https://sairdainercia.blogspot.com/2025/03/reacao-contra-anistia-vacila.html
Já não somos mais os mesmos, como dizia Belchior. Me refiro à capacidade de convocar participantes a atos públicos. Tenho repetido que precisamos ir às ruas para marcar nossa posição contra a anistia. O deputado Guilherme Boulos deu um passo à frente e fez uma convocação para o próximo domingo (30): NÃO à anistia e SIM à prisão de Bolsonaro. Também extensiva ao 1° de abril, que deflagrou os 21 anos de ditadura militar.
Só ontem – portanto a quatro dias do evento -, encontrei algum serviço no site Brasil de Fato sobre o ato. Há convocações para todo o país. Porém, fiquei pasma com a decisão: no Rio haverá três encontros, todos às 10h30. No Aterro (sequer há um ponto definido, já que o parque é gigante), Feira da Glória e República (será o museu?). Parecem ter sido projetadas para esvaziar...Já, em São Paulo, a concentração ocorre às 13h, na Praça Oswaldo Cruz, na Paulista, perto do metrô da Brigadeiro, e às 14h segue em caminhada até o antigo Doi-Codi.
Ontem, por sinal, participei do ato “Ocupa Rubens Paiva, Tortura Nunca Mais”, na Tijuca, estrategicamente convocada para a Praça Lamartine Babo, em frente ao Doi-Codi. Eram cerca de 300 participantes, no auge da concentração (foto), com muitas bandeiras do PCdoB – o grupo político mais atingido pela ditadura militar.
O palco e as cadeiras foram montadas perto do busto de Rubens Paiva (abaixo), que morreu ali em frente, como outros milhares de militantes que lutavam pela volta da democracia.
Muita gente falou. Vera, a filha de Rubens e Eunice, justificou sua ausência por estar dando aulas na universidade, enquanto Marcelo lançava seu livro – que deu origem ao premiado “Ainda estou aqui” – na Europa. O deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ) era um dos presentes, e me disse: “É importante voltarmos às ruas, para disputar com a memória da ditadura”. Ele não participou da organização do ato de domingo, mas soube que os responsáveis preferiram investir todas as fichas em São Paulo.
Entre os palestrantes ecoaram alguns recados: “o fascismo não desaparece”, ou, a proposta de transformar aquela sede do Doi-Codi em Museu da Memória da Tortura Nunca Mais. E, entre uma maioria de cabeças brancas, a faixa “Por memória, verdade e Justiça – onde estão Rubens Paiva e os 210 desaparecidos da ditadura?” remetia a velhos tempos em que as redes sociais ainda não substituíam a presença física.
Me parece que a esquerda – temporariamente saciada pela cassação de deputados bolsonaristas e pela transformação do ex-presidente e dos sete mais influentes golpistas em réus – está de salto alto. Assim como as forças progressistas. Já tive uma amostra desse espírito nos primeiros atos contra o governo Bolsonaro, no pós-pandemia.
Nessa toada, vamos precisar de muita sorte para não sucumbir à voracidade transnacional da extrema direita...
Para quem chegou até aqui e quiser entender o porquê das dificuldades da esquerda atrair mais pessoas nas manifestações de rua, recomendamos a leitura de Gavin Adams em Outras Palavras.
https://outraspalavras.net/gavinadams/?s=+Gavin+Adams
Atualização em 31/03/2025
MANIFESTAÇÕES DA ESQUERDA POR "SEM ANISTIA": FLOP OU SUCESSO? | PLANTÃO
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