Emanuel Rocha*
Neste dia especial, em que celebramos os 170 anos da capital sergipana, é impossível não olhar para Aracaju com um misto de orgulho e preocupação. Orgulho pela sua beleza única, pela riqueza de suas paisagens naturais e pela força de seu povo. Preocupação, no entanto, pela forma como tratamos um dos nossos maiores tesouros: os manguezais. Eles são mais do que ecossistemas; são a vida pulsante da cidade, berçários de espécies, protetores da costa e reguladores do clima. No entanto, sangram e agonizam sob o peso da negligência, tanto das gestões passadas quanto das atuais.
Os manguezais, que deveriam ser protegidos como patrimônio natural e cultural, são vítimas de um descaso que atravessa décadas. A expansão urbana desordenada, a poluição, o despejo de resíduos e a falta de fiscalização têm levado à destruição progressiva desses ecossistemas. Para fazer pontes, destruímos os manguezais sem o mínimo pudor, como se fossem obstáculos a serem removidos, e não fontes de vida a serem preservadas. Eles sangram com o aterramento de áreas que deveriam ser intocáveis, agonizam com a contaminação de suas águas e sofrem em silêncio com a perda de biodiversidade. Cada metro quadrado de manguezal destruído é um golpe não apenas na natureza, mas na própria identidade de Aracaju, que tem sua história e sua sobrevivência intimamente ligadas a esses ambientes.
As gestões passadas deixaram um legado de omissão e irresponsabilidade ambiental, permitindo que os manguezais fossem tratados como áreas descartáveis, em nome de um suposto "progresso". Infelizmente, as gestões atuais parecem seguir o mesmo caminho, sem ações concretas e efetivas para reverter esse cenário. A falta de políticas públicas consistentes, de investimentos em preservação e de educação ambiental faz com que os manguezais continuem a ser vítimas de uma visão curta e predatória, que ignora o valor imensurável desses ecossistemas.
Continua
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