terça-feira, 13 de dezembro de 2022

As boas vindas do ex-ministro da Cultura Juca Ferreira a Margareth Meneses , futura ministra do 3º governo Lula.

 A vitória do Presidente Lula significa a esperança na reconstrução da democracia no Brasil.

Certamente, também significa a elevação do papel da cultura como essencial na construção de uma sociedade justa e plural, na afirmação de um projeto de nação em que o desenvolvimento econômico seja sustentável e se dê em consonância com a preservação do meio ambiente e respeito aos direitos culturais dos cidadãos e das cidadãs brasileiras.

Cumprimento Margareth Menezes por sua indicação para liderar o Ministério da Cultura e desejo que seja bem-sucedida na tarefa de recriação do Minc, da recriação das políticas culturais e no grande desafio de colocar a Cultura como protagonista na reconstrução do Brasil.

Margareth reúne inúmeras capacidades, que lhe conferem as condições para assumir o mais alto posto da gestão cultural do país, como inteligência, sensibilidade, criatividade, compromisso com a sociedade, com a cultura, com a democracia e com o Brasil.



Juca Ferreira diz entender críticas a Margareth Menezes, mas pede paz
Ele recusa convite de Lula para a secretaria executiva da pasta e diz que é a cantora que deve escolher seus cargos de confiança
Por Agências

O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira se manifestou pela primeira vez sobre a indicação de Margareth Menezes para o comando do ministério na próxima gestão. O tom foi de pacificação em meio a críticas ao nome da artista, impulsionado nas últimas semanas.

Ferreira afirmou que "essa confusão é desnecessária e produz muito ruído" em uma mensagem enviada a um grupo de WhatsApp com amigos e conhecidos do setor cultural de Salvador, na Bahia, pouco antes da diplomação do presidente eleito.

"Não tem nenhum erro na aceitação de Margareth. O convite feito pelo presidente é tentador para qualquer um que venha a receber um convite semelhante", escreveu.

"Por outro lado, não tem nenhum demérito na expectativa da área cultural de ter um gestor já testado à frente do Ministério da Cultura. A situação da cultura é grave, tudo está remexido e destruído", acrescentou, num aceno aos dois lados da disputa.

Logo depois de aceitar o convite, Menezes viu seu nome entrar em fritura tanto por gestores culturais quando por uma ala do próprio PT. Alguns criticaram a falta de um passado sólido de gestora, salvo pela criação da Associação Fábrica Cultural, em Salvador.

Outros defendiam que, com um cenário de desmonte generalizado da Secretaria Especial de Cultura e suas autarquias, era preciso um nome técnico, capaz de ajustar mecanismos como a Lei Rouanet com um orçamento ainda mais estrangulado.

Entre os cotados logo após as eleições para comandar a pasta, Ferreira era visto como o nome com mais experiência na gestão pública, mas sua indicação não foi para frente.

Após convidar outros artistas para a direção do futuro ministério, Lula disse a interlocutores que queria Ferreira como secretário executivo da pasta, mas o ex-ministro recusou a ideia e afirmou que Menezes é quem deve escolher os cargos de confiança, para não criar uma disputa interna de poder.

Menezes integra a equipe de transição da Cultura, para a qual foi convidada depois de criticar a ausência de negros entre os responsáveis por avaliar o setor na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Apesar dos ruídos com sua indicação, seu nome já está consolidado. O anúncio deve ser feito entre esta segunda (12), na diplomação, e terça (13).

Partiu da socióloga Rosângela Silva, a Janja, mulher de Lula, a sugestão para que Menezes comandasse o Ministério da Cultura, que deve ser reconstruído no próximo governo após ser rebaixado a secretaria por Bolsonaro.

Seu nome, entretanto, não foi a primeira opção do petista. A princípio, a atriz Marieta Severo e o rapper Emicida foram procurados, mas não aceitaram a proposta. O próprio Lula sondou Severo.

Após a vitória nas eleições, Lula vinha manifestando seu desejo de levar outra vez um símbolo ao Ministério da Cultura, para repetir o efeito da nomeação do compositor Gilberto Gil em seu primeiro mandato.

De preferência, a ideia é que fosse uma mulher ou uma pessoa negra. Janja também apostava no impacto de um grande artista e, com o fracasso dos primeiros convites, defendeu o nome de Menezes, cantora negra que é ícone do Carnaval baiano.

No entanto, as indicações de Janja, que é também próxima do secretário nacional de Cultura do PT, Márcio Tavares, acabaram desagradando algumas alas do partido, que esperavam nomes mais técnicos no comando do órgão. (Claudio Leal e Carolina Moraes/Folhparess)



Leia também:

Cultura para quem?

Por Luiz Augusto Milanesi, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP

CARTA ABERTA À MARGARETH MENEZES  E AO FUTURO DA CULTURA BRASILEIRA 

Neste momento histórico, queremos saudar e celebrar o anúncio do nome de Margareth Menezes para esta missão, de enorme responsabilidade, que é a reconstrução do Ministério da Cultura do Brasil.

Pedimos a benção aos mais velhos e aos mais novos. Saudamos a sua ancestralidade, seus cantos e encantos, batuques e axés. Que os Odus que escrevem seu destino conduzam ao melhor propósito, guiando os caminhos da futura Ministra nessa jornada pela Cultura de nosso país e de nosso povo.

Que as muitas vozes do Brasil falem pelo seu tom grave e potente. Que ao lado de Lula, uma Ministra da Cultura, mulher, negra, artista, nordestina, seja a expressão de um governo que coloque a cultura na centralidade de um projeto de país.

A criação do Ministério da Cultura, em 1985,  foi  fruto do processo de abertura democrática. Cultura e Democracia são indissociáveis. A retomada do MinC se dará no contexto de uma nova redemocratização do país, após anos de ataques deliberados e desmonte das instituições culturais.  

 Nos últimos anos, em meio à pandemia e ao pandemônio, o setor cultural brasileiro foi capaz de empreender uma grande mobilização nacional que permitiu a aprovação das Leis Aldir Blanc, Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2.

 Vitórias públicas em um contexto improvável, que revelam força, resiliência e capacidade de articulação. O Congresso Nacional teve um papel fundamental para garantir tais  conquistas.

A nova Ministra poderá se apoiar nestas forças, e ao fazer isso contará com uma massa de fazedores e fazedoras de cultura de todo o país, neste mutirão de reconstrução.

Executar e implementar as Leis Aldir Blanc 2 e Paulo Gustavo significará uma revolução do fomento à cultura no Brasil. Pela primeira vez, o Sistema Nacional de Cultura contará com orçamento necessário para garantia dos direitos culturais previstos na Constituição Federal. 

Caberá revisitar o "Do-in antropológico", metáfora genial do ex-Ministro Gilberto Gil,  “massageando pontos vitais, mas momentaneamente desprezados ou adormecidos, do corpo cultural do país” - mais Pontos de Cultura em todo o Brasil, com os recursos das novas Leis da Cultura. 

 Será necessário ir além, pensando em políticas culturais para o Brasil do Futuro, para recuperar o tecido social brasileiro e promover o reencontro do Brasil consigo mesmo. 

 Conte com a força da cultura brasileira nesta caminhada. Boa sorte, Ministra Margareth Menezes!

>> Compartilhe:

https://cutt.ly/B0jXaK9

Saudações Culturais! 

Articulação Nacional de Emergência Cultural

Escola de Políticas Culturais


A participação deste blog no debate em tela.


Nenhum comentário: