quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

O que a Teologia da Libertação tem a aprender com o legado do mons. Jonas Abib? Artigo de Toninho Kalunga

Tínhamos um olhar com grau maior de positividade, antes da fascistização da Renovação Carismática Católica (RCC),  por meio do lançamento de candidaturas de parlamentares ligados ao movimento com um perfil de extrema direita e apoio a Jair Bolsonaro, embora particularmente tenha sofrido consequências da influência do perfil dogmático e com o olhar voltado excessivamente para o céu, como preconizado nos seminários "Vida no Espirito. " realizado no inicio do movimento como estratégia para apresentar a RCC e atrair adeptos...

O que não me afetou diretamente, mas sim a muitos jovens da comunidade católica no território onde atuava como educador popular e agente cultural nas décadas de 1980 e 1990, quando começaram a se interessar menos pelas propostas de ação social e cultural libertadora, a partir da ação comunitária.. 

Depois de alguns anos, cheguei até a escrever um pequeno artigo no boletim da associação comunitária trazendo aspectos positivos da RCC, a despeito do esvaziamento provocado por estes em trabalhos como o que desenvolvíamos.. Mas isso foi na década de 1990.. 

Nos tempos atuais, mesmo não negando os aspectos positivos, não posso deixar de considerar o papel de destaque da RCC no quadro atual de um Brasil em transe, colaborando na exarcebação da violência física e simbólica estrutural que nos acompanha a tempos...

Quanto a um aspecto importante da RCC, e que pode nos servir de inspiração para os adeptos da Teologia da Libertação, temos o destaque que o movimento concede a comunicação, a arte e a juventude, embora nestes casos paradoxalmente com um visão de mundo que em alguns casos chega até as fronteiras do pensamento medieval, o que explica os choques e a aversão de muitos adeptos da RCC as orientações pastorais emanadas do Concilio Vaticano II, das Conferência Episcopais da América Latina e do Pontificado de Francisco. 

Embora isso não fique explicito em muitas situações e se revele mais por meio da omissão ou indiferença, do que por uma ação militante, ou em forma de cruzada anti CNBB e anti Francisco, como faz outros ramos do fascismo católico...

Uma bela canção que apresenta o tratamento prioritário que a RCC destina a aspectos mais na linha de "filhos de Jerusalém, porque olhas tanto para o céu.¨ (1)  Evidente que,  não trata-se de negar a força e o papel do Espirito  pois sem isso não temos cristianismo,  mas podemos nos relacionar com o Espirito Santo, da maneira mais encarnada e protagonista como na  canção da autoria do cantautor Zé Vicente.  

https://www.youtube.com/watch?v=vo5KyNkiUsQ&list=RDvo5KyNkiUsQ&start_radio=1

Daí a forte contribuição da RCC a fascistização do Brasil e de outros países onde tem influência, além dos EUA, onde nasceu. 
Quanto aos adeptos da Teologia da Libertação,  resta refletir sobre o porque destas três dimensões -  comunicação, arte e juventude -  caminham de forma tão lenta e descontinuada em nosso meio.

(1) 6Então, os que se haviam reunido lhe consultaram: “Senhor, será este o tempo em que restaurarás o Reino a Israel?” 7Ele lhes afirmou: “Não vos compete saber as épocas ou as datas que o Pai estabeleceu por sua exclusiva autoridade. 8Contudo, recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra!”

9Tendo dito estas palavras, foi Jesus elevado às alturas enquanto eles o contemplavam, até que uma nuvem o encobriu da vista deles. 10E aconteceu que estando eles com os olhos fixos no céu, enquanto Ele subia, surgiram junto deles dois homens vestidos de branco, 11que lhes comunicaram: “Homens galileus, por que estais contemplando as alturas? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado ao céu, retornará do mesmo modo como o viste subir”. 

Bíblia King James Atualizada 






Zezito de Oliveira 

Leia o artigo do Toninho Kalunga  AQUI  

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Lembrando a Campanha da Fraternidade de outras épocas


quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Canção Nova ou Velha Canção?


O contexto geopolitico que marca a entrada da RCC no Brasil e em outros países da América Latina...

"Thales Coelho n’Os Divergentes, sobre o artigo 142 da Constituição de 1988 e o poder moderador, lembra um informe sigiloso sobre “a situação da subversão no Brasil” apresentado na 17ª Conferência dos Exércitos Americanos, realizada em Mar del Plata, na Argentina, em novembro de 1987. Citando: Na referida conferência militar identificara-se o dedo do “movimento comunista internacional” nos movimentos ecológicos, feministas, estudantis, antirracistas, de defesa dos povos indígenas, de liberdade de orientação sexual e da descriminalização do uso de drogas, ou na teologia da libertação. Para os militares ali reunidos, seria preciso combater o “amerocomunismo”, que não se orientava mais por táticas guerrilheiras revolucionárias ou atos de “terrorismo”, mas pelo que, hoje, conhecemos como, soit disant, “marxismo cultural”, baseado nas ideias de Antonio Gramsci. Segundo o relatório do encontro, “para Gramsci, o método não consistia na conquista ‘revolucionária do poder’, mas em subverter culturalmente a sociedade como passo imediato para alcançar o poder político de forma progressiva, pacífica e perene”. E continuava: “Para este ideólogo, a ideia principal se baseia na utilização do jogo democrático para a instalação do socialismo no poder. Uma vez alcançado esse primeiro objetivo, se busca impor finalmente o comunismo revolucionário. Sua obra está dirigida especialmente aos intelectuais, profissionais e aos que manejam os meios maciços de comunicação social.

Chama a atenção a simultaneidade dos dois eventos, Mar del Plata e Santa Fé. Revisitando com um pouco de detalhes o documento resgatado por Mauricio Abdalla, a similaridade do conteúdo fica evidente.

O Documento de Santa Fé – 1988 parte da afirmação de que as Américas estariam sob ataque de uma aliança entre a subversão comunista, o terrorismo e o narcotráfico, vistos do ponto de vista de que os americanos são o xerife do mundo. Expressa o temor de que as políticas americanas para a região, por pouco efetivas, levariam a mais governos pró-soviéticos, mais subversão, mais crimes e narcotráfico, mais imigração de cucarachos para os EUA e, por último, uma probabilidade maior de intervenção militar pelo xerife. Citando uma recomendação exemplar:

“EEUU debe estar preparado para ampliar su programa de asistencia militar a las fuerzas armadas latino-americanas como parte de su reconocimiento de que las insurgencias indígenas son explotadas y agravadas desde el exterior”.

Os conceitos do marxismo cultural, tão em voga atualmente, são aí apresentados, sendo possível reconhecer no texto as raízes do discurso dos gurus da extrema-direita. Numa suposta estratégia gramsciana, os intelectuais marxistas e seus métodos poderiam criar os valores dominantes de uma nação mediante a dominação cultural, em um processo que “requería una fuerte influencia en su religión, escuelas, medios de difusión masiva y universidades. Para los teóricos marxistas, el método más prometedor para crear un régimen estatista en un ambiente democrático era através de la conquista de la cultura de la nación. Conforme a este patrón, los movimientos marxistas en América Latina han sido encabezados por intelectuales y estudiantes y no por trabajadores.” Nesse contexto é que a Teologia da Libertação deveria ser entendida, como uma doutrina política disfarçada de crença religiosa.

O ataque do marxismo cultural não atingiria apenas um ou dois componentes da cultura. Seria eficaz se de forma ampla buscasse redefinir toda a cultura em uma nova terminologia, impulsionado por diferentes teóricos da educação marxista em escolas e universidades e pelo controle estatal sobre a educação através de livros e manuais.

A predominância da esquerda, em grande parte da mídia da América Latina, também deveria ser entendida nesse contexto. Nenhuma eleição democrática poderia modificar a inclinação contínua ao regime estatista, se a “indústria de conscientização” estivesse nas mãos de intelectuais estatistas. A mídia, igrejas e escolas continuariam a desviar formas democráticas para o estatismo, se os EUA e os novos governos democráticos não reconhecessem isso como uma luta do regime."



Um jornalista dedicado ao exame do catolicismo relata: Papas João Paulo II e Bento XVI perseguiram Teologia da Libertação, afastaram milhões de fiéis e criaram uma instituição submissa ao poder




Entrevista com Jonas Abib no Programa do Jô





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