Cinco cenários eleitorais para 2018
Roberto Malvezzi (Gogó)
Como
serão essas eleições? Ouço essa pergunta todos os dias nos trabalhos de
base, nas entrevistas nas rádios, nas mídias alternativas e eu mesmo me
faço essa pergunta sempre.
Numa reunião de um grupo de reflexão que
se chama Novos Paradigmas, do qual participo, a pergunta era exatamente
a mesma. E olha que ali tem professores universitários, intelectuais
orgânicos aos movimentos populares, gente militante de partidos, assim
por diante.
A conclusão do grupo é que nada está seguro, tudo está
incerto. Somente podemos projetar alguns cenários. Eu coloco aqui,
então, cinco cenários que parecem os mais prováveis.
Primeiro,
haverá eleições gerais com Lula candidato “sub judice”, isto é, podendo
ser impedido de assumir após as eleições. Como o processo não está
concluído, o tal "trânsito em julgado" então a lei não pode proibi-lo de
se candidatar. Mas, depois da eleição, pode ser impedido se for
condenado. Claro, o judiciário teria que enfrentar mais uma vez a
vontade popular, retirando o poder de um candidato eleito pelo povo,
assim como fez no golpe contra Dilma Rousseff, processo iniciado no
Congresso, legitimado pelo Judiciário.
Nesse caso, o caos político se
aprofunda. Se puder exercer o mandato, será a suprema humilhação da
burguesia nacional em 500 anos.
Segundo, ao arrepio da lei Lula é
impedido de concorrer. Esse fato pode gerar revolta popular e grande
parte da população vai votar branco ou nulo como indicam as pesquisas.
Quem assumir estará sempre com a pecha de ilegítimo, de sub candidato,
que só ganha porque Lula foi proibido.
Terceiro, alguém do PT assume
a candidatura no lugar de Lula e, apoiado por ele, concorre às
eleições. Últimas pesquisas dizem que ele pode transferir de 30 a 47% do
eleitorado para quem ele apoiar. Lula pode também apoiar um candidato
de outro partido, mas esse caso é menos provável, dada a força do PT.
Quarto, é não ter eleição, seja pela deposição de Temer e sua
substituição por Maia prorrogando o mandato de todos, ou então, uma
eleição indireta no Congresso. Essa possibilidade ficou mais fraca
depois que a Ministra Cármem Lúcia fez um ensaio de parlamentarismo e
foi rechaçada até pela Folha de São Paulo. Porém, o desprestígio de
Temer é tamanho que ainda pode abrir brecha para essa possibilidade.
Quinta possibilidade, cada vez mais remota, seria a intervenção
militar. Ela já foi mais plausível, mas perdeu força depois da greve dos
caminhoneiros. Não houve unanimidade dentro do Exército para a
intervenção e eles mesmos não saberiam o que fazer com um país caótico.
Preferem tirar a castanha do fogo pela mão do gato, isto é, o serviço
sujo fica com o judiciário e os generais monitoram.
Enfim, a única
certeza é que se deve investir seriamente na eleição de um novo
Congresso – deputados e senadores – para equilibrar as forças no país. É
preciso também pensar nos governadores e deputados estaduais. Nesse
sentido, já tomei minha decisão, não voto em absolutamente nenhum
golpista.
Por fim, eleição não é o único mecanismo democrático de
uma nação. A democracia direta, as ruas, as pressões populares sempre
serão indispensáveis, inclusive hoje nas redes sociais.
De resto, só incerteza.
http://robertomalvezzi.com.br/2018/06/11/cinco-cenarios-eleitorais-para-2018/
Eleições: Três tendências e um grande erro
– on 12/06/2018https://outraspalavras.net/brasil/eleicoes-tres-tendencias-e-um-grande-erro/Projeto do golpe está derrotado junto à sociedade. Chances de reverter os retrocessos crescem. Porém, esquerdas fazem cálculos eleitorais pequenos, desperdiçam possibiliade real de mobilização e abrem espaço para Bolsonaro.
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