sábado, 4 de fevereiro de 2023

A leitura saborosa e melancólica de um livro recente sobre as lutas dos anarco sindicalistas no Brasil do inicio do século XX


Me trouxe uma sensação de melancolia durante e ao final, a  leitura saborosa de uma parte dos capítulos de  livro resultante de uma tese de doutorado da autoria de um colega do tempo da graduação em História pela UFS  anos 1990, intitulado "Peculiaridades da Confederação Operária Brasileira (1906-1920).¨ Uma melancolia que me lembrou Teses sobre o conceito de História de Walter Benjamin...

O nome do colega é Alessandro Cardoso Ribeiro e o mesmo tem uma escrita bem fluída, por isso saborosa, onde apresenta os sonhos, a generosidade, assim como as  agruras e os desafios dos camaradas anarco-sindicalistas no tocante a propagação das suas ideias e organização da classe trabalhadora,  em meio a um ambiente hostil por causa do predominio de mentalidade marcada pelo coronelismo e pelo clericalismo, assim como por relações e condições de trabalho extremamente injustas e violentas, além da imensa maioria da população do período ser analfabeta e de forma proposital.  

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“Pensa na escuridão e no grande frio

Que reinam nesse vale, onde soam lamentos.”

Brecht, Ópera dos três vinténs

Fustel de Coulanges recomenda ao historiador interessado em ressuscitar uma época que esqueça tudo o que sabe sobre fases posteriores da história. Impossível caracterizar melhor o método com o qual rompeu o materialismo histórico. Esse método é o da empatia. Sua origem é a inércia do coração, a acedia, que desespera de apropriar-se da verdadeira imagem histórica, em seu relampejar fugaz. Para os teólogos medievais, a acedia era o primeiro fundamento da tristeza. Flaubert, que a conhecia, escreveu: “Peu de gens devineront combien il a fallu être triste pour ressusciter Carthage“. A natureza dessa tristeza se tomará mais clara se nos perguntarmos com quem o investigador historicista estabelece uma relação de empatia. A resposta é inequívoca: com o vencedor. Ora, os que num momento dado dominam são os herdeiros de todos os que venceram antes. A empatia com o vencedor beneficia sempre, portanto, esses dominadores. Isso diz tudo para o materialista histórico. Todos os que até hoje venceram participam do cortejo triunfal, em que os dominadores de hoje espezinham os corpos dos que estão prostrados no chão. Os despojos são carregados no cortejo, como de praxe. Esses despojos são o que chamamos bens culturais. O materialista histórico os contempla com distanciamento. Pois todos os bens culturais que ele vê têm uma origem sobre a qual ele não pode refletir sem horror. Devem sua existência não somente ao esforço dos grandes gênios que os criaram, como à corvéia anônima dos seus contemporâneos. Nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie. E, assim como a cultura não é isenta de barbárie, não o é, tampouco, o processo de transmissão da cultura. Por isso, na medida do possível, o materialista histórico se desvia dela. Considera sua tarefa escovar a história a contrapelo.

8.

A tradição dos oprimidos nos ensina que o “estado de exceção” em que vivemos é na verdade a regra geral. Precisamos construir um conceito de história que corresponda a essa verdade. Nesse momento, perceberemos que nossa tarefa é originar um verdadeiro estado de exceção; com isso, nossa posição ficará mais forte na luta contra o fascismo. Este se beneficia da circunstância de que seus adversários o enfrentam em nome do progresso, considerado como uma norma histórica. O assombro com o fato de que os episódios que vivemos no séculos XX “ainda” sejam possíveis, não é um assombro filosófico. Ele não gera nenhum conhecimento, a não ser o conhecimento de que a concepção de história da qual emana semelhante assombro é insustentável.

9.



“Minhas asas estão prontas para o vôo,

Se pudesse, eu retrocederia.

Pois eu seria menos feliz.

Se permanecesse imerso no tempo vivo.”

Gerhard Scholem, Saudação do anjo

Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá- las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso.

CONTRIBUIÇÃO ABAIXO POSTADO PELO BLOG LITERATURA SERGIPANA NA SEÇÃO COMENTÁRIOS..

A Confederação Operária Brasileira (C.O.B.) representa a Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T.) no Brasil e tem grande importância para a formação dos sindicatos no país. É dela que fizeram parte grandes nomes como José Oiticica, Edgard Leuenroth, o escritor pré-modernista Lima Barreto, dentre outros nomes. Além disso a C.O.B. também ajudou na Greve Geral de 1917 em São Paulo e alguns dos integrantes da Confederação até ajudaram na criação de partidos de Esquerda, antes inexistentes no Brasil. É uma associação histórica e de grande importância para a conquista de direitos para as massas populares.



2 comentários:

Literatura Sergipana disse...

A Confederação Operária Brasileira (C.O.B.) representa a Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T.) no Brasil e tem grande importância para a formação dos sindicatos no país. É dela que fizeram parte grandes nomes como José Oiticica, Edgard Leuenroth, o escritor pré-modernista Lima Barreto, dentre outros nomes. Além disso a C.O.B. também ajudou na Greve Geral de 1917 em São Paulo e alguns dos integrantes da Confederação até ajudaram na criação de partidos de Esquerda, antes inexistentes no Brasil. É uma associação histórica e de grande importância para a conquista de direitos para as massas populares.

AÇÃO CULTURAL disse...

Muito bom camarada. O seu comentário valoriza a postagem em tela...