sexta-feira, 1 de junho de 2018

A disputa de narrativa por meio de um painel artistico-religioso em uma igreja do sertão sergipano.

"A disputa de narrativa do cristianismo encarnado e do cristianismo que prefere ficar olhando para o céu. "
 "Atos 1  10E aconteceu que estando eles com os olhos fixos no céu, enquanto Ele subia, surgiram junto deles dois homens vestidos de branco, 11que lhes comunicaram: “Homens galileus, por que estais contemplando as alturas?"
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Em 1970 fui pregar missão no sertão sergipano, em Porto da Folha, onde já se encontrava frei Angelino. Foi ali que abracei consciente a vocação franciscana de pobreza e proximidade com os pobres, embora carregando minhas fraquezas e covardias. Angelino e eu decidimos permanecer em Porto da Folha mesmo à revelia do provincial Frei Martinho que nos remetia para o convento de Aracaju. 

Pedimos exclaustração por três anos e o bispo de Propriá nos acolheu e confiou a paróquia. Com frei Angelino vivi meu segundo e mais feliz noviciado, morando em casa de taipa de apenas três vãos e um banheiro. Logo, logo se associaram a nós dois confrades egressos da Ordem: Frei Roberto Eufrásio e Frei Enoque Salvador de Melo. Algum tempo depois chegou um jovem “beradeiro” do Rio São Francisco, filho de pescador Anísio. Mais redes foram armadas na sala e no corredor.

Organizamos a vida fraterna, partilhando em rodízio as tarefas domésticas, a oração, as celebrações com o povo. Nosso sonho era experimentar melhor o carisma de São Francisco, vivendo com os simples e humildes, revelando-lhes a face do Jesus dos Evangelhos, resgatando sua dignidade de filhos e filhas e imagens de Deus, buscando uni-los e organizá-los para a conquista de uma vida com melhor qualidade. Foram três anos de missão na vasta paróquia, cobrindo as distâncias com um jipe ou velejando de canoa no “Velho Chico”. Deixei na parede central da matriz, pintada uma amostra de nossa aposta na fé iluminando a vida: ao redor de um Cristo sertanejo, moreno, repartindo o pão, aves e flores que lembram a confiança no Pai. Mais ainda: toda a vida do povo do lugar: feira, vaqueiros, agricultores, bordadeiras, professora, o Rio São Francisco e a Rua da Baixinha com nossa morada e a matriz.
PALAVRAS DE FREI JUVENAL.      








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