sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

ESCOLAS CONTRA A VIOLÊNCIA NEOLIBERAL E NEOFASCISTA...

Massacres nas escolas, são o limite de uma situação de maior ou menor violência dentro e fora, violência que muitas vezes é praticada no campo simbólico, e  só confirmam o quanto não podemos subestimar o papel das ciências humanas, da arte e do esporte, dentro e fora do ambiente escolar... 

E isso começa pela organização dos currículos, da carga horária destinada e  construção e manutenção de auditórios multiuso, quadras cobertas, bibliotecas, laboratórios de comunicação digital, laboratórios de matemática e ciências da natureza....

Acrescido de uma equipe multidisciplinar com estudantes e profissionais de psicologia e serviço social.

A nossa expectativa é o  próximo governo federal estar a altura desse desafio. O que não será fácil, com tantos interesses em disputa no campo da educação, assim como pelo fortalecimento do modelo neoliberal, às vezes associado ao modelo neofascista na educação, como é o caso do governo Tarcisio em São Paulo. 

Daí, esperamos que os marcadores progressista do planejamento educacional do MEC em  2024   estejam bem delineados.

Valei-me Paulo Freire, Anisio Teixeira, Darcy Ribeiro , Maria Nildes Mascellani e tantos bons educadores que tivemos e que temos neste Brasil maravilhoso, diverso e plural,  apesar das almas sebosas....

E nem precisa expandir a carga horária das matérias de humanas  em prejuízo das demais.. Basta ver como faz a Finlândia e outros países.. AQUI



E aqui.....  https://www.youtube.com/watch?v=VnUhXbPBWjU





https://www.youtube.com/watch?v=N7pzXVPRZ0A&t=16s


 Flores do Jardim

Um filme feito por todos alunos da Oficina Inventar com a Diferença  - Cinema e Direitos Humanos
Escola Estadual Julia Teles. Município de Nossa Senhora do Socorro - Sergipe.





Leia também: 

sábado, 26 de novembro de 2022

1° Seminário Nacional de Educação Integral em Diadema para enfrentar investidas do neoliberalismo para entrar na mente dos educadores.

 Diadema participa do 1° Seminário Nacional de Educação Integral – por uma agenda de direitos e políticas intersetoriais na reconstrução da democracia. O evento reúne profissionais de todo o país para debater os desafios e propor caminhos para ampliar e efetivar a agenda do direito à Educação no Brasil.

A Escola dos meus Sonhos, artigo de Frei Betto

Na escola de meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar, consertar eletrodomésticos, fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, conhecer mecânica de automóvel e de geladeira, e algo de construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra.

Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinheiros profissionais. Assim, aprendem como a cidade se articula por baixo, mergulhando em suas conexões subterrâneas que, à superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.

Não há temas tabus. Todas as situações-limites da vida são tratadas com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade, sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões das privatizações; o português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos de jornais; a geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos internacionais; a física, nas corridas da Fórmula 1 e pesquisas do supertelescópio Hubble; a química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a história, na violência de policiais a cidadãos, para mostrar os antecedentes na relação colonizadores-índios, senhores-escravos, Exército-Canudos etc.

Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de biologia e de educação física se complementem; a multidisciplinaridade faz com que a história do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aulas de meditação e de dança, e associa a história da arte à história das ideologias e das expressões litúrgicas.

Se a escola for laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo; o pai-de-santo do candomblé; o padre do catolicismo; o médium do espiritismo; o pastor do protestantismo; o guru do budismo etc. Se for católica, promove retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja.

Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazerem periódicos treinamentos e cursos de capacitação, e só são admitidos se, além da competência, comungam com os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido sobre o que são democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.

Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do iogurte é debatida; o produto, adquirido; sua química, analisada e comparada com a fórmula declarada pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores porventura nocivos à saúde. O programa de auditório de domingo é destrinchado: a proposta de vida subjacente; a visão de felicidade; a relação animador-platéia; os tabus e preconceitos reforçados etc. Em suma, não se fecha os olhos à realidade; muda-se a ótica de encará-la.

Há uma integração entre escola, família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e um mês por ano setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e seus discursos analisados e comparados às suas práticas.

Não há provas baseadas no prodígio da memória nem na sorte da múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de Lima, professor de História (hoje romancista e membro da Academia Brasileira de Letras), no dia da prova sobre a Independência do Brasil os alunos traziam à classe toda a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos, aprendendo a pesquisar.

Não há coincidência entre o calendário gregoriano e o curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos, dependendo de sua disponibilidade, aptidão e recursos.

É mais importante educar que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que a ascender à elite. Dentro de uma concepção holística, ali a ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa unidade corpo-espírito, e o enfoque curricular estabelece conexões com o noticiário da mídia.

Na escola dos meus sonhos, os professores são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio para poderem se manter. Pois é a escola de uma sociedade onde educação não é privilégio, mas direito universal e, o acesso a ela, dever obrigatório.

VÍDEO: Racionais MC’s são aclamados em aula aberta na Unicamp em noite histórica

Mano Brown se emocionou ao ouvir de um estudante como a música do Racionais foi importante para tentar entrar na universidade, um espaço ainda majoritariamente branco






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