segunda-feira, 4 de junho de 2018

O BRASIL QUE TEM AS RESPOSTAS QUE PRECISAMOS


Assistir a certos filmes do cinema nacional, nos faz lembrar a opinião de que as respostas para muito de nossos problemas estão dentro de nós mesmos, não apenas na forma individual, como define a conhecida frase “conhece-te a ti mesmo” atribuída a Sócrates, como também do ponto de vista coletivo, neste caso sob a forma de obras de arte, como canções, filmes, literatura e etc.

No caso de muitos filmes, sejam nacionais ou estrangeiros, há àqueles que valem por muitas aulas. Mesmo que o professor seja um apaixonado pelo tema e/ou pelo oficio de ensinar, e sendo dessa maneira , melhor ainda poder conversar com um (a) professor (a) assim, depois de assistir a um bom filme, como no exemplo, “A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro” roteirizado e dirigido pela dupla Leo Garcia e Zeca Brito, exibido no Cine Vitória de Aracaju, e em outros cinemas de rua e/ou de arte de diversas cidades brasileiras.

Este documentário trata da vida e do legado do jornalista Tarso de Castro, filme sobre   personagem e situações pouco conhecidos para a maioria dos brasileiros que não leram o Pasquim ou que leram pouco. Ou por àqueles que não leram ou que leram pouco a Folha de São Paulo, em sua época de ouro "democrática" (década de 1980 e 1990). 

Diga-se de passagem, Tarso de Castro foi um dos principais responsáveis pelo êxito inicial do Pasquim, um dos pioneiros e mais importantes jornais da chamada imprensa alternativa, e criado no denominado anos de chumbo (1968 até meados dos anos de 1970).

Um filme obrigatório para aulas dos cursos de Jornalismo, História e afins. Em termos de lembrança, destaco uma das fala de Sérgio Cabral (pai), integrante da equipe inicial dos fundadores do Pasquim.

Em nenhum país do mundo que viveu sob ditadura e que depois retornou a “normalidade democrática”, a imprensa alternativa e independente não sobreviveu com pelo menos um ou dois jornais de grande circulação.”

A fala acima de Sérgio Cabral (pai), lembra uma contribuição que que fiz recentemente , acerca do inicio da crise da imprensa nos dias atuais, pela não continuidade de uma trincheira de luta e de resistência, no campo do jornalismo pós redemocratização (anos de 1980), o que poderia ter atenuado o sufoco que estamos vivendo em matéria de acesso a informação plural e qualificada. 

Essa opinião foi proferida na roda de conversa “Jornalismo e Fascismo”, sob a batuta do professor Romero Venâncio da UFS, a qual contou com a presença de uma  seleta presença  de profissionais e estudantes do campo da comunicação. Atividade que deu inicio a jornada de estudos e debates do Coletivo Carolina Maria de Jesus de pesquisa em jornalismo e cultural.

Disse: “ As razões da situação que estamos passando de monopólio brutal no campo da comunicação em nosso país, precisa ser buscada antes do PT assumir o governo, o qual não enfrentou essa situação de frente. Por isso, além da critica aos governos petistas, com as ressalvas que quisermos fazer, penso ser necessário, conhecermos mais sobre a “imprensa alternativa ou independente” , para buscar descobrir novas maneiras de fazer jornalismo, sem ficar preso tão somente ao modus operandi de pensar e de fazer atrelado ao mercado ou ao estado, como aconteceu depois do fim da censura e da abertura de espaços generosos nas grandes redações, para jornalistas ligados as lutas e a resistência contra o arbítrio e a ditadura."

Em que pese, como afirma alguns entrevistados do filme “A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro”, na maioria das situações, não se pode dispensar o trabalho nos grandes veículos de comunicação. Afinal, era e ainda é nestes casos, em que se pode ganhar um pouco mais de dinheiro.

Mas as perguntas que não querem calar. Quanto custou antigamente e quando custa nos dias de hoje ser um jornalista critico do sistema? Quantos aceitam pagar o preço de não ficar totalmente a disposição do mercado, inclusive em termos ideológicos ? Será que o mercado nos dias de hoje tolera um tipo de profissional semelhante a Tarso de Castro? Em que medida os sindicatos cutistas  e ligados a  outras centrais,  erraram em não investir na criação ou fortalecimento de  um ou mais orgãos de imprensa alternativa e independente? 

Boas questões para debater após assistir ao filme em tela.
ZdO

Documentário de Leo Garcia e Zeca Brito revela várias facetas de um dos idealizadores do 'Pasquim': a paixão pelo jornalismo e pela boemia, a solidariedade com os amigos e os embates com os inimigos.

 Biógrafo de Tarso de Castro denuncia perseguição da Folha à filme sobre jornalista

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