quarta-feira, 3 de maio de 2023

E se a igreja católica no Brasil ficar como a maioria da igreja européia e norte-americana?

Igreja Católica: o passado como trampolim para o futuro! Artigo de Manuel Joaquim Rodrigues dos Santos


Igreja Católica: o passado como trampolim para o futuro! Artigo de Manuel Joaquim Rodrigues dos Santos


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Carlos Alberto Godinho

16 de abril às 11:06

Agora, que muito se tem falado da vida dos padres, seja no contexto do relatório sobre abusos, seja na denúncia do clericalismo e, muito particularmente, na caminhada sinodal em curso, sinto que é urgente repensar o modelo de vida do padre! Não apenas o modelo espiritual e pastoral, mas também o modelo de vida pessoal. Mais: a vida Pastoral depende sempre da vida pessoal do padre - das condições de vida relacionais, psíquicas, afetivas e espirituais. Sem isolar qualquer elemento. Não raro, há uma tendência eclesiástica para ver a vida do padre a partir da sua vivência espiritual; isto é, espiritualizando a sua vida! É certo que a vida espiritual tem de estar no centro da vivência do ministério; mas as dimensões humanas da afetividade, da relação e das condições existenciais em que o padre exerce o ministério, nunca podem ser descuradas.

Sem querer aprofundar demasiado, aqui, na exiguidade de um perfil de Facebook, esta questão, parece-me que tendemos a fazer permanecer um modelo de padre de cristandade, quando a cristandade já não existe. Mesmo nas nossas comunidades: querer fazer persistir um modelo de vivência presbiteral em comunidades que se alteraram radicalmente, significa sujeitar o padre ao isolamento, senão mesmo ao desgaste e mesmo à solidão. 

Numa sociedade que sofreu grandes transformações sócio-culturais e religiosas, não me parece que se possam fazer persistir modelos anteriores! Sob pena de os sujeitar ao fracasso: pessoal e pastoral!

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 Se as reformas do nosso amado Francisco não encontrasse as enormes muralhas de contenção construídas a partir do pontificado de João Paulo II, o que visava e que certa forma conseguiu, barrar os ventos fortes da divina ruah no Concílio Vaticano II, decerto não estaríamos nesse estado lastimável. A despeito disso, houve e há muita gente resistente e renitente no meio do clero e do laicato . Mas não é fácil, nem todos conseguem aguentar um ambiente de tanta hipocrisia, falsidade, dissimulação e disse me disse. Parabéns aos sobreviventes, principalmente em arquidioceses como Aracaju, a qual viveu um momento luminoso, de renovação da igreja povo de Deus lá atrás, década de 1960, com o outro amado Dom José Vicente Távora. Que mergulhemos mais para as águas profundas da espiritualidade destes dois grandes pastores. FRANCISCO DE ROMA E DOM TÁVORA, O BISPO DOS OPERÁRIOS.

Zezito de Oliveira

A COISA PODE SER MAIS GRAVE DO QUE IMAGINAMOS

Romero Venâncio (UFS) 

Nas pesquisas que ando fazendo há um tempo sobre a "extrema-direita católica" nas redes digitais, cheguei (inevitavelmente) ao chamado "brasil paralelo". Eles têm uma influência forte entre (alguns) bispos e (muitos) padres no Brasil. brasil paralelo de um lado e pe. paulo ricardo do outro, e temos uma ideia de formação de boa parte dos prelados e seminaristas católicos do Brasil (ainda não paralelo). O brasil paralelo é mais que uma produtora de vídeo. A plataforma tem vídeos, cursos, documentários, textos... A inspiração deles foi o "mises brasil" e olavo de carvalho e seus vídeos/cursos. Trata-se de uma máquina de propaganda incansável e sempre atualizada. Com mais de três milhões de inscritos só no canal do youtube, podemos ter uma ideia de quem são e o que fazem e de como fazem.

O projeto deles não é apenas eleger candidatos conservadores (que é, também. Sempre foram aliados do bolsonarismo). Eles acreditam piamente no delírio de olavo de carvalho: uma profunda mutação mental de brasileiros e brasileiras. Em resumo: eles tem dinheiro, esquema de poder e projeto cultural. O delírio de olavo pode acabar sendo mais real do imaginamos.

Disse isto para comentar rapidamente duas produções do brasil paralelo. A saber: "aborto: quem é a verdadeira vitima?" (um "curso" com um tal de marcos vinicius lins) e "A face oculta do feminismo". Impressionante como duas coisas abjetas e aparentemente anacrônicas, torna-se mais atual do nunca. Uma mistura de impressionismos, mentiras, agressões gratuitas, ressentimento... Mas tem o principal: eles atingem aquelas pessoas religiosas ou não que odeiam feminismos ou tem uma leitura conservadora do aborto. A chamada do vídeo sobre o aborto: "Se você busca um contraponto sobre o tema do aborto, a hora de se aprofundar no tema da vida humana é agora". O didatismo primário com que ministrante vai entabulando depoimentos, imagens, supostos "fatos" e apelação moral faz com que, num país como o Brasil, onde a desinformação deformadora sobre um tema como o aborto, caia como um achado, uma novidade. Em resumo: ganha um setor considerável da população. Nem vou mais longe na exposição do dito documentário.

O sobre o feminismo é mais perverso ainda. Trata-se de um documentário em formato clássico. Começo com o resumo apelativo que o próprio brasil paralelo fez: "Conheça a história não contada do movimento feminista em um filme documental sobre suas reais conquistas, pautas e intenções futuras." O objetivo direto e sem disfarce algum é desconstruir todas as conquistas dos feminismos e das lutas da mulheres. Queimar mesmo. chegando ao ponto de criminalizar. Só vendo esta porcaria para entender melhor. Chega a ser inacreditável. Mas acho que corresponde a um estado mental da população brasileira, pelo menos. Explico-me: o documentário atinge e confirma o que boa parte de brasileiros e brasileiras pensam de feminismo e das mulheres. O que se percebe no final é que eles querem atingir um senso comum antifeminista e culpando a luta das mulheres pelo que acontece  com as fragilidades masculinas e pior, como se o feminismo fosse uma trama na história. Nem precisa dizer o que pensam e dizem de Simone de Beauvoir, por exemplo. Tudo muito triste e desonesto. Mas saibamos desde já, isto era uma tática cotidiana de olavo de carvalho e que rende/rendeu frutos. A serpente saio da casca.

Só lamento que nós das esquerdas nas redes digitais ainda não saibamos como enfrentar estas desgraças com eficácia para ganhar corações e mentes. Sem imitá-los, obviamente. Mas não estamos parados como estávamos em 2013. Pelo menos. Algum alivio em campo.

Obs. Os nomes próprios de alguns sujeitos estão em minúsculo de propósito porque os considero minúsculos mesmo. Sem mais.

Romero Venâncio (UFS)



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