Sempre fui mais chegado as canções e a cultura de uma maneira em geral, menos ao futebol, salvo pela compreensão do futebol também como cultura, daí não poder ficar indiferente.
Quando comecei a me entender por gente, a partir de meados da década de 1970, Pelé ainda jogava futebol, porém com um carreira que se encerraria nestes mesmos anos. Seu último jogo como jogador de futebol profissional foi disputado em 1º de outubro de 1977, diante de uma multidão com ingressos esgotados no Giants Stadium e uma audiência global de televisão.
Por outro lado, começar a me entender como gente, significou o começo da leitura de muitos jornais, o que aumentou consideravelmente quando comecei a trabalhar em bancas de jornais, o que durou alguns anos, e pelo noticiário percebia um distanciamento de Pelé dos grandes temas da politica nacional e das grandes causas politicas e humanitárias do mundo, salvo uma ou outra manifestação em favor das criancinhas pobres. Recentemente fiquei sabendo da manifestação de Pelé favorável as Diretas Já.
Por outro lado, duas manifestações negativas de Pelé marcou a minha impressão sobre ele, mas isso nunca ocupou papel relevante em minhas preocupações. Somente lamentei...
Com informações do site Uol vamos aos detalhes:
A primeira foi a afirmação em entrevista à Folha de S. Paulo, em 26/11/1977 em plena ditadura: " O povo brasileiro ainda não está em condições de votar por falta de prática, por falta de educação e ainda mais porque se vota, em geral, mais por amizade nos candidatos" .
Com o tempo, críticos passaram a atribuir ao Rei uma declaração ainda mais dura, de que "brasileiro não sabe votar", mas o atleta não disse isso à Folha ou em qualquer outra ocasião.
Em uma entrevista a Jô Soares em 1995, quando era ministro do Esporte de Fernando Henrique Cardoso, o Rei relembrou o episódio. Segundo Pelé explicou ao apresentador, o que ele quis dizer é que "o brasileiro, se quisesse reivindicar os seus direitos, tinha que tentar votar direito, não em cacareco".
A segunda, refere-se a filha que Pelé não reconheceu.
Pelé teve um caso polêmico na trajetória de pessoa pública. Durante anos, ele não reconheceu a filha Sandra Regina Machado, que faleceu em 2014, aos 42 anos, por falência múltipla dos órgãos.
Em 1991, Sandra entrou na Justiça para que Pelé a reconhecesse como filha. A defesa dela disse que o "Rei do Futebol" teve relações com a mãe dela, Anísia Machado, e a, então, faxineira acabou engravidando
Apenas no ano de 1996 a Justiça reconheceu Sandra Regina como filha de Pelé.
E por gostar de canções, em especial das canções de Caetano Veloso, lembro de quando ouvi pela primeira vez a canção Love, Love, Love de Caetano em homenagem a Edson Arantes, com base em uma frase proferida por ele..
E assim, uma manifestação positiva do Pelé nos chega imortalizada em uma bela canção, embora somente agora sei do contexto em que se deu...
Outra informação positiva, foi o fato de Pelé ter sido o único brasileiro mais conhecido no mundo durante um bom tempo, o que só veio a ser igualado pelo Presidente Lula nos anos 2000. O nome Pelé , a partir da década de 1960 passou a ser conhecido por pessoas, até nos recônditos da África e da Ásia, isso antes das grandes e potentes redes de comunicação global.
E navegando pelo site da Rádio Batuta, como faço vez em quando, me deparo com uma beleza de playlist com composições que homenagearam o Rei Pelé. Algumas mais recentes eu já conhecia, inclusive a bela Love, Love, Love.
Fica a dica e o reconhecimento do papel e da contribuição de Pelé ao futebol e ao Brasil. Obrigado, Pelé...
Zezito de Oliveira
Playlist O nome do rei é Pelé
No adeus de Pelé, ele disse: LOVE LOVE LOVE, de Caetano Veloso - 1978
Logo depois do tri, no México, aos 30 anos, Pelé decidiu que não voltaria a defender a camisa amarela do Brasil. A imprensa seguiu especulando sobre uma possível volta, até a Copa de 1974, mas ele manteve-se fiel ao que tinha decidido: queria sair no auge. 1974 seria uma interrogação. Assim em 1971, em dois jogos, ele se despediu da seleção brasileira. E em 1974, se despediu do Santos.
Em 1971, vi Pelé jogar contra o Sport, na Ilha do Retiro e em 1973, o vi de novo, no Arruda, contra o Santa Cruz. Interessante, no jogo da Ilha o Sport perdeu. E no jogo do Arruda o Santa Cruz venceu por 3 X 2. Que timaço tinha o Santinha: Givanildo, Luciano, Ramon e Pedrinho no gol. E a firmeza de Levir Culpi na zaga.
Mas em 1975, aos 35 anos, Pelé aceitou convite do Cosmos e foi jogar e promover o futebol nos States. Fez bem. Na segunda temporada, foi campeão e na seguinte disse adeus definitivo ao futebol com 37 anos. Fez um discurso emocionado em defesa das crianças e no final gritou: "love, love, love". Ao seu lado, o não menos famoso Muhammad Ali, o maior do boxe de todos os tempos, falou: "o mundo todo devia te agradecer, Pelé".
"Estou muito feliz de estar aqui com vocês em um grande momento da minha vida. Agradeço a todos pelo que fazem por mim e quero aproveitar esta oportunidade em que todos no mundo olham para mim, para pedir atenção e cuidados aos jovens e às crianças ao redor do mundo. Creio e acredito que o amor é o mais importante que podemos oferecer. Tudo passa! Por isso peço que digam comigo três vezes: amor, amor e amor. Muito obrigado."
O discurso foi em inglês.
No ano seguinte, 1978, Caetano Veloso lançou o disco MUITO que trouxe a canção LOVE LOVE LOVE, uma das que mais gosto das inúmeras pérolas que produziu. Ele deu seu recado e repetiu Pelé musicalmente. Uma beleza que relembro hoje, 01/10/2021, exatamente 44 anos após a despedida do Rei Pelé. Desde então o mundo da bola ficou mais triste! (Abílio Neto)
LOVE, LOVE, LOVE – Letra e música de Caetano Veloso
Eu canto no ritmo, não tenho outro vício
Se o mundo é um lixo, eu não sou
Eu sou bonitinho, com muito carinho
É o que diz minha voz de cantor
Por Nosso Senhor!
Meu amor, te amo
Pelo mundo inteiro eu chamo
Essa chama que move
E Pelé disse love, love, love!
Absurdo!
O Brasil pode ser um absurdo
Até aí tudo bem, nada mal
Pode ser um absurdo, mas ele não é surdo
O Brasil tem ouvido musical
Que não é normal!
Meu amor, te quero
Pelo mundo inteiro espero
A visão que comove
E Pelé disse love, love, love!
Na maré da utopia
Banhar todo dia
A beleza do corpo convém
Olha o pulo da jia
Não tendo utopia
Não pia a beleza também
Digo pra ninguém!
Meu amor, desejo
Pelo mundo inteiro eu vejo
O que não tem quem prove
E Pelé disse love, love, love!
Na densa floresta feliz prolifera
A linhagem da fera feroz
Ciclones de estrelas desenham-se
Livres e fortes diante de nós
E eu com minha voz!
Meu amor, preciso
Pelo mundo inteiro aviso
Olha o noventa e nove
E Pelé disse love, love, love!
E Pelé disse love, love, love...
Edição do vídeo e texto: Abílio Neto, no YouTube.
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