus o "carnaval de Jesus"?
"Uma fé que não se torna cultura é uma fé não plenamente acolhida, nem inteiramente pensada e nem fielmente vivida".
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