Zezito de Oliveira
Ontem, 05/11/2024, foi o dia que escolhi para ir a mostra de filmes “memórias urbanas” da produtora cine massapê. A despeito do nome da mostra, mas até pela próprio nome da produtora e formação do diretor Sérgio Borges, mestre em geografia pela UFS, os temas ultrapassam fronteiras.
O primeiro filme da mostra trouxe a lume a história de vida de um personagem performático da cena urbana de Aracaju, “Velha do Shopping” em mais um sensível e criativo trabalho da realizadora Gabriela Caldas, revelando quem era a pessoa que estava por trás da "Véia do Shopping".
https://ajuplay.com.br/movie/a-velha-do-shopping/
Na sequência, a exibição de um filme sobre homofobia, por sinal, o único filme de ficção da mostra, “jamais serei seu pai” de Manoel Calixto e Jhon Kennedy, permeado com momentos de homoafetividade, o qual mexeu bastante com estudantes de uma escola pública presentes a sessão
https://www.instagram.com/jamaissereiseupaicurta/?api=1%2F&hl=zh-cn
O filme de Sérgio Borges “Mãe Maré, vidas sustentadas pelas águas” também muito interessante, sensível e poético, embora com atmosfera quebrada pela fala de um personagem que leva o clima para um outro campo de vibração, o que não fez quebrar a magia das conexões profundas dos seres humanos com a natureza no campo da alimentação e do trabalho, como trazidas no filme até a fala do personagem citado e depois.
https://www.youtube.com/watch?v=L7jcZysQgOo
“Conexões entre mundos” de Walter Mazzega é um outro cheio de conexões envolvendo espiritualidade, memória ancestral e beleza natural, mostrando o poder de cura através das ervas e benzimentos.
https://bacanudo.com/leitura/6083/Curta-metragem_sergipano_ira_concorrer_em_festival_portugues
Já o curtíssimo filme de seis minutos “A última valsa”, de um realizador sergipano radicado em São Paulo, Fábio Rogério, juntamente com o aclamado critico de cinema e professor emérito da USP, Jean Claude Bernadet, traz uma importante reflexão sobre esses tempos de vidas artificiais, incluindo a manutenção da vida biológica por esses meios. O filme apresenta a recusa de Bernadet em ser mantido vivo assim, mesmo se necessário por recomendações médico-hospitalar. O filme gerou um certo desconforto na platéia até porque faz refletir sobre outro tema tabu em nossa sociedade, a morte.
Conversa com Fábio Rogério e Jean-Claude Bernadet sobre os filmes CAMA VAZIA e A ÚLTIMA VALSA - SP
https://www.youtube.com/watch?v=XdSdAsb9hT8
Ao sair da mostra, duas alegrias, as temáticas abordadas pelos filmes, acompanhadas com as soluções estéticas e criativas de cada um. Assim como a presença majoritária de adolescentes e jovens da escola pública. O que para isso acontecer, necessita sempre da presença de um ou vários professores que atuem também como verdadeiros animadores ou agentes culturais no chão da escola. Nesse caso, o professor Gildo Bezerra, um grande entusiasta da conexão cultura e educação, como este que escreve...
Nestes professores, muitos também artistas, arte-educadores, escritores e produtores culturais, reside uma das maiores preocupações em quem se pergunta como fazer para que a escola possa encontrar mais sentido e significado para a vida de crianças, adolescentes e jovens, para além dos incentivos do bolsa família e do pé de meia. Afirmo e reafirmo, para as necessidades materiais, o bolsa família e o pé de meia, para as necessidades imateriais - o que inclui, sentido para a vida, afeto, boas amizades, auto estima, senso de pertencimento e de coesão social - muita arte e cultura. Do contrário, é mais barbárie. Ainda mais com figuras eleitas como Trump nos Estados Unidos, conforme as primeiras noticias que leio neste inicio da manhã.
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