(por Antonio Samarone)
Em trabalho publicado sobre a cobertura vegetal das regiões centrais das 27 capitais brasileiras, os pesquisadores João Carlos Nucci e Mariane Félix da Rocha, da Universidade Federal Fluminense, concluíram:
"Brasília (DF) alcançou a primeira posição, com 31,83% de cobertura vegetal na área mapeada, e Aracaju (SE) ficou em último lugar, com 6,38% de cobertura vegetal, em sua área central."
Por que Aracaju ostenta essa lanterna vergonhosa? A um olhar desatento, Aracaju engana, pela cobertura dos manguezais remanescentes, nas franjas dos rios, riachos e marés.
O frondoso manguezal da Praia 13 de Julho, é um tributo da natureza ao mar de estrume humano ali lançados, pela DESO. É bonito, mas fede a ovo podre.
Por que não gostamos das arvores? Se diz em Aracaju, que elas quebram as calçadas e soltam as folhas. Não se trata apenas da ausência de prioridade política, é uma questão com raízes culturais profundas.
Não se chama as árvores pelo nome, quase não se conhece, é tudo pé de pau. É uma herança colonial.
Entra prefeito e sai prefeito, todo ano um programa de arborização é lançado, e nada funciona. O foguetório é grande, os resultados inexpressivos. A maior parte da mudas plantadas, não suportam a ausência de manutenção.
Parte do empresariado de eventos resiste a arborização do Parque da Sementeira. Querem um espaço de shows e eventos. O último plantio expressivo na Sementeira foi na primavera de 2005, com Marcelo Déda.
Quando se cobra um Jardim Botânico em Aracaju, setores da construção civil entram em pânico. “A terra urbana vale ouro, para se encher de mato”, me disse um desses influentes especuladores imobiliário.
Os terrenos vazios do Aracaju são de “engorda”, objeto da especulação.
O que ameniza é o que resta de Mata Atlântica, no Morro do Urubu e os remanescentes dos manguezais.
A questão ambiental é um entrave para o desenvolvimento do Aracaju. A arborização e a despoluição da bacia do Rio Sergipe, são pontos inadiáveis.
Antonio Samarone. (médico sanitarista)
Félix da Rocha, M., & Nucci, J. C. (2019). COBERTURA VEGETAL NA REGIÃO CENTRAL DAS CAPITAIS BRASILEIRAS. GEOgraphia, 21(45), 70 - 85. https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2019.v21i45.a14352
sábado, 7 de dezembro de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário