segunda-feira, 3 de março de 2025

A repercussão das conquistas de "Eu Estou Aqui". De Sergipe e Aracaju até Xangai. Passando por Pernambuco, Brasília, Rio, São Paulo, Ceará e Nova York. .

 A DUPLA IMPORTÂNCIA DO OSCAR PARA AINDA ESTOU AQUI. NOTA. Por Romero Venâncio (Universidade  Federal de Sergipe)


Independente das polêmicas ou os limites políticos ou estéticos do filme "Ainda estou aqui", o Oscar de melhor filme estrangeiro/internacional veio em boa hora. As polêmicas ocorreram nas redes digitais e algumas foram sérias e nos ajudaram a pensar no real valor do filme. De Chavoso da USP a Jones Manoel; de Marcelo Ikeda a Wesley P. de Castro, o filme virou uma boa polêmica nas redes... Acompanhei todas essas e participei até certo ponto. Mas reconheço uma coisa: as polêmicas não apagaram em nada a importância do filme e nem os autores da polêmica queriam isto. 

A vitória no Oscar só não foi completa porque Fernanda Torres não ganhou a estatueta de melhor atriz. Merecida, inclusive. A atriz é a peça chave do filme. Interpretação singular. Não ganhou. Uma pena. Mas o filme tornou-se o melhor filme estrangeiro/internacional neste 2025. E isto é importante. Na América Latina, a Argentina ja levou mais de um vez o prêmio, o Chile já ganhou também. Cuba não ganhou esse titulo pelas razões políticas de sempre. Por exemplo, em 1969 o genial "Memória do subdesenvolvimento" (Tomás Gutiérrez Alea) ganharia tranquilamente o titulo de melhor filme estrangeiro, mas nos EUA dos anos 60 jamais um filme cubano ganharia algo no Oscar.

Em tempo. "Ainda estou aqui" trouxe o primeiro Oscar para o cinema brasileiro. Ganhou reconhecidamente com  a estatueta de melhor filme estrangeiro/internacional e este prêmio tem uma dupla importância:

Primeiro. No âmbito da história do cinema brasileiro. Foi um titulo que honra a brava e acidentada história do cinema brasileiro. Desde o cinema novo, não vibrávamos tanto com um filme numa concorrência fora do país. Importante lembrar "O Quatrilho" ou "Central do Brasil". Confesso: não vibrei tanto com eles. Por exemplo, esse "O Quatrilho" ganhar o titulo de melhor filme estrangeiro nos anos 90 no lugar de "A excêntrica família de Antonia" (filme holandês) seria uma profunda injustiça. Mesmo depois da chamada "Retomada" do cinema brasileiro na segunda metade dos anos 90, não produziu filmes com força dentro e fora do país para concorrer a altura com outros filmes "estrangeiros". Foi um momento importante do cinema brasileiro e preparou o caminho para se chegar ao "Ainda estou aqui". E vou mais além: cria ânimo para avançarmos na produção cinematográfica nativa. Temos diretores/diretoras muito bons. Temos atrizes/atores muito bons. Mas oscilamos demais em governos e ministérios da cultura. Cinema é arte cara e precisa de apoio estatal. Precisa de boas escolas. Precisa de pesquisa  e produção. E ainda de grande importância, precisa de público. Uma luta histórica nossa. 

Segundo. A importância política do Oscar. "Ainda estou aqui" é o triunfo de uma memória. Nunca podemos esquecer: tivemos um golpe civil/militar em 1964. Deste golpe, seguiu-se uma brutal ditadura com consequências graves para os rumos do Brasil. Prisões arbitrárias, exílios, tortura, corpos desaparecidos, sufocamento da democracia, políticas econômicas concentradoras de renda e grande empobrecimento do país. Resumo da história: tivemos governos militares desqualificados para o cargo. O filme de Walter Salles é uma vitória (simbólica) sobre esta turma das casernas. O filme é sobre um homem perseguido pela ditadura. Tem sua prisão fora da lei. É torturado e assassinado. Seu corpo é tornado desaparecido e sua mulher fica sem chão com filhos para criar. Uma família foi destruída por uma ditadura militar. Este fato é necessário que se diga sempre. Depois de 60 anos do golpe de 1964, um filme brasileiro sobre a ditadura e do ponto de vista dos torturados ganha um prêmio internacional e um reconhecimento mundial. Depois de uma tentativa de mais um golpe civil/militar em 2023 e um ex-presidente na liderança e ainda sem punição merecida. Temos que guardar este dia em que "Ainda estou aqui" honrou nossa memória democrática e deixar para a memória das futuras gerações. Memória para uso diário.

📌🎬 A atriz Fernanda Torres usou as redes sociais na madrugada desta segunda-feira (3) para deixar uma mensagem após a conquista de "Ainda estou aqui", na categoria Melhor Filme Internacional do Oscar®. "Nós vamos sorrir. Sorriam", escreveu a atriz, em frase que faz referência a uma cena do longa.

Presidente Lula no Instagram

Hoje é o dia de sentir ainda mais orgulho de ser brasileiro. Orgulho do nosso cinema, dos nossos artistas e, principalmente, orgulho da nossa democracia. Eu e @janjalula estamos muito felizes assistindo tudo ao vivo.

O Oscar de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui é o reconhecimento do trabalho de Walter Salles e toda equipe, de @oficialfernandatorres e @fernandamontenegrooficial , @seltonmello , do @marcelorubenspaiva e família e todos os envolvidos nessa extraordinária obra que mostrou ao Brasil e ao mundo a importância da luta contra o autoritarismo. Parabéns! Viva o cinema brasileiro, viva Ainda Estou Aqui.
Pedro Paulo de São Paulo no grupo politica e religião no whatsapp


"Foi uma vitória que parou o Carnaval na madrugada. Parecia uma final de copa do mundo dos bons tempos. Inclusive, a Globo teve que mostrar uma aldeia do Amazonas que se preparou para essa festa, pq a Eunice Paiva é tb uma grande defensora dos povos originários. Teve que mostrar ainda, na madrugada, as comemorações e manifestações de "sem anistia". Foi muito bom."

Sen. Humberto Costa (PT) - PE
O dia em que o Carnaval do Recife parou para celebrar o cinema nacional. É lindo, é histórico, é emocionante! Viva a nossa cultura! 🏆🇧🇷🙌Vídeo: @recifeordinario

Da prefeitura de Aracaju que tem a frente uma prefeita do PL


É DO BRASIL, MINHA GENTE! 🫶🏼🇧🇷 Era o que faltava para o nosso Carnaval ficar perfeito: “Ainda Estou Aqui” foi premiado como MELHOR FILME INTERNACIONAL do Oscar 2025, em Los Angeles. É tanto orgulho que não cabe no coração! A maior vitória do povo brasileiro é poder ser tão bem representado lá fora e isso nos enche de inspiração para continuar lutando pelos nossos objetivos! Em nome de toda a cidade de Aracaju, muito obrigada 🥰🤩

Publicado no instagram AQUI

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Dilma Roussef , presidenta do Banco dos BRICS no facebook, aqui

Parabéns, @waltersalles_oficial, @oficialfernandatorres, @seltonmello e toda a equipe de @aindaestouaqui












Chico Alencar - Historiador, escritor e deputado federal (PSOL-RJ) no facebook, aqui 

QUEM GANHOU O OSCAR?

Todos nós, brasileir@s! Pois "Ainda Estou Aqui" reafirma, com arte, que nossa cultura é pujante e de valor universal. E que a memória é arma indispensável na formação da identidade de um povo, contra o autoritarismo e a mediocridade individualista. 

Esse prêmio é para todas as famílias que tiveram suas vidas atravessadas pela violência do Estado. Para quem luta por verdade, justiça e reparação. 

É também a demonstração de que nosso cinema tem força singular - tantas vezes negada, inclusive no "In Memoriam" da Academia hollywoodiana, que "esqueceu" Cacá Diegues.

Esse Oscar - que, pelas regras, é recebido pelo diretor do filme vencedor mas fica no acervo da República - vai para Fernanda Torres, Selton, elenco e a equipe inteira dirigida por Walter Salles. Todo filme só se viabiliza com imenso trabalho coletivo, da faxineira e do motorista ao diretor.

O prêmio de Melhor Filme Internacional para "Ainda Estou Aqui" é vitória da democracia,  para um país que até pouco tempo tinha um presidente que fazia o elogio da tortura - dos algozes de Eunice e Rubens Paiva! - e um (des)governo inimigo da cultura.  

(Aliás, o apresentador Conan O'Brien fez brincadeira ridícula com nosso filme, nessa linha da estupidez direitista).

O Brasil resiste. O Brasil lembra. O Brasil não se cala. O Brasil cria, reinventa a vida. Que, apesar de tudo, presta. Ditadura nunca mais!

 🇧🇷  E #SemAnistiaPraGolpista 

Celebremos!

As duas imagens abaix0 publicadas por Chico Alencar


Zé Vicente, Ceará, via whatsapp
Em 80 anos de Academia, um filme que faz arder a memória  da humanidade sobre os horrores das Ditaduras, recebe o Oscar de melhor filme estrangeiro. 
É  mais que um prêmio. 
É um alerta: Eles, os violentos estão querendo destruir o Planeta e a nossa frágil Democracia!
E nós estamos realmente Aqui, unidos e prontos pra Amar e Lutar? Parabéns ao Walter Sales, Fernanda Torres, Selton Melo e toda equipe. Vocês elevam a auto-estima do Brasil. #zevicente
Zé Vicente - Eis nós aqui de novo

A imagem abaixo republicada por Zé Vicente. A canção é escolha do editor do blog. ZdO

Walter Salles extraiu alegria dos escombros da ditadura militar com 'Ainda Estou Aqui', diz Josias. UOL São Paulo



Lua Cheia, bela canção sobre a importância da memória e bem viver, da banda 5 a seco, criada e difundida nos tristes tempos de Temer presidente e o que seguiu.


Relembrando o desconforto inicial que causou o começo do sucesso de Ainda Estou Aqui

‘Ainda Estou Aqui’ fez história ao conquistar três grandes indicações no Oscar 2025: o filme concorre nas categorias de melhor filme e melhor filme internacional. Fernanda Torres está indicada como melhor atriz.

➡️ Para @leosakamoto, a indicação pode gerar um ranger de dentes entre aqueles ao redor do mundo que tem “ranço da democracia”. Com a onda ultraconservadora e autoritária, “há tantas outras famílias Paiva”.

🗣️ No Brasil, muitos se dizem patriotas, mas torcem contra o sucesso do filme. “Não por terem assistido e não gostado. Mas por não quererem que a história nele relembrada ganhe o mundo”.


Vitória de 'Ainda Estou Aqui' causa ranger de dentes em golpistas nas redes, analisa Sakamoto









Com filme brasileiro, Oscar manda recado poderoso de defesa da democracia
Jamil Chade - Colunista do UOL, em Nova York
02/03/2025 23h57

Sob o enredo da liberdade, a premiação do Oscar ao filme brasileiro é uma resposta política enfática diante de uma ameaça real do desmonte da democracia na maior potência mundial, os EUA, assim como em tantos outros países.

Hollywood sabe de seu poder. Ao longo da história, sua produção tem tido um papel decisivo na transformação de sociedades. Sem qualquer segredo ou constrangimento, a indústria do cinema nos EUA foi uma arma da construção da ideia da "excepcionalidade" americana, com um profundo impacto numa nação que foi orientada a acreditar que tem uma suposta missão no planeta.

Também foi, com produções extraordinárias, uma plataforma para denunciar o nazismo e outros crimes.

Desta vez, o Oscar foi para a democracia, justamente quando americanos, mas também europeus, brasileiros e tantos outros descobrem que ela está sob seu maior ataque em quase cem anos.

Nos EUA, a premiação ocorre num momento de choque por parte da sociedade ao descobrir como o impensável está sendo implementado: o colapso das instituições e dos direitos fundamentais.

A mensagem do filme, portanto, ecoa. É universal e colocou no centro da sala o debate sobre o que ocorre com uma família quando a arbitrariedade do autoritarismo vinga.

E, hoje, isso dispensa tradução em línguas estrangeiras. Aquelas cenas de uma família atravessada pela suspensão das garantias mais fundamentais e do direito à vida poderiam ocorrer em qualquer lugar. Inclusive nos EUA.

Num mundo onde a extrema direita avança, onde a desinformação passou a ser um instrumento legítimo de poder e o espaço cívico encolhe, "Ainda estou aqui" é uma declaração de amor à resistência e à construção da democracia por cada um de nós.

A resistência é a insistência de Eunice Paiva em fazer com que, diante do fotógrafo, todos estejam sorrindo. Algo insuportável aos movimentos autoritários.

A resistência é o intransigente dever de memória, inclusive como homenagem a quem a perdeu.

A premiação também é um recado poderoso de que, numa democracia, a anistia não é o caminho para a paz social. No Brasil, os criminosos estão vivos, assim como a impunidade. Um dos torturadores chegou a receber 26 medalhas ao longo de sua carreira militar. O outro foi condecorado com a Medalha do Pacificador. Juntos, os responsáveis por aqueles atos custam aos cofres públicos mais de R$ 1 milhão por ano em pensões.

Nos EUA, foi Donald Trump quem anistiou mais de mil pessoas, responsáveis pelos ataques ao Capitólio e tenta apagar a data da conspiração contra a democracia americana.

Por todos esses motivos, premiar o filme brasileiro vai além da constatação de sua qualidade como arte. Antídoto à onda autoritária, ele confronta populistas, charlatães e vendedores de ilusão do século 21 ao afirmar que a democracia ainda está aqui. E que a sociedade não abrirá mão dela.

Walter Salles, ao aceitar a estatueta, resumiu ao citar a atitude de Eunice Paiva diante da ditadura: "não se dobrou".




Imprensa mundial destaca vitória de "Ainda estou aqui" no Oscar. AQUI


🔥Carnaval Sem Anistia!🔥Compilado de multidões gritando pela condenação e prisão de Bolsonaro🔥




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