Ontem, 21/11/2023, foi o dia da abertura do I Encontro Estadual de Literatura
Sergipana. O evento está sendo realizado na biblioteca pública Epiphanio Dória
O Fórum de Literatura esteve na plateia com diversos
escritores (as) e ativistas culturais,
alguns inclusive compondo também o grupo de declamadores de poemas dos corifeus da poesia modernista.
Corifeu,
segundo o dicionário de português online significa na tragédia e comédia
gregas, principal figura do coro. Como extensão significa indivíduo que mais se destaca na defesa de
uma ideia ou doutrina.
Do propósito
do seminário me chamou atenção e muito me atrai a temática, poesia ou literatura
modernista de modo geral, tenho mais identificação
com esta, da mesma maneira com a poesia
engajada, com a poesia marginal e com a atual poesia periférica. Sou um homem deste
tempo e além. Me vi representado por Abelardo Romero nas palavras de sua filha,
Patricia Romero, um homem além do seu tempo, ela declamou um poema do pai, embora desconhecido para ela. Um
detalhe importante, retomo a isso mais adiante
De outro modo, tenho especial predileção quando a discussão acadêmica vai
para fora do muro das universidades, e gosto mais ainda quando esta busca
trazer outros públicos por meio de metodologias dinâmicas e interativas como tentou
fazer o intelectual Jackson da Silva Lima, o qual mesmo não sendo tão bem
sucedido, sem dúvida, apontou para novos formatos de apresentação de temas ligados
ao campo do pensamento e das práticas artísticas e literárias visando alcançarmos um público mais
amplo, com ênfase especial às crianças, adolescentes e jovens.
Para retomar ao
detalhe do desconhecimento dos seus poetas e literatos por parte da população
sergipana vamos nos valer de uma repetida frase do intelectual Darcy Ribeiro “
A crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto” Um projeto de país,
um projeto de nação. E se acrescentarmos a palavra cultura a palavra educação, o
sentido da frase continua o mesmo.
De outro modo,
se não conhecemos o passado estamos condenados a viver no escuro, como diz a abertura
do premiado filme brasileiro “amor e fúria”.
E assim com as
três afirmações acima esperamos ter explicitado a razão mais forte que nos move a participar e convidar
mais pessoas para participar do evento acima, para que este sirva como fonte de
conhecimento histórico-literário e fonte de inspiração para outras iniciativas semelhantes em outros
espaços culturais e principalmente nas escolas.
E sobre o
desconhecimento que temos acerca dos nossos melhores artistas e literatos, duas questões fundamentais
que não podemos esquecer:
A primeira, Sergipe
é um estado de grandes talentos e a altura dos mais conhecidos e reconhecidos de outros
estados como tal. São surpresas em que fica claro, o problema nosso não é falta de talento, mas de
apoio e incentivo mesmo, inclusive para a pesquisa, registro e difusão da memória, como poderia
ter sido através de leis municipais e estadual de fomento, as quais estão
chegando de Brasilia nestes anos que rugem, por meios mais democráticos e republicanos, a partir da luta de agentes culturais, parlamentares
e gestores de cultura progressistas e engajados, me refiro as Leis Aldir Blanc
1, Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2.
A segunda, uma
população ou um povo só valorizará os melhores artistas e literatos contemporâneos, do seu tempo, quando conhecer e reconhecer os artistas e literatos de outros
tempos, de outras gerações.
Dessa maneira,
vida longa ao projeto do Encontro Estadual de Literatura Sergipana na perspectiva que este primeiro aponta, para colaborar na superação a médio e longo prazo da crise da cultura e da educação de Sergipe, para que estas deixem de ser um projeto, um projeto de alienação, desconhecimento e despolitização da nossa gente, "engabelada" sem politicas públicas efetivas, mas com muita cultura assistencialista, clientelista e focadas na falsa propaganda e nos grandes eventos artisticos-culturais. E isso vem de longe, de priscas eras, mas perdura e com dificuldades para o rompimento deste ciclo secular de atraso e subdesenvolvimento..
A programação continua no dia de hoje e amanhã.
22 de novembro (quarta-feira)
19h - Apresentação artística19h15 - Mesa-redonda - 'A poesia modernista sergipana sob diferentes perspectivas'
Paula Tauana (professora e especialista em literatura)
'A Poesia modernista em Sergipe'
Bernardo Souto (poeta, crítico literário, professor de literatura e tradutor)
Tema: 'Desbravando os Mares da Alma: a Poesia Existencial de Santo Souza'
João Filho (poeta, contista, tradutor e ensaísta)
Tema: 'Para uma nova sensibilidade é preciso formas novas. As formas da poesia utilizada pelos chamados corifeus da poesia moderna em Sergipe'
Leo Mittaraquis (poeta, crítico literário, cronista, publicitário e professor de Filosofia)
Tema: 'Produção poética, contística e ensaística do escritor e pensador Alberto Carvalho'
Ronaldson Souza (poeta, artista visual, crítico de arte, bacharel em Direito e especialista em Literatura)
Tema: 'Movimento e Geração 80 na Poesia em Sergipe'
Antônio Guedes (poeta, advogado e professor de escrita criativa) - mediador da mesa
21h - Coffee Break e Sarau Aberto
21h30 - Encerramento
23 de novembro (quinta-feira)
8h - Apresentação artística
8h10 - Exposição Dinâmica - 'Os Corifeus da Poesia Modernista em Sergipe'
Participantes: alunos da rede pública estadual de Sergipe
9h - Exposição e feira literária com autores sergipanos
9h15 às 12h - Sarau Aberto
13h30 às 16h30 - Exposição e feira literária com autores sergipanos
15h - Literatura de Cordel em Sergipe: resistência e representatividade da cultura popular
Cordelistas homenageados: Alda Cruz e Zezé de Boquim
16h30 - Encerramento
19h - Apresentação artística
19h10 - Mesa-redonda - 'Letras e Vozes da Literatura Sergipana: produção e fomento da literatura/cultura em Sergipe'
Sônia Azevedo (presidente da União Brasileira de Escritores/Aracaju)
Tema: 'Escritores(as) de Sergipe: avanços e desafios da produção literária no âmbito estadual'
José Anderson do Nascimento (presidente da Academias de Letras e Artes de Sergipe)
Tema: 'A Trajetória e Atuação da Academia Sergipana de Letras'
Jorge Carvalho do Nascimento (presidente da Academia Sergipana de Educação)
Mediador da mesa
21h - Coffee Break e Sarau Aberto
21h30 - Encerramento