quarta-feira, 15 de novembro de 2023

RÉ PÚBLICA? por Chico Alencar , Paulo Rezzutti e Marcelo Brito

 Há 134 anos, na manhã de 15 de novembro, tropas ocuparam o Campo de Santana, no centro do Rio (capital do Império).

Marechal Deodoro da Fonseca, ao chegar, deu a ordem: "destituam o presidente do Conselho de Ministros, Visconde de Ouro Preto". E foi embora.

O imperador D. Pedro II desceu de Petrópolis, tentando salvar o trono.

Republicanos mais convictos já falavam abertamente no novo regime.

Pressionado por Benjamin Constant, Deodoro, em casa (estava adoentado), ao fim do dia, assinou decretos acabando com a monarquia e instituindo o 1o governo provisório da República. 

Ao saber das queixas do seu amigo Imperador - indignado por ter que sair do Brasil "como um negro fugido" (!) - o velho marechal teria dito: "agora é tarde..."

Os fazendeiros de café do Vale do Paraíba, insatisfeitos com a (tardia) abolição da escravatura, deixaram de apoiar a Monarquia: "queremos a República, com indenização". 

Assim nasceu a República brasileira: de uma intervenção militar. "O povo assistiu bestializado a proclamação", disse Aristides Lobo, insuspeito ministro do novo governo.

Desde então, nossa República - "res publicus" quer dizer "coisa pública", governo do povo - sofre deficiências: tutela militar e golpismo, falta de participação popular e de transparência (que favorece a corrupção e o compadrio,  seus cupins). 

Hoje é dia de, saindo do mundinho individualista, nos indagarmos a quantas anda nossa consciência republicana, nosso interesse pelo bem comum, nosso empenho na construção de um país mais justo, igualitário, ecologicamente equilibrado e soberano. Mais republicano, enfim.


https://www.youtube.com/watch?v=q4PtvLIGisk



Reforma agrária, trabalho escravo, causa indígena. Por que não estão resolvidos no Brasil? A forma como a República foi proclamada e outras passagens da história do país ajudam a responder essa questão.

Quando estava escrevendo o livro "Um bispo contra todas as cercas", sobre Pedro Casaldáliga, entrevistei Chico Alencar. Uma das perguntas que fiz foi: por que as causas abraçadas por Pedro são tão atuais?

Na resposta, cujo vídeo, gravado em 2015, disponibilizo hoje na TV Causas da Vida, o professor de história deu uma aula em menos de 5 minutos.

Sobre a data celebrada nesta quarta, relembrou as palavras de Aristides Lobo: "O povo assistiu bestializado a Proclamação da República".
Ana Helena Tavares


Aproveitando o aniversário do golpe militar que instalou a república em nosso país, pra postar mais uma vez o vídeo que desmente os mitos de que o período do império teria sido bom pro Brasil. Marcelo Brito

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