"O que foi feito do Rio de Janeiro, aquele que foi símbolo da irreverência, da inteligência, da arte e da beleza?" Roberto Malvezzi

Na verdade, antes e depois da operação de guerra, por muitos chamada de operação policial, o campo de batalha são as nossas mentes e nossos corações e a luta por isso é árdua, longa e renhida.
É luta no campo cultural, aqui compreendendo como arte, educação, comunicação e religião. E não acontece somente nos grandes espaços , como nos pequenos, não é uma luta para vencer campanha eleitoral apenas, é luta de todo dia.. E exige dos lutadores que defendem o humanismo radical sabedoria sempre em escala ascendente... Ou avançamos, ou triunfo da barbárie capitalista neoliberal e neofascista.. E se brincar, nem humanidade sobrará..
Por isso, é tempo de falar de CIEPs, dos CEUs, dos Pontos de Cultura. É tempo de falar de como Bogotá e Medellin na Colômbia conseguiram tornar uma potente politica cultural de base comunitária aliada da segurança pública..
É tempo de falar do programa "Escolas de Vizinhos", ou "Escolas de Encontros", também conhecido como "Schollas Ocurrentes" criado em Buenos Aires pelo cardeal Bergholio que transformou-o em programa pontifício quando se tornou Francisco.
Uma boa pauta para veículos de comunicação do campo progressista, inclusive das igrejas, dos parlamentares progressistas discutir e propor nos parlamentos e principalmente para prefeitos e governadores progressistas. Contem sempre com o blog da Cultura e com a Ação Cultural para colocar os exemplos citados acima em evidência. Este momento de tanta dor e sofrimento oferece condições favoráveis nesse sentido.
Zezito de Oliveira
educador, agente cultural e editor do blog da cultura
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Uma “operação” que não ocorreu num momento qualquer: por um lado, um grupo político que só consegue mobilizar a partir do caos e do medo – e vinha perdendo espaço e narrativa – reconquista seus instrumentos clássicos de manipulação. Por outro lado, o governo dos Estados Unidos, em nome de uma suposta “guerra às drogas”, manda embarcações de guerra para a costa América do Sul – atitude saudada e celebrada por ícones da extrema direita brasileira entreguista.
Quando a população das comunidades precisa empilhar em praça pública seus mortos, para que todos sejam contabilizados – ato que simplesmente dobrou o número de mortos de cerca de 60 para mais de 120, é porque o Estado faliu e falhou em sua missão de garantir segurança a todos e todas. O que o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), insiste em chamar de “operação bem-sucedida” é, na realidade, a maior chacina da história do Rio de Janeiro.
Esta não é apenas uma nota de repúdio. É uma nota de lamento profundo. Há 40 anos, antes mesmo da promulgação da Constituição de 1988, o Rio de Janeiro construía os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Uma rede de escolas em todos os cantos do estado, com ênfase na periferia e nos morros, que garantia às crianças (em turmas com número adequado de alunos) educação integral, alimentação, assistência médica e odontológica – e, principalmente, profissionais valorizados.
O projeto dos CIEPs foi criticado, desmontado e destruído, sob o argumento de ser muito dispendioso. Mas, seu idealizador, Darcy Ribeiro, dizia que cara, mesmo, era a ignorância.
Quarenta anos depois, a presença do Estado nas periferias apenas em “operações” policiais que custam centenas de vidas nos apresenta o alto preço da ignorância denunciado há algumas décadas por Darcy Ribeiro e Leonel Brizola.
Mais que repudiar a ação da última terça-feira, o Sinpro lamenta profundamente a falência da educação no estado do Rio de Janeiro, que foi substituída por um forte aparelho de opressão extremamente violento – a mesma lógica que permeia a ideia da militarização das escolas tão defendida pelo governo Ibaneis Rocha no DF, e por outros representantes da extrema direita Brasil afora.
A ignorância custa caro. À sociedade e ao Estado.
Sindicato dos Professores no DF
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