Olá, pessoas!
Passando para dar notícias sobre a realização do nosso projeto Billie Holiday, a Canção em Circulação pelo Interior Sergipano. Podemos afirmar com todas as exclamações que de todas as vivências acumuladas com Billie..., desde o seu nascedouro e tempo de existência, essa com certeza foi a mais intensa das experimentações vivenciadas por nós, os idealizadores deste projeto embebido na dramaturgia de Hunald de Alencar, o já emblemático espetáculo teatral (musical dramático) Billie Holiday, a Canção! Pois, se não, vejam: sair de Aracaju no nosso carro pequeno, acomodando 05 pessoas, mais um cenário no rack de teto, que é uma enfermaria de hospital, mais a luz, mais o som e mais todas as nossas bagagens não foi nada fácil, já que passamos viajando durante 06 dias ininterruptamente, sem translado para Aracaju! E por que fizemos isso? Porque nenhuma empresa de transporte se interessou em prestar o serviço para a nossa produtora, depois de ver tanta burocracia, tanta dificuldade para se emitir uma nota Fiscal. Simples assim.
Como somos profissionais, assim como são vocês proponentes dos demais projetos aprovados, decidimos realizar o nosso projeto - e realizá-lo com qualidade e profissionalismo. Então, só nos restou essa saída: usarmos o nosso próprio transporte para a circulação - uma incoerência, diga-se de passagem, porque tínhamos orçado um percentual para este serviço: o prejuízo foi de R$2.000,00 (Dois mil reais) de recursos próprios, para custear parte de nossas despesas.
Sobre o projeto em si e a sua realização foi muito emocionante, o melhor dos capítulos! Cada cidade foi diferente em sua energia, no comportamento das plateias, nas vivências tão ímpares e extraordinárias... A única coisa “em comum” a todas elas foi o sucesso estonteante, diga-se, o impacto que lhes causou Billie Holiday, a Canção! Em todas as localidades, tivemos os espaços cheios, a presença maciça do público atendendo ao convite... Uma prova de que as plateias foram tocadas ou, no mínimo, despertaram o seu interesse pelo espetáculo, pela história da artista negra, nascida pobre em terra estrangeira, mas que encontra plena conexão com a vida e a história de tantas outras artistas negras, de origem pobre, nascidas em nosso país, e em nosso território, o pequeno notável Sergipe. Já sabíamos disso, mas essa circulação pelo interior só veio confirmar a convicção que sempre tivemos: Billie Holiday, sim, também é de Sergipe! Hunald de Alencar, o seu criador, pelas bem traçadas linhas de sua escrita poética, ainda que lancinante, também estava certo. Evoé!
Quando aportamos nas cidades, já havia um bochicho sobre o nosso trabalho. Durante as apresentações, as pessoas impressionadas com a interpretação visceral da cantriz Tânia Maria, arrebatadas pela emoção, força e verdade desta história singular, contada em seu 1 metro e meio. Aquelas pessoas adoráveis do interior ficaram como que apaixonadas em saber que era “gente nossa” fazendo bonito em cena, sozinha, levando um texto sufocante e canções em outra língua durante 1 hora de exibição! Em meio a tantos percalços, foi lindo ver os olhos de jovens, adultos e idosos de várias gerações brilhando no final em agradecimento pela oportunidade.
Acreditem, teve gente que assistia a um espetáculo de teatro pela primeira vez em toda a sua vida! São aquelas coisas que não têm preço, mas têm valor. Pois, foi esse impressionante acolhimento das cidades à fascinante história de Billie Holiday pela poiésis do nosso gigante dramaturgo Hunald de Alencar que nos tocou tão profundo: coisa que não tem preço, nem nunca terá. Como ele ficaria feliz, se pudesse sentir essa energia! Sua obra Billie Holiday, a Canção fez com que muitos jovens, estudantes e adultos se interessassem por sua dramaturgia. E Quatro Monólogos Trágicos, sua última produção literária, vendeu como água nos espaços montados para a nossa lojinha. Por várias vezes, a cantriz Tânia Maria foi aplaudida efusivamente em cena aberta, e, ao final do espetáculo, filas de pessoas emocionadas se formavam para pedir o seu autógrafo e fazer um registro fotográfico de recordação da grande cantora e atriz sergipana, numa demonstração inconteste de que a nossa passagem marcou profundamente aquelas cidades e pessoas.
No final, fomos surpreendidos com as vendas de nossa lojinha de souvenir’s, que deu para cobrir as despesas, e ainda sobrou pra cerveja (ninguém é de ferro) em comemoração ao sucesso do nosso projeto! Sim, a duras penas, mas sucesso, pois não podemos ser injustos com a gente pela nossa capacidade de ter tirado leite das pedras. Depois do dever cumprido e da sensação de realização plena, restou-nos a fadiga, o estresse, o adoecimento, o retorno à realidade.
Estamos adoecidos, o baque foi pesado, só conseguimos emitir duas notas fiscais: a da gráfica, que deu um problema enorme, e que tivemos que resolver e enviar a solução que até hoje não sabemos qual foi o resultado, pois não recebemos a resposta do e-mail que encaminhamos, e a do som e da luz, que emitimos no dia 10/11, dia em que encerramos o projeto na cidade de Simão Dias. Pelo nosso orçamento, ainda nos resta em dinheiro do projeto (que não usamos) pouco mais de R$4.000,00 (Quatro mil reais), porém, já sabemos que não vamos receber mais.
A maior sensação no final é a de nos sentirmos lesados por termos realizado um projeto com tanta força e esmero, e o retorno por parte do SEBRAE ter sido tão insignificante, e tudo por obra de uma burrocracia estúpida e desnecessária. Além da total falta de flexibilidade, sensibilidade, e até empatia com os nossos parceiros, como foi o caso do nosso artista gráfico: por uma questão de ordem pessoal (não diretamente por sua causa, mas de sua sócia, que por se encontrar num momento de crise existencial não conseguiu emitir apenas um documento que faltava para completar toda a documentação exigida - ele humanamente não quis pressioná-la -, acabou ficando sem receber pelo trabalho gráfico maravilhoso, e tão elogiado, que produziu! Injusto, não?) Na nossa avaliação, não receber o dinheiro total do edital por uma “merda de folha de papel” não tá correto! Além de todos os problemas criados pelo SEBRAE, que inclusive fizeram com que grandes projetos desistissem de ir até o fim, incluindo o seu descaso com a nossa questão, não apareceu ninguém da instituição para nos prestigiar, nos deixando a impressão de que a gente é tão bom, tão foda, que o SEBRAE confiou tanto no que produzimos que nem foi ver o nosso trabalho para confirmar (contém ironia)!
Na verdade, acreditou piamente no nosso potencial, ou o nosso projeto era tão insignificante a ponto de nem precisar ser visto, acompanhado por um de seus técnicos? Fica no ar a dúvida... Em outras palavras, pensamos que o SEBRAE mais atrapalhou o nosso projeto do que ajudou. É como alguém já ter mencionado aqui no grupo: ele foi tão lesado no edital passado por outros artistas, que resolveu punir severamente os artistas desta edição, enfim.
E pra não finalizar o texto em baixo astral, um “viva à Billie Holiday, a Canção!”, que em meio a tantas palavras de entusiasmo e elogiosas vindas do público, em Gararu teve na plateia uma filha da terra residente em Londres há 20 anos, que no final nos disse, direcionando a fala à nossa cantriz: “Você é uma grande artista! Sou assídua frequentadora dos teatros londrinos, e o seu espetáculo não deixa a desejar a nenhum outro que já vi por lá! Fiquei extremamente emocionada!”
TAMPA PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
Comentário do principal produtor de conteúdos e editor deste blog
Percebi que isso também acontece com os editais da Lei Paulo Gustavo. Saudações! A quem tem coragem, como vocês da Tampa Produções Artisticas....Cada vez mais juntos. Sempre Juntos!!!!
Zezito de Oliveira
terça-feira, 25 de setembro de 2018
2 comentários:
Um texto necessário que mostra o talento e a riqueza da cultura sergipana mas também a imensa dificuldade que é realizá-la . É um texto afirmativo da luta do artista, é também um texto denúncia pelo descaso das instituições, mas também é um texto testemunho do fazer cultural. Conheço Tânia Maria de muito tempo: talento puro! Soma-se ao texto do grande Hunaldinho (amigo querido que nos deixou quando ainda tanto podia nos dar). Vi o espetáculo no Fedtival de São Cristóvão (creio que em 2019). Uma bela direção de Raimundo Venâncio e Tânia arrebatadora ! Parabéns também ao AÇÃO CULTURAL e ao amigo Prof. Zezito
Luiz Eduardo Oliva
Valeu! Querido Luiz Eduardo Oliva pelas palavras de compreensão e reconhecimento, palavras de quem também é artista, intelectual e professor. Palavras de quem entende do oficio.
Tenho conhecimento do grande esforço que a equipe do MINC liderada pela ministra Margareth Meneses tem feito para reduzir a burocracia em excesso, mas isso tem que ser um esforço conjunto e solidário da parte dos outros entes da federação, assim como dos orgaões e instituições públicas e privada. Mas não é fácil, em razão da nossa cultura bachaleresca e burocrática. O decreto
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